sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Centenas de obras inéditas de Picasso são encontradas na França


O mundo acaba de ganhar 271 novas obras do gênio andaluz. Durante 37 anos, elas estiveram na garagem de um casal de aposentados franceses. Confirmada autenticidade, herdeiros acusam por recepção de roubo.

Desenho de dados de Pablo Picasso

 

O advogado dos herdeiros, Jean-Jacques Neuer, disse ter pensado, inicialmente, tratar-se de um trote, pois são frequentes os pedidos de autenticação de obras.

"Após uma rápida avaliação, entramos em estado de choque: estávamos diante da assinatura do pintor, que é muito difícil de falsificar", narra Neuer. Do tesouro fazem parte obras datadas entre 1900 e 1932, destacando-se retratos da primeira esposa de Picasso, Olga, cenas de uma crucificação, a luta de dois cães e paisagens raras.
Ao revelar o achado nesta terça-feira (30/11), a diretora do Museu Picasso em Paris, Anne Baldassari, comentou que "as numerosas obras de arte reveladas são de enorme significado para o estudo de sua obra de juventude". Segundo ela, trata-se de um fato inédito "todo um corpo de obras aparecer assim, de um dia para o outro", após quase quatro décadas.
Baldassari considera modesta demais a estimativa do achado em 60 milhões de euros, divulgada pela imprensa. "Isso é um mínimo, diante da atratividade internacional das peças de Picasso."

 

Reação dos herdeiros
Como noticiou o jornal Libération, os herdeiros do gênio natural de Málaga apresentaram queixa, já em setembro, contra os Le Guennec por recepção de objetos roubados – e não por roubo, crime que já estaria prescrito.
A Justiça francesa confiscou as obras, e pretende verificar como elas chegaram à garagem do casal de aposentados de Mouans-Sartoux, no sul da França. Eles foram detidos em decorrência da denúncia de Claude Picasso, sendo, porém, liberados logo em seguida.
Peritos consideram improvável a versão do eletricista de 71 anos Pierre Le Guennec, de que as colagens, desenhos, litogravuras e guaches lhes teriam sido presenteados por Picasso.

Alta segurança
Segundo Claude Picasso, seu pai só se separava a contragosto de suas obras. As obras presenteadas tinham sempre data e dedicatória. O casal sublinha que não pretendia vender as obras de arte, nem ocultar a própria identidade. "Chegamos a mandar cartas registradas com confirmação para Claude Picasso", indignou-se a senhora em entrevista à imprensa francesa.
Pierre Le Guennec afirma haver trabalhado como eletricista para Picasso nos últimos três anos antes da morte do mestre. Em suas mansões no sul da França, Le Guennec instalou sistemas de alarme contra roubo, entre outras tarefas.
Chocada pela prisão, Danièle Le Guennec afirma sua inocência e de seu marido: "Não somos ladrões! Só queríamos deixar nosso inventário em ordem para os nossos filhos". Quanto à acusação de furto, ela lembra: "A gente não podia sair simplesmente, assim, da casa de Monsieur. Havia o secretário de Picasso, um casal de zeladores e uma governanta. Não temos, realmente, motivo para nos sentirmos culpados!"

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