terça-feira, 14 de julho de 2009

China: líder uigur pede apoio aos EUA

Jornal do Brasil
DA REDAÇÃO - A presidente do Congresso Mundial Uigur, Rebiya Kadeer, pediu domingo que os Estados Unidos se comprometam na defesa da etnia muçulmana uigur, envolvida nos recentes conflitos que deixaram pelo menos 184 mortos em Urumqi, na Província de Xinjiang, no noroeste da China. Um novo saldo divulgado pelo governo chinês revela que o número de pessoas feridas durante a repressão das forças de segurança aos protestos de chineses uigur na semana passada subiu para 1.680 – um aumento de quase 600 novos casos.
Nos EUA, onde está em exílio desde 2005, Rebiya afirmou, em entrevista à revista alemã Focus, que Washington “já se pronunciou com firmeza a favor do Tibete, agora deveria fazer o mesmo pelos uigures”. Rebiya e o movimento que lidera foram responsabilizados por Pequim pelos distúrbios, os piores desde 1949, segundo o próprio governo.
A ex-empresária uigur nega qualquer relação com os incidentes e afirma que um “sinal claro” de Washington à China seria a abertura de um consulado americano na região autônoma de Xinjiang, de maioria uigur.
– Eu não tenho absolutamente nada a ver com esses protestos. A única culpada é a política de repressão da China. As pessoas estão cansadas de ser oprimidas – sustentou Rebiya, indicada várias vezes ao Prêmio Nobel da Paz.
Segundo ela, o povo uigur quer “liberdade e autodeterminação” e está disposto a “dialogar” com o governo chinês.
Sob forte vigilância das tropas de segurança, os moradores de Urumqi começaram a retomar a rotina domingo nos bairros uigures. As lojas abriram e o trânsito intenso retornou às ruas da capital.
– Parece que estamos voltando ao normal agora, mas eu sinto que vai haver mais problemas – disse Xia Lihai, um vendedor chinês han.
Um incêndio em uma refinaria operada pela PetroChina foi controlado na manhã de domingo, e a polícia não descarta um ataque premeditado. A explosão aconteceu na refinaria da Corporação Nacional de Petróleo da China, a maior petrolífera nacional, no distrito de Midong, no norte de Urumqi.
Apoio
A Organização para a Cooperação de Xangai (SCO), mostrou seu apoio à China nos distúrbios de Xinjiang, região que compartilha fronteira com vários dos Estados-membros. Com sede central em Pequim, a SCO é formada por China, Rússia, Tadjiquistão, Uzbequistão, Quirguistão e Cazaquistão.
A organização foi fundada em 2001 em Xangai para aumentar os intercâmbios e a cooperação entre China, Rússia e os países de Ásia Central, especialmente em matéria de segurança e defesa.
Em comunicado assinado pelo secretário-geral da organização, o cazaque Bolat Nurgaliev, a SCO assegurou que “as medidas que o governo chinês está adotando, de acordo com a lei, restaurarão a paz e a ordem na região”.
Nurgaliev assegurou que após os distúrbios, a SCO aumentará a cooperação entre os países-membros para “combater o terrorismo, o separatismo, o extremismo e o crime organizado transnacional”.
O comunicado da SCO assegura que a região de Xinjiang é “uma parte inalienável da República Popular da China” e seus problemas são “puramente assuntos internos da China”.
Os confrontos do dia 5 de julho começaram com a repressão das forças de segurança aos protestos de uigures. O grupo de uigures, minoria muçulmana na China, protestava contra o governo chinês por ter ocultado o linchamento de uigures em 26 de junho em uma fábrica de brinquedos da Província de Cantão, no sul do país – incidente no qual morreram duas pessoas e que foi o estopim para a escalada de violência.
As minorias há muito se queixam que membros da etnia han colhem a maioria dos benefícios dos investimentos e dos subsídios oficiais, enquanto fazem com que os moradores locais sintam-se como estrangeiros.
21:45 - 12/07/2009

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