terça-feira, 28 de julho de 2009

Odeio São Paulo




Ciro Gomes: exemplo mais chocante de desprezo por São Paulo sendo levado a sério como alternativa para governar... São Paulo!


á mais de uma década atrás, um slogan como “Amo São Paulo” teria servido a seus propósitos nas campanhas eleitorais de Paulo Maluf. Era natural se pensar que, para administrar uma cidade, o político que fosse deveria nutrir alguma simpatia pelo local. Mas isso faz parte do passado. “Odeio SP” pode ser o novo grito de ordem, o slogan do momento.
Hoje, uma liderança como a de Maluf se perdeu em meio a uma tempestade de escândalos e denúncias. Seu partido vota com Lula e seu eleitorado não tem mais “representação”. O Brasil deve ser o único país do mundo onde há eleitores sem candidatos, quando o normal seria o contrário.
As inovações, entretanto, parecem não acabar por aí. A verdadeira “ameaça” representada pela possibilidade de Ciro Gomes concorrer em 2010 ao governo de São Paulo dá exata noção do espetáculo de escárnio e jogo de bastidores que envolvem a atual política eleitoral.

Ciro Gomes jamais escondeu sua “antipatia”, para usar a mais leve das expressões, por São Paulo e tudo que o estado representa. Se o Brasil fosse um espelho do planeta, São Paulo seria os EUA: sua porção mais rica, que mais contribui com tributos, que mais recebe gente de fora e que mais dá oportunidade de trabalho e enriquecimento. E, ao mesmo tempo, o lugar mais odiado, mais patrulhado. Se um brasileiro qualquer fala bem de seu estado, ele é “regionalista”. Se um paulista o faz, ele é “bairrista”. São Paulo tem de dar conta de quase metade do PIB, mas não pode sequer levantar a bandeira de “eleger um presidente por ser paulista”. Um paulista pode ser presidente se deixar sua naturalidade de lado. Pode sê-lo, apesar do fato. E ai de quem ousar falar em preservar as tradições culturais do estado: será tratado como criminoso, preconceituoso, reacionário, e daí para baixo.

Além da piada de mau gosto representada pela possibilidade, sobrevêm 2 fatos ainda mais preocupantes: o primeiro é o susto que se toma ao saber que pelo menos 18% dos moradores do estado votariam em um candidato que não gosta de São Paulo para ser seu governador. Tal constatação suscita duas perguntas: 1-as pessoas que votariam em Ciro Gomes o fariam por amor a São Paulo, ou também por ódio? E 2-até quando permitiremos (ou melhor, obrigaremos) que pessoas sem qualquer noção do que se passa a sua volta votem, quando é absolutamente nítido que uma parcela significativa dos brasileiros não tem o necessário “interesse” (novamente, escolhendo bem as palavras) para determinar os governantes mais adequados?

O segundo fato está diretamente relacionado com a possibilidade de, num futuro próximo, um estado como São Paulo vir a eleger um político que não tem qualquer identificação com o lugar ou seus habitantes, a despeito de ter nascido aqui. Uma má administração de um orçamento gigantesco como o paulista poderia provocar um desastre de imensas proporções: apertar o regime fiscal (provocando a fuga em massa de investimentos) e afrouxar as políticas de segurança pública (aumentando o medo e o clima de insegurança) teriam efeitos devastadores sobre a vida dos paulistas e seu ânimo em protestar ou esboçar qualquer reação frente a desmandos vindos de cima. (Convém lembrar que, em alguns países como Bolívia e Equador, a resistência à tirania dos governos centrais tem adquirido caráter fortemente regional, distrital ou estadual).

Os boatos dessa candidatura geram desconfiança e algum temor não de todo infundado. A quem interessaria eleger um político que não gosta do lugar que pretende governar? Que tipo de desencadeamento político e social pode ser esperado? Quem acha todo esse panorama impossível de se confirmar deve atentar ao fato de que, há 20 anos, seria um absurdo se imaginar um presidente da República com domínio mínimo da língua portuguesa e sem profissão definida; há 5 anos, quem pensaria numa ex-guerrilheira sem nenhum carisma como forte candidata a esse mesmo cargo?

O pior não tem fim, e no Brasil o ruim de ontem é o possível de hoje e a certeza de amanhã. É bom os paulistas (nascidos no estado ou em qualquer outro lugar, mas que vivem, trabalham e têm suas famílias em São Paulo) começarem a abrir os olhos.

Há mais de uma década atrás, um slogan como “Amo São Paulo” teria servido a seus propósitos nas campanhas eleitorais de Paulo Maluf. Era natural se pensar que, para administrar uma cidade, o político que fosse deveria nutrir alguma simpatia pelo local. Mas isso faz parte do passado. “Odeio SP” pode ser o novo grito de ordem, o slogan do momento.
Hoje, uma liderança como a de Maluf se perdeu em meio a uma tempestade de escândalos e denúncias. Seu partido vota com Lula e seu eleitorado não tem mais “representação”. O Brasil deve ser o único país do mundo onde há eleitores sem candidatos, quando o normal seria o contrário.
As inovações, entretanto, parecem não acabar por aí. A verdadeira “ameaça” representada pela possibilidade de Ciro Gomes concorrer em 2010 ao governo de São Paulo dá exata noção do espetáculo de escárnio e jogo de bastidores que envolvem a atual política eleitoral.

Ciro Gomes jamais escondeu sua “antipatia”, para usar a mais leve das expressões, por São Paulo e tudo que o estado representa. Se o Brasil fosse um espelho do planeta, São Paulo seria os EUA: sua porção mais rica, que mais contribui com tributos, que mais recebe gente de fora e que mais dá oportunidade de trabalho e enriquecimento. E, ao mesmo tempo, o lugar mais odiado, mais patrulhado. Se um brasileiro qualquer fala bem de seu estado, ele é “regionalista”. Se um paulista o faz, ele é “bairrista”. São Paulo tem de dar conta de quase metade do PIB, mas não pode sequer levantar a bandeira de “eleger um presidente por ser paulista”. Um paulista pode ser presidente se deixar sua naturalidade de lado. Pode sê-lo, apesar do fato. E ai de quem ousar falar em preservar as tradições culturais do estado: será tratado como criminoso, preconceituoso, reacionário, e daí para baixo.

Além da piada de mau gosto representada pela possibilidade, sobrevêm 2 fatos ainda mais preocupantes: o primeiro é o susto que se toma ao saber que pelo menos 18% dos moradores do estado votariam em um candidato que não gosta de São Paulo para ser seu governador. Tal constatação suscita duas perguntas: 1-as pessoas que votariam em Ciro Gomes o fariam por amor a São Paulo, ou também por ódio? E 2-até quando permitiremos (ou melhor, obrigaremos) que pessoas sem qualquer noção do que se passa a sua volta votem, quando é absolutamente nítido que uma parcela significativa dos brasileiros não tem o necessário “interesse” (novamente, escolhendo bem as palavras) para determinar os governantes mais adequados?

O segundo fato está diretamente relacionado com a possibilidade de, num futuro próximo, um estado como São Paulo vir a eleger um político que não tem qualquer identificação com o lugar ou seus habitantes, a despeito de ter nascido aqui. Uma má administração de um orçamento gigantesco como o paulista poderia provocar um desastre de imensas proporções: apertar o regime fiscal (provocando a fuga em massa de investimentos) e afrouxar as políticas de segurança pública (aumentando o medo e o clima de insegurança) teriam efeitos devastadores sobre a vida dos paulistas e seu ânimo em protestar ou esboçar qualquer reação frente a desmandos vindos de cima. (Convém lembrar que, em alguns países como Bolívia e Equador, a resistência à tirania dos governos centrais tem adquirido caráter fortemente regional, distrital ou estadual).

Os boatos dessa candidatura geram desconfiança e algum temor não de todo infundado. A quem interessaria eleger um político que não gosta do lugar que pretende governar? Que tipo de desencadeamento político e social pode ser esperado? Quem acha todo esse panorama impossível de se confirmar deve atentar ao fato de que, há 20 anos, seria um absurdo se imaginar um presidente da República com domínio mínimo da língua portuguesa e sem profissão definida; há 5 anos, quem pensaria numa ex-guerrilheira sem nenhum carisma como forte candidata a esse mesmo cargo?

O pior não tem fim, e no Brasil o ruim de ontem é o possível de hoje e a certeza de amanhã. É bom os paulistas (nascidos no estado ou em qualquer outro lugar, mas que vivem, trabalham e têm suas famílias em São Paulo) começarem a abrir os olhos.

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