O grupo que tenta refundar a Arena (Aliança Renovadora Nacional)
-partido que deu sustentação à ditadura militar (1964-1985)- publicou
ontem no "Diário Oficial da União" seu estatuto e seu programa de
atuação prometendo uma "luta contra a comunização da sociedade".
A publicação é uma das etapas que antecedem o registro do partido na
Justiça Eleitoral. Agora, a sigla precisa coletar assinaturas de apoio
de cerca de 500 mil pessoas em nove Estados do país para obter seu
registro.
Depois disso, o partido passa a poder disputar eleições e a ter direito a
uma parcela do Fundo Partidário, formado por recursos públicos.
Presidente nacional da sigla, a estudante de direito Cibele Baginski,
23, diz não se importar com a associação do partido ao regime militar.
"[Conotação] negativa ou positiva é questão de ponto de vista. Ter um
nome desse traz um grande histórico, mas o saldo ainda foi positivo. O
Brasil ainda estaria na idade da pedra se não tivesse existido essa
época [da ditadura]", afirmou à Folha.
O secretário-geral do grupo, João Maganelli, 25, estudante de engenharia
no Rio Grande do Sul, disse que há ao menos três membros da antiga
Arena entre os fundadores do partido atual.
No documento registrado, o grupo elenca como um de seus objetivos a
"defesa de preceitos democráticos". "Em respeito à convicções
ideológicas de direita, não coligará com partidos que declaram a defesa
do comunismo, bem como vertentes marxistas."
A instância superior do partido é um órgão chamado de "Conselho Ideológico", que tem nove membros, cinco deles vitalícios.
Entre suas bandeiras, defende a "abolição de quaisquer sistemas de cotas
raciais, de gênero ou condições 'especiais'", a maioridade penal aos 16
anos e o retorno ao currículo escolar da Educação Moral e Cívica
-disciplina imposta em 1969 e tirada das grades em 1993.
Baginski disse que o partido já conversa com políticos com mandato, mas
não quis dar nomes. Disse apenas que entre as pessoas "muito
respeitadas" estão os deputados Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Romário
(PSB-RJ).
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