sábado, 29 de janeiro de 2011

Denunciado preconceito contra Paulistas

Ana Cláudia Barros - Terra Magazine


Arrefecida após mais de dois meses, a polêmica provocada pelas declarações da estudante de Direito Mayara Petruso contra nordestinos deve ganhar novo fôlego. Integrantes do Movimento República de São Paulo (MRSP) encaminharam, na quarta-feira (26), à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), uma espécie de "dossiê", reunindo o que chamam de provas da "discriminação a paulistas".
O material, que contém 60 páginas, foi todo pinçado da internet (boa parte caputrada de redes sociais, como Twitter e Orkut) e apresenta, segundo o ex-líder do movimento e atual coordenador do MRSP no interior, Paulo Roberto Silva "Bartollo", demonstrações de "incitação ao ódio e ao preconceito".
- Queremos apenas que se cumpram os princípios constitucionais da isonomia, segundo os quais todos são iguais em direitos e deveres, sem distinção. Entendemos que todos devem tomar o mesmo remédio - afirma, aludindo à notícia-crime apresentada pela Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Pernambuco (OAB-PE) contra Mayara e outros que divulgaram na internet mensagens de preconceito contra nordestinos.
Bartollo nega que haveria na iniciativa contornos de revanchismo e sustenta - ou tenta - que paulistas, assim como nordestinos, também são alvo de manifestações de ódio.
- A delegacia acolheu todo o material. Algumas das provas que levantamos, algumas comunidades de redes sociais já estavam sendo investigadas pela Decradi. o arquivo de 60 páginas ficou com eles e será anexado aos autos de um inquérito que já está em andamento. A gente quer mostrar o outro lado da moeda. Nós, do movimento, nos prontificamos a ajudar nas apurações, tentando identificar os culpados, inclusive, nos casos de discriminação contra nordestinos. A lei deve ser para todos. Vamos fazer um acompanhamento dos trabalhos da polícia e mostrar pelo Twitter.
Além do material, foi entregue uma petição, pedindo a punição de um comerciante de Diadema, que, durante entrevista à imprensa, declarou dar preferência a nordestinos na hora de contratar funcionários.
Na avaliação de Bartollo, está caracterizada a "discriminação contra cidadãos de outras regiões". Para ele, o comerciante deve responder pelo crime de racismo.
"O caso será encaminhado à delegacia daquela cidade para que o delegado instaure inquérito, se ele achar por bem", afirma, acrescentando que usou a Constituição Federal e as leis 9.459/97 (sobre crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor) e 7.716/89 (Negar ou obstar emprego em empresa privada) para embasar a denúncia.
De acordo com o coordenador do MRSP, junto com o "relatório", foi apresentada uma lista, com cerca de 300 assinaturas de pessoas apoiando a iniciativa.
- Muitas das provas obtivemos graças à colaboração de internautas. O material foi reunido durante um mês e meio - diz, enfatizando que o MRSP já conta com mais de 2 mil simpatizantes.

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