segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Paulo Maluf faz 80 anos!

Veja abaixo a entrevista completo com o político feita pelo UOL e publicada no blog Corrente dos Malufistas Pró São Paulo

UOL Notícias - O senhor se arrepende de alguma coisa que fez na sua vida política?
Paulo Maluf - Só me arrependo do que eu ainda não fiz. Tudo que fiz deu certo. Fui criticado e até processado quando construí o aeroporto de Guarulhos. O aeroporto está aí, ficou pequeno, estão até fazendo um puxadinho, e por uma feliz coincidência deram o nome do aeroporto de André Franco Montoro, que foi contra a construção e me processou. Mas está tudo certo. Cada um na vida tem uma visão. Eu tinha visão que tinha petróleo na Bacia de Santos, e quando criei a Paulipetro fui processado. Hoje, o Lula diz aos quatro ventos que o pré-sal vai dar a maior riqueza para o Brasil. Quando construí a rodoviária, diziam também que eu tinha sonhos faraônicos, que eu era o faraó. Hoje ela ficou tão pequena que tiveram que construir mais três. Quando construí o Metrô de São Paulo, em 1969, também fizeram críticas de que não precisava. O mesmo aconteceu com [as rodovias] Imigrantes, Trabalhadores [atual Ayrton Senna], com as avenidas Brigadeiro Faria Lima, Jacu Pêssego, Águas Espraiadas, com o Minhocão [elevado Costa e Silva]... E quais as grandes obras que estão sendo feitas hoje em São Paulo? Faz o seguinte, esquece o Paulo Maluf, toma dez táxis e faz uma pesquisa para saber quem mais trabalhou em São Paulo.

UOL Notícias - Deixando de lado as obras, não há mais nada na sua carreira que o senhor se arrependa, como ter trabalhado no governo militar ou ter apadrinhado Celso Pitta?
Paulo Maluf - Em primeiro lugar, não participei do governo militar, isso é uma mentira histórica. Quem primeiro desafiou o governo militar foi o Paulo Maluf, quando Laudo Natel foi indicado por Geisel e Figueiredo para ser governador de São Paulo, e eu desafiei o governo militar. Enfrentei o AI-5 (Ato Institucional Nº. 5) e toda sorte de maldades, que inclusive resultaram, durante a campanha, na morte do meu sogro, que com certeza foi consequência das agressões que sofri. Mas eu fui um governador que me elegi pelo meu partido [o Arena], não pelo regime militar.
Segundo lugar, quando fui candidato à Presidência da República, o candidato do regime militar era o coronel Mário Andreazza, que merecia ser presidente, era um homem de bem, honrado, que fez muito pelo país, mas quem derrotou o coronel? Foi Paulo Maluf. E por que Tancredo tomou posse? Porque eu não conspirei. Segui as regras do jogo. Ele venceu, venceu. Quem pregou uma peça na turma das Diretas Já foi Deus. Eles compraram o Tancredo e levaram o presidente nacional do PDS, que era o José Sarney.

UOL Noticias - Qual imagem o senhor acha que o povo brasileiro tem do Paulo Maluf?
Paulo Maluf - Eu tive diversas eleições na minha vida. Ganhei umas, perdi outras. Nas três vezes que fui candidato a deputado, em duas fui o mais votado do Brasil. Na última não aconteceu isso porque na antevéspera da eleição, o presidente do TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) foi ao Jornal Nacional e disse: ao votar em candidato impugnado, o voto é nulo. Não sei quantos votos eu perdi nesse dia, mas não me importo. Fui eleito. Depois se verificou que a minha impugnação não tinha base legal. O colegiado me inocentou. Mas eu não reclamo, sabe por quê? Estou casado com uma boa mulher, a Sylvia, que me acompanha nas minhas felicidades e tristezas há 56 anos; tenho quatro filhos estupendos, que saem de casa para o trabalho, do trabalho para casa; tenho 13 netos; a minha empresa Eucatex vai muito bem; em Brasília sou muito respeitado. Então eu acho que se tem no Brasil 192 milhões de brasileiros, com toda a certeza Deus deu para um milhão uma vida generosa, como deu para mim. E quem sabe deu para 191 milhões uma vida pior. Tenho que agradecer a Deus, que foi muito generoso comigo.

UOL Notícias - E pelos paulistanos, o senhor acha que é mais amado ou mais odiado?
Paulo Maluf - Muito mais amado. Todas as pesquisas que o Datafolha fez, a cara de São Paulo é o Paulo Maluf, na frente de Silvio Santos e Hebe Camargo. Entre os políticos, eu acho que não tem ninguém, ninguém que tenha feito pela cidade de São Paulo 10% do que eu fiz. Eu fiz seguramente dez vezes mais do que qualquer outro administrador.

UOL Notícias - O senhor gozava de alta popularidade aqui em São Paulo, tanto que conseguiu eleger o Pitta com folga. O que explica nunca mais ter ganhado uma eleição para um cargo executivo?
Paulo Maluf - São Paulo deu uma demonstração rara de que não tem preconceito. Isso é raro no mundo inteiro. Elegeu um carioca e negro como prefeito. Se ele não entendeu o momento histórico, é triste. Eu jamais iria falar mal dele, até porque ele está morto, não pode se defender. Se ele não entendeu o problema histórico, eu fiz minha parte, empenhei o meu prestígio para um negro ser prefeito de São Paulo. A vida é assim. Na vida o que não pode é ficar em cima do muro. É a posição mais desconfortável do político, de equilibrista em cima do muro. Se errei, foi por ação, jamais por omissão.

UOL Notícias - O que representou para o senhor o episódio de sua prisão, em 2005, na sede da Polícia Federal? O senhor se sentiu humilhado?
Paulo Maluf - Eu me senti com a alma lavada quando o STF (Supremo Tribunal Federal) reconheceu que não tinha base legal, nem jurídica para a prisão. Não havia condenação. Moro na mesma casa, não sou fugitivo da Justiça. Era só me convocar para depor. A prisão foi um ato arbitrário, porque a prisão, na minha visão, tem de ser feita depois da condenação. O Supremo lavou minha alma. Eu não fui preso, fui solto.

UOL Notícias - Como o senhor vê as denúncias recentes de corrupção nos ministérios?
Paulo Maluf - Eu não gosto de julgar os outros, porque eu também fui acusado de maneira errônea, preconceituosa e falsa. Tenho 44 anos de vida pública, e o que importa é o seguinte: não são as acusações, é a decisão final da Justiça. Não tenho uma condenação sequer penal. Só muita acusação falsa. Por exemplo, eu prometi em 1970, antes da conquista do Tricampeonato, um Fusca para cada campeão. Eles trouxeram o campeonato e eu cumpri. Dei um fusquinha para o Pelé, Rivellino, Carlos Alberto, Leão, Tostão... E fui processado. Durante 30 anos de campanha eleitoral, disseram 'Maluf está sendo processado por improbidade', como se os Fuscas estivessem na minha garagem! Estavam na garagem do Pelé, Rivellino e todos eles. Daí o Supremo me inocentou. Alguém falou disso? Eu não jogo pedra em ninguém. Agora, se tem indício de corrupção, tem que investigar até o fim, doa a quem doer. Sou contra jogar debaixo do tapete.

UOL Notícias - O senhor votou a favor ou contra a cassação da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF)?
Paulo Maluf - Se eu votasse a favor ou contra, não revelaria porque a Constituição é clara: o voto é sigiloso. Eu não quero julgar se ela cometeu ou não cometeu crimes.

UOL Notícias - Quais são os planos para o futuro? O senhor pretende se candidatar para quais cargos?
Paulo Maluf - Eu gosto da vida pública. Entendo que o tempo vai passando, uma campanha majoritária é desgastante, vou fazer 80 anos... Se continuar tudo como está, se hoje fosse a primeira semana de outubro de 2014, eu votaria em Geraldo Alckmin, que está fazendo um bom governo. Agora, para 2012, preciso saber quem serão os candidatos. Para eu apoiar, ou fazer uma coligação, ou então ser candidato.

UOL Notícias - Então o senhor não descarta a hipótese de se candidatar à prefeitura em 2012?
Paulo Maluf - Não digo que sou candidato, nem que não sou. Temos que ver o andar da carruagem. Entre os candidatos que estão se apresentando, alguns são fracos. Podem até ser fortes no futuro, mas não foram aprovados, nem testados. Me reservo ou a ser candidato, ou a fazer a coligação para apoiar alguém. Mas, em 2014, pelo andar da carruagem, se tudo acontecer como hoje, eu voto em Geraldo Alckmin, e o meu partido vai junto.

UOL Notícias - Mesmo se ele for candidato à presidência?
Paulo Maluf - Não acredito que ele seja, porque é um homem de bom senso. Pelo cenário de hoje, a candidata [favorita para 2014] é a Dilma. Não adianta especular algo diferente. Ela é a presidente da República. Agora, vamos admitir, por exemplo, que caísse um avião com a Dilma – não quero admitir essa hipótese. Tem o Lula ainda. Acho que o Alckmin, que é um homem bastante inteligente, se eu pudesse aconselhá-lo, diria 'governador, se reserve para 2018'.

UOL Notícias - O senhor é um homem de declarações muito polêmicas...
Paulo Maluf - Polêmicas não, sinceras... Sou o único político que pensa e diz o que pensa. Agora, está cheio de político hipócrita, cínico, que olha para o jornalista e tenta adivinhar o que o ele quer ouvir de resposta. Eu dou as minhas respostas. Não tenho arrependimento de nenhuma declaração. Gosto de todas que eu disse.

UOL Notícias - A opinião de Maluf sobre:
Lula
Fez um bom governo, acima das expectativas. Como ele não é um homem de grandes letras, a desconfiança era tanta que o dólar foi de R$ 2 para R$ 3,90. Não fui eu quem desconfiei [do Lula]. Foi a torcida do Corinthians, Flamengo, Palmeiras, Santos, juntas. Mas ele foi uma grata surpresa.

Kassab
É um engenheiro da Escola Politécnica que está fazendo uma boa gestão.

Protógenes Queiroz
Não falo.

Pitta
Está em outro mundo. Não devemos em absoluto fazer nenhum tipo de comentário quando alguém se foi.

Marta
O que tinha de falar dela já falei durante as campanhas eleitorais.

Serra
Foi um bom administrador, como prefeito, ministro da Saúde e governador de São Paulo. Tem personalidade. O que ele fez, ao criar os genéricos, está ajudando muita gente no país. Eu, por exemplo, que tomo Lipitor, contra colesterol, que caiu em domínio público, estou comprando genérico, que é a metade do preço.

Ditadura militar
Acho que não houve uma ditadura militar, porque se tivesse havido ditadura eu não seria governador. Fui governador contra o regime militar, que é diferente. E posso lhe dizer o seguinte: o que existe hoje na Câmara dos Deputados, de Medidas Provisórias, que são engolidas goela abaixo de toda a Casa, é muito mais antidemocrático do que os decretos e leis dos militares. Hoje quem legisla é o Executivo.

Corrupção no Brasil
A coisa mais anticorrupção é a imprensa livre. Eu sempre fui o maior defensor da imprensa livre desse país, mesmo quando era agredido injustamente.

UOL Notícias - Gostaria de dizer mais alguma coisa?
Paulo Maluf - Quero o seu voto em 2012 ou em 2014.


***
A História ainda há de confirmar que Paulo Maluf foi o maior político de SP dos últimos 30 anos.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Movimento separatista Paulista MRSP realiza caminhada em homenagem aos heróis da Revolução de 1932 com grande sucesso

No último sábado, dia 9 de Julho de 2011, feriado em todo o Estado de São Paulo, membros e simpatizantes do movimento MRSP (Movimento República de São Paulo) realizaram uma caminhada que teve as expectativas dos organizadores superadas.

Mais de 50 pessoas compareceram ao vão livre do MASP na Avenida Paulista, marco inicial da caminhada, que contou ainda com o amparo da Polícia Militar, que fez o acompanhamento dos manifestantes pela Paulista e Brigadeiro Luís Antônio até o Parque do Ibirapuera, onde o desfile e o cerimonial foram realizados.

Estiveram juntos a todos os momentos da caminhada uma equipe de TV do Canal Brasil, que gravou imagens e depoimentos de membros do MRSP, para a realização de um documentário que deverá passar neste mesmo canal ainda no mês de outubro.

Os manifestantes saíram do Museu de Arte de São Paulo (Masp) na Avenida Paulista. Foto: Pedro Ferreira/Futura Press Os manifestantes saíram do Museu de Arte de São Paulo (Masp) na Avenida Paulista
Foto: Pedro Ferreira/Futura Press/Terra


Ainda foi destaque em importantes portais de notícias do Brasil como o Terra e o G1 das Organizações Globo.

A manifestação foi marcada mais uma vez pelo espírito de civismo, patriotismo e ordem pública, na defesa dos interesses políticos, econômicos, sociais e culturais do povo paulista e do Estado de São Paulo.


MRSP se encontrou no van do Masp na manhã deste sábado. (Foto: André Luís Nery/G1)MRSP se encontrou no van do Masp na manhã deste sábado. (Foto: André Luís Nery/G1)


Escrito por Júlio Bueno, que participou de toda a caminhada.

domingo, 3 de julho de 2011

Rússia diz que enviará tropas à região do Ártico

Derretimento de gelo no Ártico (BBC)
Região concentra reservas inexploradas de recursos minerais

O Ministério da Defesa da Rússia afirmou nesta sexta-feira que o país planeja criar duas brigadas militares especializadas para a região do Ártico, local que tende a se tornar um polo de disputa regional.
O anúncio ocorre um dia depois de o premiê russo, Vladimir Putin, ter dito que a Rússia pretende “expandir sua presença no Ártico” e defender “forte e persistentemente” seus interesses na região.
Com o derretimento de geleiras no Polo Norte, diversos países – como Estados Unidos, Dinamarca, Canadá e Noruega – têm reclamado soberania sobre partes do Ártico, onde acredita-se que haja significativas reservas inexploradas de petróleo e gás.
Putin destacou que está “aberto ao diálogo com os parceiros estrangeiros, com nossos vizinhos do Ártico”, mas que vai defender seus próprios “interesses geopolíticos”.
Segundo o ministro russo da Defesa, Anatoly Serdyukov, disse à imprensa estatal, a Rússia está agora avaliando detalhes sobre as brigadas, como número de soldados, tipos de armas que serão usadas e onde serão suas bases.
O correspondente da BBC em Moscou, Daniel Sandford, disse que os planos russos de enviar tropas ao Ártico ainda parecem estar em estágio inicial, ainda que relatos anteriores citassem apenas o envio de uma brigada, em vez de duas.

Dinamarca
Em maio passado, o governo da Dinamarca revelou planos de reivindicar uma grande área localizada no oceano Ártico.
"Esperamos que a Dinamarca consiga ser bem-sucedida na reivindicação de uma área que, entre outras coisas, inclui o Polo Norte", disse a ministra das Relações Exteriores dinamarquesa, Lene Espersen, em comunicado.
Além de recursos minerais, o derretimento do gelo no Ártico vai viabilizar novas rotas comerciais para navios e locais de pesca.

FONTE: BBC

COMUNIDADE DAS REPÚBLICAS INDEPENDENTES DO BRASIL

Republico aqui uma entrevista realizada por Celso Deucher no blog Diário Sul livre.
COMUNIDADE DAS REPÚBLICAS INDEPENDENTES DO BRASIL

Em livro “Comunidade das Repúblicas Independentes do Brasil – CORE”, editado pela PANNARTZ, do engenheiro paulista Braz Juliano vem agitando os meios culturais e políticos do País. Baseado em teoria científica e em dados que comprovam as suas teses, ele propõe nada menos que a divisão do Brasil em quatro nações independentes, formando o que ele chama de Comunidade de Repúblicas Independentes do Brasil, título de seu livro, ao qual acrescenta: ‘’Ensaio de Engenharia Política’’. Essa divisão, segundo ele, baseia-se em fatores econômicos, geográficos, biológicos, políticos e culturais. Abaixo publicamos uma breve entrevista com o autor.
DIÁRIO SUL LIVRE – O título de seu livro lembra a Comunidade Britânica de Nações e, mais recente, a CEI, – Comunidade de Estados Independentes. O que levou a propor esse assunto tão explosivo?
BRAZ JULIANO – Uma convicção lastreada em 40 anos de estudos muito sérios, dentro e fora do Brasil. Mas, também, a constatação de que o Sul do Brasil vem sendo odiosamente discriminado, particularmente São Paulo. Basta lembrar que a representação de São Paulo na câmara federal foi reduzida, apesar do que manda a constituição de 88. Agora, temos a estranha situação de um eleitor de Roraima (Estado com pouco mais de cem mil habitantes) vale tanto quanto trinta e três eleitores de São Paulo. Em outras palavras: o voto de um eleitor de meu estado vale apenas 1/33 do voto de um eleitor de Roraima. A Constituição garante que ‘’todos são iguais perante a lei’’ e que o ‘’voto terá o mesmo valor para todos’’. Não é assim que acontece.
DSL – A separação que o senhor propõe, então, visa ao benefício do Brasil?
BJ – sem dúvida. A CORE não vem só corrigir essa intolerável discriminação contra os Estados do Sul, mas ela se justifica pelos ensinamentos de renomados sociólogos, como Alberto Salles, Torres e Euclides da Cunha. Eu demonstro com apoio em fatos e em estudo profundo das civilizações antigas e novas que não se pode resolver os graves problemas regionais do Brasil, com seu imenso território, usando as mesmas soluções políticas para todos os Estado, tão diferentes entre si. Se não existe um tipo brasileiro, mas vários, numa unidade que se fragmenta em meios, costumes, populações e possibilidades de progressos tão diferentes, é inviável promulgar-se a mesma Constituição para regiões e indivíduos dispares. É exatamente por isso que o Brasil vive em permanente crise institucional. Veja o caso do salário mínimo, que abre frente de lutas diversas, pois será bem-vindo num Estado rico, mas será a desgraça dos Estados pobres, se não for regionalizado. Fatos como esse corriqueiro na vida política, prova que o Brasil já são vários brasis, separados por diferentes níveis de civilização e de progresso.
DSL – Pelo que o senhor disse, sua proposta já tem precendente no Brasil?
BJ – Sim, inspirei-me principalmente no livro ‘’A Pátria Paulista’’, de Alberto Salles, publicado em 1887. Ele era irmão de Campos Salles, que presidiu a República de 1898 a 1902. Alberto Salles foi um grande propagandista da República e do famoso PRP – Partido Republicano paulista. Seu livro consta de três partes: ‘’O Separatismo em Face da Ciência’’; e ‘’Confronto do Separatismo com a Nacionalidade’’. Mas eu tenho um presente para os meus leitores: como se trata de livro raro eu inclui como apêndice do meu. ‘’A Pátria Paulista’’ foi escrito há 105 anos, mas é de impressionante atualidade. Veja o que ele diz, em 18887: ’’Quem dá mais do que recebe, quem paga mais do que deve, é roubado. Eis as verdades que acharam moradia nos raciocínios do contribuinte paulista, após a publicação de dados oficiais concernentes à renda da Província. O comerciante diz hoje (em 1887, não confundir com 1992) o que não murmurava ontem: eu pago três vezes mais imposto do que deveria pagar. Se São Paulo fosse independente, eu deixaria fortuna e prepararia meus filhos contra a possibilidade de miséria. Que Estado rico e florescente não seria São Paulo, se em proveito fossem aplicados os dezessete mil contos que anualmente desaparecem na voragem imperial?’’ O excesso de impostos, graçando as indústrias paulistas, levando o cidadão comum à miséria, enquanto os escândalos se sucedem na Corte, isso é coisa que persiste até hoje…
DSL – O senhor diz em seu livro que o clima também é um fator que ajuda na sua separação dos Brasil em quatro países?
BJ – Sim, que o desenvolvimento humano tem íntima relação com o clima e eu provo, com a própria História, que as nações mais desenvolvidas sempre estiveram entre os 30 e os 60 graus de latitude norte e que nunca houve uma grande civilização nos trópicos. Nisso tem razão no determinismo geográfico de Friedrich Ratzel, geógrafo e sociólogo alemão, que afirma que o homem é integralmente produto do meio e que tudo lhe é determinado pelo clima. Isto não é difícil de comprovar: qualquer pessoa, de boa instrução, cosultando um mapa-múndi, descobrirá entre os 30 e 60 graus de latitude norte, longe do clima tropical, portanto, as grandes civilizações do passado e as do presente. Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Itália, Grã-bretanha e Canadá, os sete países mais ricos e desenvolvidos aí se encontram hoje.
DSL – Quais são estas quatro nações diferentes, mas federada na CORE – Comunidades das Repúblicas Independentes do Brasil, que o senhor proprõe e que estados fariam parte delas?
BJ – Será preciso que o leitor leia o meu livro, para conhecer as sólidas razões e argumentos científicos que me levam a essa proposta, que espero seja discutida em alto nível. As quatro Repúblicas Independentes seriam:
1ª – República do Brasil Norte: incluindo os atuais Estados do Acre, Amapá, Mato Grosso, amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins;
2ª – República do Brasil Nordeste: Incluindo Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe;
3ª – República do Brasil Sudeste: Incluindo Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro;
4ª – República do Brasil Sul: Incluindo Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, e São Paulo.

Isso é o que eu vejo já há bastante tempo,uma confederação.

"A Suruba com mais Estados"

09 de junho de 2011
Sérgio Alves de Oliveira*

A criação de novos estados, abusivamente utilizada na Ditadura 64, e agora incrementada no petismo, sem dúvida é uma técnica preconizada por Maquiavel, considerado criador da ciência política moderna. A ditadura fê-lo em áreas geográficas onde tinha certeza que elegeria seus candidatos e capangas para a Câmara e Senado. Depois de muitos anos a oposição da época conseguiu chegar ao poder e passou a utilizar a mesma técnica para tentar se perpetuar no poder. Certamente aproveitaram bem as lições “maquiavélicas”, repetindo-as, sem qualquer originalidade, agora.

Além disso, a  nefasta ação governamental fortalece o único setor do mercado de trabalho que jamais tangenciou qualquer crise, tanto em número de vagas novas criadas (deputados, senadores, governadores, secretários, etc.), como no aspecto remuneratório “nababesco” fixado por eles e para si mesmos. Enquanto o povo passa muito trabalho para levar a vida, apesar das mentiras diariamente repetidas nas informações oficiais, os políticos, estes sim, vivem num mar de rosas nunca visto.

Portanto, hoje o contraste não é mais entre o CAPITAL e o TRABALHO, que movimentou e convulsionou o mundo durante muito tempo. No Brasil ele reside agora na comparação dos ganhos dos políticos e alguns privilegiados do serviço público, ”versus” os ganhos do cidadão comum fora dessas esferas. O contraste reside entre cidadãos de primeira e segunda classe.

E pelo que se viu até agora, o mais expressivo foco de resistência a essa bandalheira - já que os juízes do “czar” irão homologar a vontade “soberana” do povo nos plebiscitos respectivos - está no separatismo Sulista. Basta conferir entrevista do jornalista Celso Deucher, Presidente do Movimento o Sul é o Meu País, no jornal Zero Hora de 8.6.11. Está na vontade do Povo do Sul, e certamente  de outros também, o desligamento da maldita federação brasileira para formar país próprio, descartando toda a indecência acumulada durante os séculos. A premissa central separatista é que “o Brasil não deu certo”.

Se não vivêssemos numa terra onde os valores estão completamente invertidos, de cabeça para baixo, a única divisão que em nome da decência se discutiria seria a do próprio país, deixando que cada região escolhesse seu próprio destino.

*O autor é sociólogo, advogado e Membro Fundador do GESUL.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Bolívia renuncia a convenção da ONU para poder plantar COCA



Sacos com folhas de coca em mercado de La Paz
Comércio e consumo tradicional de folhas de coca são legalizados na Bolívia
A Bolívia apresentou nesta sexta-feira sua renúncia à Convenção das Nações Unidas sobre Entorpecentes, de 1961, que inclui a folha de coca em sua lista de itens proibidos e condena sua mastigação tradicional.
A retirada da Bolívia deverá entrar em vigor no dia 1º de janeiro de 2012. O país pretende reapresentar imediatamente seu pedido de adesão à convenção, porém com uma ressalva em relação ao artigo que proíbe a mastigação da coca.
A coca, arbusto cultivado no Peru, na Bolívia e na Colômbia, é a matéria-prima para a fabricação da cocaína, mas tem também usos ancestrais tradicionais pelas comunidades indígenas dos Andes. Nessa região, a coca é mascada ou consumida em forma de chá.
O uso tradicional da coca é legalizado no Peru e na Bolívia, países que permitem também um cultivo limitado da planta para atender a esta demanda legal.
A oposição boliviana disse temer que a saída da Bolívia da convenção possa significar um aumento descontrolado das plantações de coca e das atividades do narcotráfico no país.
Porém o governo do presidente Evo Morales, que iniciou sua carreira política como dirigente do movimento dos plantadores de coca, prometeu continuar cumprindo com as metas de erradicação dos plantios ilegais e do combate ao narcotráfico no período em que o país estiver fora da convenção.
A Bolívia terá de esperar um ano para ser readmitida na convenção, desde que não enfrente a oposição de mais de um terço dos países membros. Se a reentrada for aprovada, a iniciativa do governo Morales terá na prática legalizado o consumo tradicional da coca.
‘Erro histórico’
O presidente da Bolívia, Evo Morales, mastiga coca em evento oficial
Evo Morales iniciou sua carreira política como líder dos plantadores de coca
A estratégia diplomática do governo boliviano para defender a legalidade do consumo tradicional da coca é parte de uma longa batalha legal para diferenciar a mastigação da folha da produção de cocaína.
“Trata-se de reparar um erro histórico”, afirmou recentemente Morales, que mesmo como presidente permanece na liderança dos cocaleiros da região do Chapare, no centro do país.
A Convenção Única das Nações Unidas sobre Entorpecentes, de 1961, reconhecia os usos tradicionais da coca, mas estabelecia um prazo de 25 anos para que os países produtores e consumidores eliminassem a prática.
Os produtores de coca nos países andinos argumentam que a base para a proibição, a presença do alcalóide cocaína nas folhas, ignora o fato de que este é apenas um dos componentes existentes na planta, e mesmo assim em quantidades muito pequenas.
Um estudo realizado em 1965 no Peru indicava que em cada 100 gramas de folhas de coca há em média 0,83 grama de cocaína – menos de 1%.
Segundo outro estudo feito em 1993 pelo Instituto de Nutrição de Lima, no Peru, cada 100 gramas de folhas de coca têm 19,9 gramas de proteínas, 2 gramas de cálcio, 9,8 miligramas de ferro e 363 miligramas de fósforo.
Os indígenas andinos argumentam que a coca, por isso, representa um importante componente da alimentação dos povos da região, onde existem grandes obstáculos para o cultivo de uma grande variedade de produtos, por conta da altitude e do clima frio.

Comentário: Esse paspalho desse Evo deveria pensar de fato no bem dos habitantantes de seu país integrando-os ao mundo civilizado. Esse negócio de "tradição ancestral" é uma desculpinha muito descarada para poder aumentar a produção de cocaína, isto é um fato que nem o próprio Evo pode negar.

Guerra do Paraguai

Neste vídeo há também outros assuntos, mas Leandro Narloch refuta a ideia de que o Paraguai é a grande vítima da história da chamada Guerra do Paraguai. Para um contraponto eu recomendo a leitura do bem documentado livro "Genocídio Americano: A Guerra do Paraguai" do jornalista Julio José Chievanato


O genocídio COMUNISTA contra os ucranianos

sábado, 4 de junho de 2011

Propostas para um Brasil monárquico.


Muitas pessoas têm indagado qual seria o programa de governo da Monarquia. Num sistema monárquico constitucional e parlamentarista, não cabe ao Imperador - Chefe de Estado - elaborar tal programa; essa é uma tarefa própria do Primeiro-Ministro que é o Chefe de Governo. O Monarca formula propostas, segundo sua interpretação dos interesses e aspirações nacionais; cabendo ao Ministério e ao Parlamento examiná-las, discutidas e inseri-las no planejamento governamental. As propostas básicas que o Príncipe D. Luiz de Orleans e Bragança aprovou, em 3 de maio de 1991, para conhecimento de todos os brasileiros, são as seguintes:]
-I-
1. Restauração da Monarquia, nas linhas gerais da Constituição de 25 de março de 1824, feitas naturalmente as necessárias adaptações à atual realidade brasileira.
2. Monarquia hereditária na Casa Imperial do Brasil, com o conseqüente reconhecimento de S. A. I. R. o Príncipe D. Luiz de Orleans e Bragança, Chefe da mesma Casa, legítimo detentor dos direitos à Coroa.
3. Poder Moderador como atribuição do Imperador. Poder Executivo exercido através de Primeiro Ministro, integradamente com os demais membros do Gabinete, que goze de confiança do Imperador e do Parlamento, de acordo com o sistema parlamentar que vigorou, com tanto sucesso ao longo do reinado de D. Pedro II.
4. Legislativo bicameral, constituído de Senado e Câmara de Deputados eleito por sufrágio universal direto.
5. Manutenção, no que diz respeito ao Poder Judiciário, das condições de independência dos respectivos membros: vitaliciedade, irremovibilidade e irredutibilidade dos vencimentos.
6. Conselho de Estado, sendo os respectivos membros escolhidos pelo Imperador, dentre as figuras exponenciais dos vários setores da vida nacional.
7. Manutenção do sistema federativo, comportando a possibilidade de o Parlamento do Império desdobrar em novas unidades federadas as já existentes, sempre mediante consulta plebiscitária às populações interessadas.
8. Ampliação da autonomia dos Municípios, dentro da organização política dos Estados.
- II -
Conclamam-se todos os brasileiros a constituírem uma união sagrada de todas as forças vivas da Nação, em tomo do legítimo sucessor dos Imperadores que asseguraram a unidade, a grandeza e a prosperidade do Brasil, num esforço comum para a superação das graves crises que assolam hoje o País.
Sendo por excelência a forma de governo monárquica aquela que mais se aproxima do modelo familiar que deve ser a matriz de todas as sociedades humanas, a restauração do Império deve ser acompanhada de uma ampla confraternização de todos os brasileiros em tomo de um comum objetivo, esquecidos seus ódios, malquerenças e divisões de qualquer espécie. Destarte, a campanha pela restauração da Monarquia - verdadeira cruzada nacional - conduzida em níveis elevados, não visará atingir pessoas, organizações e partidos, ficando a propaganda e o debate primordialmente no plano das idéias.
Esse esforço comum deve buscar a convivência harmônica e pacifica das diversas classes sociais, com equilíbrio entre ricos e pobres e entre capital e trabalho, de modo a que a opção preferencial pelos necessitados coexista com o respeito a todos os direitos legitimamente adquiridos, para a ordenação cristã do País e sua caminhada vivaz e realizadora rumo à grandeza que lhe compete no concerto das nações.
Na futura organização constitucional do Pais serão garantidos, com especial empenho, os institutos da livre iniciativa e da propriedade privada (entendidos ambos com as respectivas funções sociais), bem como o respeito pelo princípio de subsidiariedade na estruturação política da Nação - Municípios, Estados e União - e na economia nacional. O que importará, evidentemente, em uma efetiva e urgente diminuição da hipertrofiada máquina estatal e na correspondente privatização das empresas estatais.
- III -
Igualmente cumpre que seja protegida eficazmente a família, célula-mãe da sociedade e fundamento da Civilização Cristã. Os pais deverão ser esclarecidos sobre os verdadeiros direitos e fins da família, de sorte que se valorize aos seus olhos a sublime missão de resguardar a vida e a saúde da prole, a qual é condição básica do bem-estar doméstico. E formação, em todos os lares, de uma consciência oposta ao infanticídio e à violência contra as crianças.
Em conformidade com o princípio de subsidiariedade, cabe pri-mordialmente à família a missão de educar a prole. O Poder Público porá todo o empenho no desenvolvimento da rede de ensino privado, e ademais completará, mediante a colaboração da rede de ensino público, o que seja necessário para dotar integralmente a população nacional do nível de instrução adequado. Das medidas conducentes a tal fim constará a melhoria da remuneração dos professores de todos os graus. Cessará assim a grave anomalia de que muitos membros do magistério nacional
percebam hoje, injustamente, salários com freqüência inferiores aos do trabalhador não-qualificado.
Valorização da missão das Forças Armadas como guardiãs da Nação. No seu prestígio e na sua eficiência repousam a paz social e a segurança interna e externa de nossa Pátria, bem como o merecido realce desta no cenário internacional. Aos seus integrantes devem ser proporcionadas todas as condições para que vivam condignamente, isentos de preocupações materiais que afetem seu moral e os afastem da dedicação integral às lides castrenses.
As Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares, legítimas reservas das Forças Armadas, como tal serão considerados, reconhecido e realçado o seu papel intransferível na segurança pública e na defesa territorial do País. Às Polícias Federais e Civis, responsáveis pela preservação da ordem pública e pela incolumidade das pessoas e do patrimônio, será assegurado tratamento consentâneo com seu importante e indelegável papel, em especial na defesa do cidadão e no combate à criminalidade em todas as suas formas.
Respeito ao sistema de sindicalismo livre, de acordo com o compromisso assumido pelo Brasil ao assinar a carta da OIT.
A exemplo do ocorrido durante o longo reinado de D. Pedro II os meios de comunicação social deverão gozar das mais amplas faculdades para desempenharem seu importante papel informador e formador da opinião pública. O exercício dessa liberdade deve ser entendido com sua função social, sendo assegurado a qualquer brasileiro, bem como à sociedade civil, o direito de defender a sua honra e a moralidade familiar ou social, nos termos da lei.

Do blog Pró monarquia Brasil

Assim como também muito os portugueses vem falando sobre o seu país: " Com um Rei não estaríamos nesta situação".

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Dinamarca vai reivindicar Polo Norte e grande área no Ártico

O governo da Dinamarca afirmou nesta terça-feira que planeja reivindicar uma grande área localizada no Oceano Ártico, incluindo o Polo Norte.

"Esperamos que a Dinamarca consiga ser bem-sucedida na reivindicação de uma área que, entre outras coisas, inclui o Polo Norte", disse a ministra das Relações Exteriores dinamarquesa, Lene Espersen, por meio de um comunicado.

As declarações foram feitas um dia depois que a mídia local divulgou a notícia sobre um documento do governo que detalha como o país pretende fazer a reivindicação.

Espersen disse que a chancelaria dinamarquesa prepara um documento, que deve ser publicado em meados de junho, com a estratégia do país para a região para os próximos dez anos.

O documento deve ser submetido à ONU (Organização das Nações Unidas). Atualmente, o território dinamarquês situado dentro ou próximo do Círculo Polar Ártico inclui as Ilhas Faroe e a Groenlândia.


RECURSOS

Rússia, Estados Unidos, Canadá e Noruega também reivindicam grandes áreas do Ártico.
Acredita-se que a região concentra cerca de 25% das reservas ainda não descobertas de gás e petróleo.

Os recursos naturais do Ártico vêm se tornando mais acessíveis com o derretimento do gelo, devido ao aquecimento global.

Além de recursos minerais, o derretimento do gelo viabiliza novas rotas comerciais para navios e locais de pesca.

Fonte: Vinna

Brasil puxa alta de gasto militar na América do Sul

País responde por 80% do aumento das despesas da região, diz instituto. Segundo Sipri, gastos globais, entretanto, continuam dominados pelos EUA; China fica em distante 2º lugar.
 Claudia Antunes
(Folha de São Paulo) - A América do Sul foi a região do mundo em que os gastos militares mais cresceram em 2010, e o Brasil foi responsável por 80% desse aumento, de acordo com um relatório divulgado ontem pelo Sipri (Instituto Internacional de Estudos da Paz de Estocolmo). O instituto atribui o fenômeno à recuperação econômica da região, uma das menos atingidas pela crise global de 2008. Destaca também o projeto de reequipamento das Forças Armadas brasileiras, que neste ano foi desacelerado pelos cortes orçamentários na Defesa.
"O Brasil está buscando projetar seu poder e influência para além da América do Sul, por meio da modernização militar", constata o Sipri. Os gastos militares mundiais, que atingiram US$ 1,63 trilhão em 2010, continuam amplamente dominados pelos EUA, responsáveis por 43% do total. O país é seguido de longe por China (7,3%) e potências tradicionais como a França (3,6%).
O Brasil ficou em 11º lugar no ranking mundial das despesas militares. Mas, como proporção do PIB, seus gastos foram de 1,6%, pouco mais do que em 2009 (1,5%). O número é inferior aos de EUA (4,8%), China (2,1%) e Índia (2,7%), entre outros. Os dados do Brasil são baseados no Orçamento de 2010 e incluem despesas com salários e pensões, que consomem 70% do total estimado em US$ 33,5 bilhões, em valores correntes. O aumento é de 9,3% em relação a 2009.
Na América do Sul, também se destacam os aumentos do Peru (16%) e da Colômbia (7,2%). O da Argentina subiu 6,6%, mas a diferença foi basicamente para o pagamento de soldos. A Venezuela é destaque, mas em sentido contrário. Depois de incrementar as despesas entre 2004 e 2009, com a compra de aviões caça e outras armas russas, o país reduziu-as em 27,3%. O Sipri ressalta, no entanto, que parte do pagamento por essas armas pode não ter sido incluído no orçamento público do país. O crescimento do gasto sul-americano, de 5,8%, foi bem superior à média anual entre 2001 e 2009 (3,7%). O Sipri critica as despesas bélicas numa região "com carências sociais mais urgentes" e recomenda que os países levem adiante a promessa de maior transparência, inclusive no âmbito da Unasul (União de Nações Sul-Americanas).
EUA X China
Apesar de terem desacelerado seu orçamento militar, que aumentou 2,8% contra 7,4% entre 2001 e 2009, os EUA sozinhos foram responsáveis por 95% de tudo o que o mundo gastou a mais com o setor em 2010, na comparação com 2009. Os americanos gastam seis vezes mais do que a China, que vem aprimorando sua Marinha para tentar reduzir a dominância militar dos EUA nas áreas do Pacífico perto da sua costa. Na África, os responsáveis pela alta de 5,2% nas despesas foram Angola, Nigéria, Argélia e Marrocos.
Fonte: Folha de São Paulo (Via Defesa Brasil)

domingo, 29 de maio de 2011

Outono da Idade Média

Outono da Idade Média, obra de Huizinga, chega ao País

Para discuti-la, o 'Estado' reuniu o francês Jacques Le Goff e o brasileiro Hilário Franco Júnior

30 de outubro de 2010 | 6h 00
 
Andrei Netto - O Estado de S. Paulo
Desde o Renascimento e, mais tarde, o Iluminismo, em línguas europeias como o português, o inglês ou o francês, os vocábulos "medieval" e "moderno", além de definirem duas eras distintas da História, designam uma dicotomia: de um lado, as trevas, o ultrapassado, o atraso; de outro, as luzes, o atual, o progresso. Essa visão de mundo, decretada por humanistas do século 16 e reforçada por filósofos do século 18, trazia embutida a ideia de que, ao deixar a Idade Média, seus valores e seus princípios, a Humanidade alcançava a passarela para um futuro mais justo, democrático e legítimo: a Idade Moderna.

Essa visão dos "medievalismos", cujos fragmentos de preconceito ainda perduram, começou a ser desconstruída pelas mãos do historiador americano Charles Haskins, autor de The Renaissance of the Twelfth Century, de 1927.
Antes dele, porém, outro especialista em história medieval, o holandês Johan Huizinga (1872-1945), já havia traçado em cores a vida, os valores, os hábitos e as emoções naquele período em seu clássico O Outono da Idade Média, que chega na íntegra às livrarias brasileiras, traduzida diretamente de seu idioma original.
Uma das virtudes tácitas de Huizinga em sua obra-prima é sua habilidade de relativizar as "certezas". Virtuoso de sua disciplina, o autor reconhecia as contradições da História, que ajudam, por exemplo, a entender o dualismo medieval-moderno. "É bem verdade que cada época deixa mais rastros de sofrimento do que de felicidade. Suas desgraças se tornam sua história", ponderou. No mesmo trecho, Huizinga apela à convicção "talvez instintiva" para elaborar uma equação: a soma de paz e felicidade destinadas às pessoas não pode variar muito de uma época à outra. "O brilho do final da Idade Média também não passou despercebido: ele sobreviveu na canção popular, na música, nos horizontes quietos da pintura de paisagem e nos rostos sóbrios dos retratos", escreveu, em seu tom romântico e subjetivo.
Raros são os livros de História que se tornam história, assim como poucos são os historiadores lembrados pela posteridade. Esse é o caso de Huizinga e de sua obra-prima.
Publicado em 1919, O Outono da Idade Média (Herfsttij der Middeleeuwen) derrubou as fronteiras que outros pesquisadores haviam construído entre a Idade Média tardia e o Renascimento. Para o holandês, a transição vivida no século 15, um ponto de virada da civilização ocidental, foi muito mais fluida do que supúnhamos. A Idade Média era, sim, um período de fome, doenças, miséria, ódio, mas não apenas isso. Era também tempo de prazeres, de ideais, de arte e de amor.
Para explorar os meandros, as sutilezas, os erros e acertos da obra de Huizinga, o Sabático – que na quarta-feira, em parceria com a editora do livro, a Cosac Naify, promoveu um debate na Universidade de São Paulo com os professores Lorenzo Mammì, Marcelo Cândido da Silva e Tereza Aline Pereira de Queiroz –, propôs um encontro, por assim dizer, histórico. Em Paris, o caderno reuniu o historiador francês Jacques Le Goff, 86 anos, considerado o maior especialista do mundo sobre o tema, e seu ex-orientando brasileiro, o ex-professor da USP Hilário Franco Júnior, de 61 anos. No encontro, realizado no escritório do acadêmico francês, em sua casa, no 19.º distrito parisiense, Le Goff saudou a adoção do título O Outono..., e não o da primeira versão francesa da obra, denominada O Declínio da Idade Média. "Essa é uma leitura estúpida do livro", ressaltou em diferentes momentos.
Admiradores de Huizinga, Le Goff e Hilário travaram um diálogo fascinante e revelador sobre o autor, morto em De Steeg em 1945, durante a ocupação nazista da Holanda. A seguir, a síntese do encontro, marcado pela amizade – e pelo reconhecimento intelectual mútuo.

Hilário Franco Júnior – O Outono da Idade Média desenhado por Huizinga é tão magnífico que permitiu a Philippe Wolff tentar transformar o outono em primavera. Este é o nome de um livro de 1986: O Outono da Idade Média ou a Primavera de Tempos Novos. O que eu gostaria de saber é: o fim da Idade Média, segundo Huizinga, é realmente um outono ou é uma primavera?
Jacques Le Goff – Você, como historiador, sabe que mesmo que a História só possa ser construída a partir de documentos, baseada em pilares os mais sólidos possíveis, ela é aberta, e à medida que o tempo passa, as interpretações podem variar bastante. O Outono da Idade Média de Huizinga é um livro tão interessante que passado quase um século ele continua a ser lido, traduzido e se presta a novas interpretações. É preciso dizer que o período ao qual o livro se dedica, digamos um longo século 15, talvez também seja um dos mais mal estudados na Europa, e por isso ainda há novas descobertas e interpretações. Há uma exposição em cartaz hoje, no Grand Palais, com o título France Quinze Cent, que mostra como esse período foi uma mistura do apogeu da Idade Média e de afirmação do Renascimento. Eu creio que este seja o caso de uma virada histórica que não se parece com nenhum outro, porque se trata de um belo outono. A tradução francesa antiga era uma tradução estúpida ao se referir ao declínio da Idade Média.
No entanto, Huizinga compartilhava com muitas pessoas cultas da Europa do início do século 20 a ideia de que a Idade Média acabava no fim do século 15, um período marcado pela tomada de Constantinopla pelos turcos, em 1453, com a tomada de Granada e com a reunificação de toda a Península Ibérica pelos reis católicos, que haviam caçado os muçulmanos, e, sobretudo, pela descoberta da América de Cristóvão Colombo, que produziu o que poderíamos chamar de primeira globalização da história. Mas eu me pergunto se o nosso conhecimento desse período e nossas interpretações não mudaram um pouco.
No que me diz respeito, eu fui voluntariamente provocador ao falar de uma longa Idade Média que se prolongou até o século 18. Continuo a pensar que há uma certa verdade na ideia de que a Idade Média vai até o fim do século 18, se observamos aspectos essenciais, como a fome, as pestes, a indústria – a economia capitalista do século 18 é uma grande virada. O que ocorre é que, na verdade, nós voltamos à visão de Huizinga, continuando ou retomando a ideia de que do fim do século 15 ao século 16 acontece um certo número de mudanças profundas, dentre as quais a descoberta da América, a Reforma na Europa. Realmente há algo de novo no século 16. Mas o que me parece novo é que, mesmo que consideremos que o fim da Idade Média acontece no fim do século 15, ela não era decadente, não era triste, mas sim soberba, até exagerada. Vemos isso com os pintores flamengos e com a riqueza econômica das cidades flamengas e italianas, em particular Veneza, antes da descoberta da América, ou na moda da época, às vezes extraordinária.
Vejo hoje um retorno a Huizinga. De outro lado, ele soube no início do século 20 fazer viver a história que ele escrevia com qualidades, dons, procedimentos que não eram nada correntes na História. Em seu livro, Huizinga se mostra o precursor de um novo tipo de História que está em pleno desenvolvimento hoje, a história das emoções, a história das paixões, lançada há cerca de 20 anos pela historiadora americana Barbara Rosenwein. E isso é O Outono da Idade Média.
Franco Júnior – Como o senhor explica a pequena posteridade do livro de Huizinga? Seria em razão de uma certa instintividade que ele explora e que é mal compreendida por certos historiadores, que se consideram grandes cientistas e que veem grandes leis históricas, ou coisas do gênero?
Le Goff – Eu creio que, na realidade, a posteridade de Huizinga foi contida em grande parte pelo nascimento e pelo desenvolvimento de uma forma de fazer a História que alcançou grande posteridade, que é a Escola dos Annales. Mas, ao contrário do que possamos pensar, a história dos Annales é sobretudo uma história econômica e social, diferente do Outono da Idade Média. De qualquer forma, acho que o sucesso dos Annales contribuiu muito para bloquear a influência de Huizinga.
Franco Júnior – Deixe-me perguntar algo mais pessoal: o senhor falava há pouco de uma longa Idade Média. O senhor se sente um pouco tributário de Huizinga, desta visão de longo termo?
Le Goff – Sim, absolutamente. Não apenas de sua visão de longa duração, mas também da ideia de alargar o domínio da História. A meu ver, entre os grandes méritos de Huizinga estava procurar fontes às quais os historiadores não se interessavam muito, seja na arte, na literatura, nos costumes. Além disso, há no Outono da Idade Média uma busca da época no coração dos homens e mulheres e um olhar muito compreensivo sobre o "parecer". Essa combinação da busca do íntimo e da procura do "parecer" me soa avançada em relação ao momento mais ambicioso do início da Escola dos Annales – algo que ela não conseguiu completar porque traçar a história universal é um objetivo utópico.
Franco Júnior – Conceitos como representação, sistema de valores, temas como o corpo, a morte, as emoções, etc., tudo está presente em Huizinga. De certa forma, tudo prenunciava a Antropologia Histórica, que o senhor desenvolveu nos anos 70.
Le Goff – Sim. E isso me permite reconhecer minha dívida em relação a Huizinga, pelas pesquisas que fiz nesse sentido, em particular sobre o corpo e as imagens. No tema das imagens tive uma grande receptividade, porque um grupo de jovens historiadores o retomou e o desenvolveu, em particular sob a direção de Jean-Claude Schmitt, Jean-Claude Bonne, de Jérôme Baschet, na França, e também na Alemanha, com Hanz Belting. (Erwin) Panofsky também pode ser incluído. Houve um esforço, do qual participei, para alargar as fontes e o domínio da História, em particular em direção ao corpo e à exploração da imagem, que são diferentes da História da Arte tradicional.

Franco Júnior – Mas há uma diferença entre a forma com que Huizinga fazia a história das imagens, das representações, e a forma como a Escola dos Annales o fazia. Qual seria essa diferença essencial?
Le Goff – Eu creio que, apesar de seu charme, o livro de Huizinga é subjetivo demais. Podemos fazer uma história dos sentimentos, mas não podemos fazer História com sentimentos. Creio que a história das imagens desenvolvida a partir da Escola dos Annales era mais próxima das fontes, com métodos de análise mais científicos em relação às práticas de Huizinga, que eram mais literárias do que científicas, ao menos em relação ao tipo de ciência que é a História.
Franco Júnior – Sua ressalva sobre a história emocional das emoções me leva a outra questão: no prefácio da primeira edição, Huizinga diz que escrever o livro foi como "observar o profundo de um céu noturno, um céu vermelho como o sangue, pesado e desértico de um cinza chumbo ameaçador. O quadro que eu tracei é mais sombrio e menos sereno do que o que eu entrevi quando comecei a trabalhar". Minha questão é: esse quadro mais sombrio é um reflexo dos séculos 14 e 15, ou da Grande Guerra, que recém-acabava e que estava presente no espírito de Huizinga?
Le Goff – Eu acredito que seja a segunda hipótese, até porque não é assim que vemos o século 14 e o século 15. Eu insisti, talvez até um pouco demais, no lado subjetivo da obra de Huizinga. Mas não se deve esquecer que a subjetividade dos historiadores transparece um pouco frente ao horror, independente de qualquer esforço de se trabalhar cientificamente. Um dos primeiros historiadores, senão o primeiro historiador a ter acentuado a subjetividade de sua obra foi Jules Michelet, que foi uma fonte dos Annales. Muito do que Huizinga pôs em O Outono está em Michelet. Há uma outra tendência da História, da qual O Outono da Idade Média talvez seja uma produção tardia: é a veia romântica. A passagem que você acaba de ler é profundamente romântica.
Franco Júnior – Em um artigo de 1986, reproduzido na edição brasileira, Peter Burke, historiador inglês, diz que O Outono... é penetrado de nostalgia e pode ser considerado um caso de medievalismo romântico à maneira de Walter Scott e Gabriel Rossetti.
Le Goff – Devo admitir que em um momento dessa conversa eu pensei em Walter Scott. Ele é uma das minhas grandes fontes de pesquisa como historiador da Idade Média e é alguém que me aproxima de Huizinga. Mas para diversos historiadores o livro de Huizinga foi um verdadeiro pioneiro em um domínio que precisa continuar a ser explorado: o da História dos valores e dos sistemas de valores. O que satisfaz, faz chorar e viver as pessoas de uma época? Esse é um domínio que ainda não produziu toda a sua riqueza. A meu ver, por muito tempo, entre 1850 e 1930, a História ficou bloqueada pela história das ideias, além, é claro, da história tradicional. Sem os outros domínios, os homens perdem suas carnes. Aliás, eis uma palavra que convém a Huizinga: há carne no Outono da Idade Média.
Franco Júnior – Mas carne viva ou morta? Porque Huizinga revela uma certa obsessão pela morte, pela história da morte...
Le Goff – Há, sem dúvida, uma certa obsessão pela morte em O Outono da Idade Média, o que tem várias fontes. Antes de mais nada, a morte é um dos valores do século 15, que foi, por exemplo, o século das danças macabras. Outra prova da fascinação de Huizinga pela morte é o seu romantismo. E outra fonte de influência é o que você citou, a Guerra de 1914-1918, na qual a Holanda foi uma das vítimas.
Franco Júnior – Por duas vezes em sua entrevista de 1975, o senhor ressaltou a semelhança entre Huizinga e Lucien Febvre. Eu me pergunto se não poderíamos fazer o mesmo em relação a Marc Bloch. Digo isso porque o subtítulo de O Outono da Idade Média é Estudo Sobre as Formas de Vida e de Pensamento, o que me lembra o célebre capítulo de A Sociedade Feudal, A Condição de Vida e a Atmosfera Mental. É possível aproximar Huizinga e Bloch? Huizinga havia lido Bloch?
Le Goff – Estou mais ou menos certo que sim. Não tenho lembranças claras, para ser sincero, mas sei que me preocupei com esse assunto, e cheguei à conclusão de que Bloch teria lido Huizinga. E eu penso que, mesmo que Lucien Febvre tenha sido mais próximo da mentalidade, da sensibilidade de Huizinga, Marc Bloch também pode ter sido influenciado, ainda que com uma certa distância. Por exemplo, esse capítulo da Sociedade Feudal, que citamos frequentemente e que foi um dos grandes trechos deste livro, não era o tema que mais o interessava.
Franco Júnior – Ah, não? Isso me surpreende...
Le Goff – O que interessava a Marc Bloch era antes de mais nada a história econômica, a história social e, eu diria, a história da mitologia. Eu acredito que qualquer que fosse o parentesco e a influência de Huizinga sobre a Escola dos Annales e sobre seus fundadores, Lucien Febvre e Marc Bloch, os Annales deram à pesquisa histórica na Europa e na França direções que os afastavam de Huizinga. E creio que esse tenha sido um fator que bloqueou, em maior ou menor proporção, a difusão do trabalho de Huizinga.
Franco Júnior – Muito interessante... Na sua entrevista, o senhor diz que O Outono da Idade Média é um livro poético e que sua poesia expressa ao mesmo tempo sua grandeza e seu limite. Nós já discutimos esse ponto. Mas, no que diz respeito aos limites de Huizinga, no fim da Idade Média havia uma forte necessidade de dar formas ao sagrado. Mesmo fazer amor era algo sagrado. Ainda assim, Huizinga dá muito pouca atenção às sensibilidades hereges, em um momento em que a Holanda era marcada por esse sentimento. A meu ver é uma das fraquezas deste livro. Qual o porquê desse desprezo?
Le Goff – Para ser franco, é algo que eu nunca me questionei, e por isso vou improvisar. Falamos bastante que é necessário conservar o título original do livro, que é o "outono", e não o "declínio". É um belo outono ensolarado. No entanto, para um protestante, é o fim de um mundo. Talvez Huizinga não tenha querido misturar em seu livro aquilo que seria o fermento de uma modernidade. As heresias, à medida que anunciavam a Reforma, referiam-se ao período posterior àquele que Huizinga queria mostrar. Mesmo que eu não aceite a tradução "declínio", tenho de admitir que Huizinga quer oferecer à Idade Média um bom túmulo. E talvez ele não tenha querido misturar o assunto.
Franco Júnior – É possível. Para encerrar, eu me permitiria fazer uma pequena provocação. O senhor me afirmou certa vez que a obra de um historiador não sobrevive a si próprio mais de 50 anos. Se Huizinga morreu em 1945, a provocação é: O Outono da Idade Média está morto?
Le Goff – Quando disse isso, devo tê-lo feito por duas razões. A primeira, que eu me referia a uma espécie de média. As obras de História, em sua maioria, sobrevivem, têm alguma influência e nos permite interpretar os fatos de outra maneira, o que as diferencia das obras mortas. Os 50 anos, eu diria, é mais ou menos o prazo de validade correto. De outro lado, eu confesso que não suporto os historiadores que evocam um tal limite como uma espécie de conjuração, na esperança de que a própria História lhes desminta. No fundo, eles esperam que ao menos uma parte de suas obras supere esse limite, que aliás não é absoluto.

ESTADÃO

 

domingo, 22 de maio de 2011

Walter Williams: ideias exemplares



Um negro contra cotas e contra as leis que proíbem a discriminação! Sua crença: individualismo, escola de qualidade, igualdade perante a lei e liberdade de expressão
walter-williams


Walter Williams é negro, tem 74 anos e dá aula de economia na Universidade George Mason, na Virginia. Já foi engraxate e carregador de taco de golfe. Na juventude, chegou a preferir o radical Malcom X ao pacifista Martins Luther King. Williams está convencido: quem vence o racismo é o mercado, não a política de cotas. Num momento em que o assistencialismo, no Brasil, virou uma categoria de pensamento incontrastável e em que se dá a isso o nome de “redistribuição de renda”, vocês precisam ler a entrevista que ele concedeu a André Petry, publicada nas páginas amarelas da VEJA desta semana. Como todos nós, o economista tem as suas convicções, mas, antes de mais nada, tem alguns números um tanto desconcertantes sobre o tal “estado de bem-estar social”.


Williams se considera um libertário e é um crítico ácido da interferência do Estado na vida dos indivíduos. O indivíduo, diga-se, está no centro de suas preocupações. Ah, sim: ele acha que Barack Obama acabará “sendo ruim para os negros”. Por quê? Porque “seu governo, na melhor das hipóteses, será um desastre igual ao de Jimmy Carter”. Abaixo, reproduzo trechos da entrevista, em que se encontram frases como estas:


- AVANÇO DOS NEGROS - “Os negros, em geral, estão muito melhor agora do que há meio século. Mas os negros mais pobres estão pior.”
- ESTADO E FAMÍLIA - “Há anos, os Estados Unidos subsidiam a desintegração familiar”.
- MÃE SOLTEIRA PREMIADA - “Antes, uma menina grávida era uma vergonha para a família. Hoje, o estado de bem-estar social premia esse comportamento. O resultado é que, nos anos da minha adolescência, entre 13% e 15% das crianças negras eram filhas de mãe solteira. Agora, são 70%.”
- SALÁRIO MÍNIMO - “O salário mínimo, que as pessoas consideram uma conquista para os mais desprotegidos, é uma tragédia para os pobres. Deve-se ao salário mínimo o fim de empregos úteis para os pobres.”
- AÇÕES AFIRMATIVAS - “O ritmo do progresso dos negros entre as décadas de 40 e 60 foi maior do que entre as décadas de 60 e 80.”
- COTAS RACIAIS NO BRASIL - “A melhor coisa que os brasileiros poderiam fazer é garantir educação de qualidade. Cotas raciais no Brasil, um país mais miscigenado que os Estados Unidos, são um despropósito.”
- LIVRE MERCADO E DISCRIMINAÇÃO - “A melhor forma de permitir que cada um de nós - negro ou branco, homem ou mulher, brasileiro ou japonês - atinja seu potencial é o livre mercado. O livre mercado é o grande inimigo da discriminação”.
- LIBERDADE DE EXPRESSÃO - “É fácil defendê-la quando as pessoas estão dizendo coisas que julgamos positivas e sensatas, mas nosso compromisso com a liberdade de expressão só é realmente posto à prova quando diante de pessoas que dizem coisas que consideramos absolutamente repulsivas”.
- AFRO-AMERICANOS - “Essa expressão é uma idiotice, a começar pelo fato de que nem todos os africanos são negros. Um egípcio nascido nos Estados Unidos é um ‘afro-americano’?”
- ÁFRICA - “A África é um continente povoado por pessoas diferentes entre si. Os vários povos africanos estão tentando se matar uns aos outros há séculos. Nisso a África é idêntica à Europa, que também é um continente, também é povoada por povos distintos que também vêm tentando se matar uns aos outros há séculos”.

*
Leia mais um pouco da explosiva sensatez de Walter Williams. A íntegra da entrevista está na revista.

(…)
Em que aspectos a vida dos negros hoje é pior [nos Estados Unidos]?
Cresci na periferia pobre de Filadélfia entre os anos 40 e 50. Morávamos num conjunto habitacional popular sem grades nas janelas e dormíamos sossegados, sem barulho de tiros nas ruas. Sempre tive emprego, desde os 10 anos de idade. Engraxei sapatos, carreguei tacos no clube de golfe, trabalhei em restaurantes, entreguei correspondência nos feriados de Natal. As crianças negras de hoje que vivem na periferia de Filadélfia não têm essas oportunidades de emprego. No meu próximo livro, “Raça e Economia”, que sai no fim deste mês, mostro que, em 1948, o desemprego entre adolescentes negros era de 9.4%. Entre os brancos, 10.4%. Os negros eram mais ativos no mercado de trabalho. Hoje, nos bairros pobres de negros, por causa da criminalidade, boa parte das lojas e dos mercados fechou as portas. (…)
Os negros, em geral, estão muito melhor agora do que há meio século. Mas os negros mais pobres estão pior.
O estado de bem-estar social, com toda a variedade de benefícios sociais criados nas últimas décadas, não ajuda a aliviar a situação de pobreza dos negros de hoje?
(…)
Há anos, os Estados Unidos subsidiam a desintegração familiar. Quando uma adolescente pobre fica grávida, ela ganha direito a se inscrever em programas habitacionais para morar de graça, recebe vale-alimentação, vale-transporte e uma série de outros benefícios. Antes, uma menina grávida era uma vergonha para a família. Muitas eram mandadas para o Sul, para viver com parentes. Hoje, o estado de bem-estar social premia esse comportamento. O resultado é que nos anos da minha adolescência entre 13% e 15% das crianças negras eram filhas de mãe solteira. Agora, são 70%. O salário mínimo, que as pessoas consideram uma conquista para os mais desprotegidos, é uma tragédia para os pobres. Deve-se ao salário mínimo o fim de empregos úteis para os pobres.
(…)
As ações afirmativas e as cotas raciais não ajudaram a promover os negros americanos?
A primeira vez que se usou a ex-pressão “ação afirmativa” foi durante o governo de Richard Nixon [1969-1974]. Os negros naquele tempo já tinham feito avanços tremendos. Um colega tem um estudo que mostra que o ritmo do progresso dos negros entre as décadas de 40 e 60 foi maior do que entre as décadas de 60 e 80. Não se pode atribuir o sucesso dos negros às ações afirmativas.
(…)
Num país como o Brasil, onde os negros não avançaram tanto quanto nos Estados Unidos, as ações afirmativas não fazem sentido?
A melhor coisa que os brasileiros poderiam fazer é garantir educação de qualidade. Cotas raciais no Brasil, um país mais miscigenado que os Estados Unidos, são um despropósito. Além disso, forçam uma identificação racial que não faz parte da cultura brasileira. 
Forçar classificações raciais é um mau caminho. A Fundação Ford é a grande promotora de ações afirmativas por partir da premissa errada de que a realidade desfavorável aos negros é fruto da discriminação. Ninguém desconhece que houve discriminação pesada no passado e há ainda, embora tremendamente atenuada. Mas nem tudo é fruto de discriminação. O fato de que apenas 30% das crianças negras moram em casas com um pai e uma mãe é um problema, mas não resulta da discriminação. A diferença de desempenho acadêmico entre negros e brancos é dramática, mas não vem da discriminação. O baixo número de físicos, químicos ou estatísticos negros nos Estados Unidos não resulta da discriminação, mas da má formação acadêmica, que, por sua vez, também não é produto da discriminação racial.
Qual o meio mais eficaz para promover a igualdade racial?
Primeiro, não existe igualdade racial absoluta, nem ela é desejável. Há diferenças entre negros e brancos, homens e mulheres, e isso não é um problema. O desejável é que todos sejamos iguais perante a lei. Somos iguais perante a lei. Mas diferentes na vida. Nos Estados Unidos, os judeus são 3% da população, mas ganham 35% dos prêmios Nobel. Talvez sejam mais inteligentes, talvez sua cultura premie mais a educação, não interessa. A melhor forma de permitir que cada um de nós - negro ou branco, homem ou mulher, brasileiro ou japonês - atinja seu potencial é o livre mercado. O livre mercado é o grande inimigo da discriminação. Mas, para ter um livre mercado que mereça esse nome, é recomendável eliminar toda lei que discrimina ou proíbe discriminar.
O senhor é contra leis que proíbem a discriminação?
Sou um defensor radical da liberdade individual. A discriminação é indesejável nas instituições financiadas pelo dinheiro do contribuinte. A Universidade George Manson tem dinheiro público. Portanto, não pode discriminar. Uma biblioteca pública, que recebe dinheiro dos impostos pagos pelos cidadãos, não pode discriminar. Mas o resto pode. Um clube campestre, uma escola privada, seja o que for, tem o direito de discriminar. Acredito na liberdade de associação radical. As pessoas devem ser livres para se associar como quiserem.
Inclusive para reorganizar a Ku Klux Klan?
Sim, desde que não saiam matando e linchando pessoas, tudo bem. O verdadeiro teste sobre o nosso grau de adesão à idéia da liberdade de associação não se dá quando aceitamos que as pessoas se associem em torno de idéias com as quais concordamos. O teste real se dá quando aceitamos que se associem em torno de ideais que julgamos repugnantes. O mesmo vale para a liberdade de expressão. É fácil defendê-la quando as pessoas estão dizendo coisas que julgamos positivas e sensatas, mas nosso compromisso com a liberdade de expressão só é realmente posto à prova quando diante de pessoas que dizem coisas que consideramos absolutamente repulsivas.
O senhor exige ser chamado de “afro-americano”?
Essa expressão é uma idiotice, a começar pelo fato de que nem todos os africanos são negros. Um egípcio nascido nos Estados Unidos é um “afro-americano”? A África é um continente, povoado por pessoas diferentes entre si. Os vários povos africanos estão tentando se matar uns aos outros há séculos. Nisso a África é idêntica à Europa, que também é um continente, também é povoada por povos distintos que também vêm tentando se matar uns aos outros há séculos.
(…)
Por Reinaldo Azevedo em seu blog





Não conhecia esse senhor, mas seus pontos de vista são ótimos, a excessão, ao meu ver, o fato de se declarar  Libertário, termo que não me agrada muito, sobretudo aqui no Brasil, embora mesmo lá nos Estados Unidos onde seu sentido não seja tão pejorativo quanto é aqui no Brasil atribuido.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Brasil recusa-se a assinar tratado para banir a produção da "Bomba Cluster"

Ao lado de países como Rússia, Irã, Israel e EUA, o Brasil recusa-se a assinar o tratado que bane as chamadas "bombas de cacho" (Bomba Cluster) - um dos mais devastadores armamentos para civis em zonas de guerra. O País ainda é um dos 17 fabricantes desse tipo de arma no mundo. Ao todo, 108 países já assinaram a Convenção sobre Armas de Fragmentação, que passou a vigorar em agosto.
Embora o Itamaraty e o Ministério da Defesa não admitam, o Brasil mantém-se longe do tratado por causa da pressão de militares e de setores da indústria armamentista. Segundo o Instituto Sou da Paz, as bombas de cacho "made in Brazil" - mais precisamente em São José dos Campos, pela Avibrás - renderam dois contratos com a Malásia de US$ 200 milhões cada, firmados em 2002 e 2007. "Catar e Arábia Saudita também compraram", diz Daniel Mack, da ONG brasileira.
Oficialmente, o Brasil justifica sua posição com um argumento formal. Diz que o debate sobre o veto foi conduzido por uma coalizão independente de países, enquanto deveria ter ocorrido no âmbito da ONU. Ativistas afirmam que, com mais de cem signatários, o tratado é suficientemente "representativo" e apontam contradições no discurso do Itamaraty. O Brasil, por exemplo, é signatário do tratado contra minas terrestres, de 1997, também articulado fora das Nações Unidas.
Fonte: Estadão
Nota: a bomba cluster - após ser lançada e alcançar uma determinada altura, abre-se, deixando cair dezenas ou centenas de sub-munições, ou pequenas bombas de diversos tipos, com alto poder explosivo, anti-pessoa, perfurantes ou incendiárias, dependendo do modelo usado.

As bombas cacho têm sido amplamente criticadas e condenadas, pois sub-munições que não tenham explodido podem permanecer enterradas mas ativas, sendo perigosas caso um civil tropece acidentalmente numa delas ou se crianças as manipularem. Cada ano centenas de pessoas morrem ou são mutiladas ao tropeçarem ou tocarem acidentalmente as munições que não explodiram.

VIA BLOG DO VINNA

sábado, 9 de abril de 2011

Brasil suspende compra de helicópteros da Rússia

Um helicóptero Mi-35 da Força Aérea Brasileira taxia na Base Aérea de Porto Velho, Rondônia.
Um dos principais contratos do programa de reaparelhamento das Forças Armadas sofreu um corte profundo: o ministro da Defesa, Nelson Jobim, decidiu suspender o processo de incorporação de novos helicópteros russos Mi-35 à Força Aérea Brasileira (FAB) – onde foram rebatizados com o nome AH-2 Sabre.
A reboque dos problemas orçamentários e de assistência técnica para as seis primeiras unidades já entregues, Jobim mandou contingenciar R$ 112 milhões do programa que deveriam ser gastos ao longo deste ano.
Os 12 modelos Mi-35 que o Brasil comprou da Rússia por cerca de US$ 250 milhões foram incorporados à frota da FAB em abril de 2010. O lote final, de seis unidades, deveria ser entregue até o fim deste ano. O Comando do Exército considerava a possibilidade de adquirir ao menos mais quatro desses “tanques voadores” para equipar a aviação de força terrestre.
O Estado apurou no Ministério da Defesa que Jobim tomou a decisão de paralisar a incorporação dos novos aparelhos aproveitando “o surgimento de argumentos técnicos”. Evitando entrar em detalhes, um oficial do Comando da Aeronáutica disse que “não há nenhum problema grave na assistência técnica, mas existem falhas em determinados componentes dos aparelhos que estão no País”. Embora o desempenho operacional seja considerado bom, as primeiras aeronaves apresentaram problemas técnicos.
Um deles foi o do estabelecimento de compatibilidade entre a eletrônica de bordo, russa, e o sistema de comunicações da FAB, que segue padrões americanos. Houve dificuldades na adaptação da conexão às fontes externas de energia. Mais recentemente, pedidos de fornecimento de peças e componentes não foram atendidos de forma conveniente.
Os argumentos técnicos são vistos como “razões providenciais” para segurar o orçamento da Defesa. O ministério foi um dos mais atingidos pelo corte total de R$ 50 bilhões que a presidente Dilma Rousseff decretou no início do governo. Dos R$ 15 bilhões aprovados pelo Congresso, a Defesa teve contingenciados, em fevereiro, R$ 4 bilhões.
Um dos helicópteros AH-2 Sabre (Mi-35) da Força Aérea Brasileira.
Só suspensão. Formalmente, o governo brasileiro não rasgou o contrato com a Rússia, apenas suspendeu por todo o ano a incorporação dos Mi-35 e o respectivo desembolso. Além dos 12 helicópteros, cuja compra foi formalizada em outubro de 2008, o Brasil adquiriu um pacote de armamentos e suprimentos para manutenção por cinco anos. O acordo foi assinado no Rio, pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por seu colega russo Dmitri Medvedev.
À época, a imprensa russa, a começar pelo jornal Pravda, avaliou que a importação das aeronaves quebrava uma série de “tabus”. Trata-se dos primeiros equipamentos militares pesados comprados da Rússia pelo Brasil, e também os primeiros helicópteros da FAB desenhados especificamente para situações de combate – os que estavam em ação na época eram modelos civis adaptados. O ministro Jobim participou da cerimônia de “batismo” das aeronaves, na Base Aérea de Porto Velho, em Rondônia. Jobim disse ainda que haveria transferência de tecnologia em simuladores de voo.
Fonte: O Estado de S.Paulo (via CAVOK) – Rui Nogueira e Roberto Godoy

Mudanças na política externa marcam primeiros cem dias da gestão Dilma

 
Dilma tem 73% de aprovação no início de mandato
 Dilma tem 73% de aprovação no início de mandato

Voto contrário ao Irã e aproximação com os Estados Unidos indicam que diplomatas ganham força no governo Dilma Rousseff. Na área econômica, especialistas vêm menor preocupação com a inflação do que na era Lula.

 
Primeira mulher a presidir o Brasil, Dilma Rousseff completa neste domingo (10/04) cem dias de um mandato que, segundo recente pesquisa de opinião, conta com a aprovação de 73% da população brasileira. Considerada mais discreta e mais pragmática que seu antecessor e mentor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma vem aos poucos definindo seu próprio estilo de governar.
Apesar do pouco tempo de comando e de ter mantido vários nomes da gestão anterior, as primeiras diferenças, segundo analistas, já começam a ser sentidas, especialmente na política externa. Se com Lula o Brasil arriscou ser protagonista em alguns episódios internacionais – em boa parte deles sem sucesso, como no asilo ao então presidente hondurenho Manuel Zelaya, deposto pelos militares – a nova presidente vem mostrando ser mais sensível a críticas e favorável a uma maior atuação dos diplomatas.
Na avaliação do cientista político Carlos Pio, da Universidade de Brasília, o ex-presidente ocupou-se demais em "acalmar os grupos mais à esquerda da legenda", o que teria resultado em confronto direto com os Estados Unidos. A defesa de Lula por uma solução diplomática na questão iraniana é o caso mais emblemático, exemplifica Pio.
Lula buscou o diálogo com o governo Ahmadinejad  Lula buscou o diálogo com o governo Ahmadinejad

"A mudança de postura [no governo Dilma] ficou clara com a votação brasileira a favor da resolução do Conselho de Direitos Humanos da ONU, desfavorável ao Irã [no final de março]. Isso marcou uma inversão de postura", ressalta o cientista político Christian Lohbauer, integrante do Grupo de Análise da Conjuntura Internacional da Universidade de São Paulo.
"Este governo também deve adotar, ao que tudo indica, um leve distanciamento de regimes bolivarianos na América do Sul, com os quais Lula manteve alinhamento", avalia Lohbauer. "Mas também não deve abandonar a política de protagonismo no continente", afirma.
Aproximação com os EUA
A visita ao Brasil do presidente norte-americano, Barack Obama, também foi percebida como um sinal claro de que as relações políticas e econômicas entre os dois países devem ficar mais afinadas. A diplomacia brasileira sempre tentou preservar a independência com relação aos Estados Unidos, mas na era Lula a postura do Itamaraty bateu de frente com a maior economia do mundo.
A política conduzida pelo atual ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, no entanto, visa retomar os bons laços. Em meio aos afagos do presidente norte-americano ao Brasil, Dilma pediu, durante a visita, uma parceria "entre iguais" e ressaltou a importância de se "prosseguir nas discussões para que a relação Brasil e Estados Unidos tenha resultados ainda mais positivos". O objetivo é estreitar as relações econômicas e reduzir o saldo desfavorável ao Brasil na balança comercial, que atualmente chega a 8 bilhões de dólares.
Obama e Dilma: Brasil volta a estreitar parceria com os EUAObama e Dilma: Brasil volta a estreitar parceria com os EUA

Da mesma maneira, não surpreendeu a abstenção do Brasil – junto com China, Rússia, Índia e Alemanha – na votação do Conselho de Segurança da ONU, no mês passado, que decidiu sobre o uso da força militar na Líbia. "Na retórica, a diplomacia brasileira sempre defendeu a democracia. Mas na prática, ela tradicionalmente se abstém de qualquer tipo de medida que afete a soberania dos governos nacionais, inclusive nos casos de governos autoritários", afirma Pio.
Na busca pela continuidade
Eleita em segundo turno em outubro do ano passado com 55,7 milhões de votos – cerca de 56% dos votos válidos – a grande bandeira de campanha da economista Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto era a continuidade. Já neste início de sua gestão, ela lançou a marca "Brasil, país rico é um país sem pobreza" como forma de ratificar seu compromisso com as políticas sociais e econômicas conduzidas por Lula e que renderam a ele, ao final de oito anos no poder, uma aprovação recorde de 87%.
No campo econômico, no entanto, Dilma já enfrenta dificuldades para seguir com o projeto do antecessor. Até agora não foi apontada uma solução para conter os gastos públicos e, com isso, preservar pelo menos parte do anunciado corte de R$ 50 bilhões do orçamento em programas de investimento.
Além disso, a valorização do real frente ao dólar, prejudicando a competitividade dos produtos nacionais e ajudando a desestabilizar a balança comercial, e a previsão de aumento da inflação acima das metas estipuladas tornaram-se fortes pontos de crítica da oposição.
Apesar das declarações da presidente de que "não vai negociar com a inflação", na tentativa de acalmar a população, alguns analistas afirmam não haver um grande empenho do governo em conter a alta de preços, como se via na gestão anterior.
"O Banco Central tem se mostrado não tão forte na defesa do ajuste fiscal nem suficientemente intolerante com relação à inflação", diz Pio. Na avaliação dele, o Banco Central dá sinais de que vai tolerar uma taxa acima da meta, o que seria injustificável.
Fama de durona
A fama de durona e a conhecida personalidade forte de Dilma, que militou contra a ditadura brasileira – chegando a ser presa e torturada pelo regime militar – tem sido suavizada pelas aparições em programas femininos de televisão e pela presença em exposições artísticas e apresentações culturais.
"Ela tem se mostrado mais uma boa administradora do que uma política. E, com certeza, tem personalidade própria", afirma o sociólogo Thomas Fatheuer, consultor e ex-diretor do escritório da Fundação Heinrich Böll, ligada ao Partido Verde alemão.
Fatheuer: política social e econômica teve continuidade política social e econômica teve continuidade

Em sua avaliação, a presidente tem mantido as linhas gerais do governo Lula, tanto nos avanços na área social quanto nas lacunas ainda existentes em algumas questões de sustentabilidade. Por ter sido ministra de Minas e Energia de Lula, Fatheuer diz ser "um pouco decepcionante" a falta de posicionamento claro do governo brasileiro quanto ao uso da energia nuclear e à construção da usina de Angra 3.
"Esperava uma mudança na posição do novo governo. Dilma conhece muito bem a questão da energia nuclear, e quando era ministra barrou um pouco o uso, sobretudo por achar esta energia muito cara", disse.

FONTE: DW