sábado, 29 de janeiro de 2011

Por um novo país

Desde abril de 2010, em Bandeirante, cerca de 30 pessoas, na maioria jovens, aderiram ao movimento “O Sul é meu país”, instituído em 1991. Tal ideologia existe há mais de 200 anos, sob outras denominações.
Bandeirante - Folha do Oeste

Alguns integrantes, após reunião Alguns integrantes, após reunião / Foto: Divulgação
Unir os estados do Paraná, Rio Grande do Sul e de Santa Catarina para torná-los um país, separado do Brasil, é o desejo do movimento. A busca pela autodeterminação de um povo, segundo um dos representantes em Bandeirante, Marcelo Berti, parte da descentralização do poder que está em Brasília. Um dos objetivos é apoiar qualquer forma que vise a descentralização política e econômica. Outros aspectos que motivam a autodeterminação estão estruturados em questões culturais, sociais, morais e históricas.
De acordo com Berti, algumas abordagens históricas mostram que o Brasil era movido por intuitos diplomáticos da Família Real Portuguesa. “O imperialismo centralizador levou o Brasil a ser um dos últimos países da América a se tornar independente, em 1822. A independência foi dada por aquele que deveria ser deposto”, recorda. “O Brasil também foi o último país da América a abolir a escravatura, em 1888, e a proclamar a República, em 1889”, reforça. Conforme Berti, que também é membro do Conselho Fiscal Nacional do movimento, o povo brasileiro aceitava tudo sem saber, de fato, o que ocorria.
Na opinião do jovem, ao se olhar mais criticamente, a realidade do Brasil ainda carrega fortes resquícios do imperialismo, de uma forma velada, oculta. Segundo ele, de um ponto de vista econômico-tributário, o sul do país sempre foi submetido à “sangria” tributária sob o argumento de que possui boas condições sociais e não necessita de grande quantidade de verba pública. “O Sul (PR, RS, SC) corresponde a 15% de toda a arrecadação de impostos do país inteiro. Disso tudo, 40% vai a Brasília e não volta”, aponta. “Atualmente, 65% de toda a arrecadação fica em Brasília, enquanto que os estados ficam com 23% e os municípios com 13%”, complementa. “Então, apoiamos a descentralização, sim. Mas o ideal é existir autodeterminação do Sul, pois o Brasil é muito grande geográfica e demograficamente”, arremata.
PENSAMENTO BAIRRISTA
Quanto ao fato de separar estados para criar um novo país, Berti entende que não se trata de um pensamento bairrista e individualista. Segundo ele, o Sul, ao se constituir numa nova nação, pode, por meio da ONU (Organização das Nações Unidas), contribuir para um melhor desenvolvimento de alguns estados que continuariam a pertencer ao Brasil.
No entender do jovem, as pessoas que integram o movimento possuem pensamento crítico, próprio e não se deixam levar por falácias. Nem permitem serem usadas como massa de manobra. São pessoas de perfil humilde com diferentes posições sociais: empresários, estudantes, professores e até agricultores. “Somos, enfim, a mais pura expressão da sociedade sulista”, conclui.
PLEBISCITO
Conforme Berti, para que exista um plebiscito, faz-se necessário o envolvimento político-partidário. Este envolvimento é exigido pela ONU. “Somente assim eles autorizam que o povo decida, a exemplo do que ocorreu com o Sudão do Sul, no Sudão”. Para isso, segundo o jovem, o movimento está à procura de lideranças comprometidas com a sociedade e com as futuras gerações, para concorrer nas próximas eleições. Segundo ele, os trabalhos já iniciaram, ainda na eleição de 2010. Contudo, conforme Berti, além de escolher os representantes políticos, é necessário informar e preparar a sociedade para o dia da votação, que pode demorar três, cinco, dez ou mais anos.
ASSEMBLEIA DA UNU
Em maio deste ano, representantes do movimento “O Sul é meu país” participam, em Haia, na Holanda, de um encontro promovido pela ONU. Objetivo é levar um dossiê e um documentário de 40 minutos, traduzido em vários idiomas, para ampliar as discussões e dar um novo rumo ao assunto. De acordo com Berti, o representante de Santa Catarina na comissão que vai à Holanda será o jornalista e presidente do movimento, Celso Deucher, de Brusque. Na opinião de Berti, o anseio é levantar a bandeira da paz, da democracia, da liberdade e da igualdade em prol de um Sul livre.
METAS ATÉ 2013
Participar da assembleia da ONU;
Criar o maior número possível de comissões municipais;
Lançar candidatos a vereador e a prefeito.

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