quarta-feira, 5 de agosto de 2009

No Paraná, castelo à venda por R$ 3 milhões

Réplica de construção alemã tem lustre de cristal e escada de mármore

É uma construção de 2.142 metros quadrados em estilo normando, réplica de um castelo alemão cuja construção levou dez anos, a partir de 1942. O prédio tem quatro andares, três servidos por elevador. Algumas paredes, de pedra e cimento, chegam a 1 metro de espessura. Escadas e lareiras são revestidas por mármore de Carrara e os lustres de cristal vieram da Boêmia (atual República Checa). Entre outros atrativos, pias e vasos sanitários de ferro fundido. O castelo de Marilândia do Sul (PR), que chamou atenção da apresentadora Xuxa Meneghel, está à venda. O preço: R$ 3 milhões.
O atual proprietário, Álvaro Salles, adquiriu o castelo há 41 anos por causa de uma obsessão, a de ter um local apropriado para instalar um cassino. A ambição existia desde criança quando, vindo de Itaperuna (RJ), foi morar ao lado do Cassino da Urca, no Rio. Por determinação judicial, porém, nunca conseguiu completar o plano.
Salles agora quer vender o castelo, no qual reina na companhia da segunda mulher. "Peço um terço do que vale", afirma. Diz ter "muitos planos para o futuro", mas, no momento, o que mais deseja é livrar-se do castelo. "Tudo o que tinha enterrei aqui", conta Salles, que mudou para o Paraná para cultivar café no início dos anos 40. Foi dono de quatro fazendas e várias propriedades em Londrina. Trocou o que tinha pelo castelo, ao qual adicionou chalés para hospedar turistas, represa com praia, pista para motocross e mirantes.
2ª GUERRA
O autor da obra, João Henrique Stahlke Júnior, filho de alemães, não economizou: trouxe da Europa o que havia de bom e melhor. Dinheiro não lhe faltava: sua empresa, a Serraria Stahlke, chegou a ser a maior do mundo, com produção diária de 580 metros cúbicos de madeira - sobretudo de araucária, árvore que predominava na região. Madeira, aliás, era o que não faltava nos 5.200 alqueires que abrigavam seu empreendimento. O castelo foi construído no meio da floresta que as serras de Stahlke Júnior consumiriam.
Nascido em Rio Turvo (SC), Stahlke falava português com dificuldade e morreu logo após a conclusão do imóvel. Seus descendentes jamais moraram no casarão - que, para todos os efeitos, é chamado de castelo. Com a diminuição da produção madeireira, os herdeiros desfizeram-se da propriedade, na qual, diz a lenda, muitos chefes nazistas se refugiaram após a 2ª Guerra Mundial.
A mansão está como Stahlke a deixou. Fotos de políticos da época, como o interventor Manoel Ribas, decoram as paredes - a maioria nuas, uma vez que Salles jamais viveu no castelo. Há 20 anos, ele mora numa construção contígua à mansão. Aos 83 anos, vangloria-se da saúde de ferro, condição que atribui ao ar puro do local, onde o Instituto Ambiental do Paraná constatou a inexistência de monóxido de carbono. A altitude - de 1.008 metros -, associada às matas ciliares e aos 14 lagos do entorno do castelo garante pureza ao ar.
Outros empreendimentos do atual proprietário tampouco foram adiante, como o Clube do Castelo Eldorado, do qual Salles desistiu depois de ouvir a conversa de dois advogados que pretendiam assumir o controle acionário e enxotá-lo de lá.Há algum tempo, Salles acreditou que Xuxa compraria o castelo para transformá-lo em hotel de artistas. Mas essa negociação também não prosperou.

http://txt.estado.com.br/editorias/2006/03/05/cid53197.xml

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