quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Os bons ventos africanos

Sérgio Alves de Oliveira*

Nas suas freqüentes e incansáveis andanças pelo mundo, onde passou mais tempo que em Brasília, e era uma boa desculpa para sua aversão ao trabalho, o ex-presidente Lula assumiu uma postura professoral, notadamente na África. Ali tentou estabelecer uma liderança como fazia nos tempos de sindicato.

Ensinou, ensinou, mas parece que não aprendeu nada. Nunca deu qualquer palavra, por exemplo, sobre o plebiscito que estava em vias de ser concretizado no Sudão, com sua Região Sul se independenciando para formar novo país. E isso de fato ocorreu, com esmagadora vitória do SIM.

Mas o então Presidente Lula, como bom democrata que sempre foi, também jamais se referiu ao mesmo problema que estava ocorrendo no Sul do seu próprio país, onde foi colocada toda a força da tropa oficial  e a imprensa comprada  para tentar desmoralizar essa iniciativa. Sem dúvida isso é uma postura dos que desprezam as liberdades individuais e coletivas. Mais: que têm aversão ao próprio direito natural.

Saberia o ex-presidente, porventura, que os objetivos meramente “declarados” dos partidos que lhe dão sustentação política estão nas raízes da proposta autodeterminista do Sul?

Resumidamente, o Brasil, por suas autoridades maiores, tentou ensinar a África, mas são os africanos que estão ensinando democracia, que incluiu o direito dos povos e não só  a competência para controlar eleições numa oclocracia, impropriamente chamada de “democracia”.

E foi essa oclocracia não só a responsável por levar ao poder as forças políticas dos Poderes Executivo e Legislativo que aí estão, mas também de Collor de Melo, FHC, Sarney, Plano Cruzado e  todo o Poder Legislativo durante a ditadura. De fato parece paradoxal:  a mesma força popular que garantiu a eleição dos parlamentares que deram sustentação à ditadura   voltaram às urnas para dar vitória aos “opositores” que aí  estão.

E essa oclocracia,ou democracia deturpada, não está nos planos do novo país que surgirá, mais cedo ou mais tarde, na América do Sul.

Parabéns aos sudaneses do Sul  e que sua lição de democracia ilumine o mundo e especialmente o Brasil, um  país que também não deu certo.

*O autor é membro fundador do Gesul (Grupo de Estudos  Sul Livre)

2 comentários:

  1. Não sei como chegar ao misterioso Editor,um admirável "velhote de vinte e poucos anos". Tenho que ir por aqui.Na mesma linha do "Os Bons Ventos Africanos",escrevi "O STF GOLPISTA" (publicado em blogs lá pelo Norte como "STF E O GOLPE NO PLEBISCITO". Claro que eu ficaria honrado em vê-lo no "Versão Independente". Abraços.Sérgio A.Oliveira.

    ResponderExcluir
  2. Não sei como chegar ao misterioso Editor,um admirável "velhote de vinte e poucos anos". Tenho que ir por aqui.Na mesma linha do "Os Bons Ventos Africanos",escrevi "O STF GOLPISTA" (publicado em blogs lá pelo Norte como "STF E O GOLPE NO PLEBISCITO". Claro que eu ficaria honrado em vê-lo no "Versão Independente". Abraços.Sérgio A.Oliveira.

    ResponderExcluir