sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Como apareceram os estados na Rússia antiga e na Europa medieval

Este ano a Rússia comemora o 1150º aniversário da fundação do seu Estado. Nesse contexto, o Instituto de História Geral da Academia de Ciências da Rússia realizou de 29 de outubro a 2 de novembro, em Moscou, uma conferência internacional de historiadores com o tema A Rússia antiga e a Europa medieval: a origem dos Estados.

A conhecida escandinavista russa, Elena Melnikova, que analizou o aparecimento do Estado Russo Antigo numa perspetiva europeia, partilhou o seu ponto de vista com a Voz da Rússia.

"Este tema é um tema de discução já há vários séculos e possui uma pesada carga de considerações políticas, nacionais e outras. É a chamada questão normanda. Os partidários de um ponto de vista exageravam o papel dos escandinavos na formação do estado russo e os seus oponentes não admitiam a presença dos escandinavos na Europa Oriental nos séculos VIII-X, ou seja quando se estava formando o Estado Russo Antigo.

Atualmente, a comunidade científica, cientistas russos incluidos, concorda que os escandinavos estiveram na Europa Oriental e que desempenharam um papel importante na formação do estado russo. A elite do estado russo antigo, o príncipe e o seu séquito mais chegado, eram de origem escandinava nos séculos IX-X. Eles foram gradualmente assimilados no contexto eslavo oriental, e no século XI a sua origem escandinava já não se manifestava de nenhuma forma. Eles próprios se consideravam como príncipes russos, como boiardos russos ou voyevodas (chefes militares) russos".

Sabemos agora que o grande universo eslavo oriental, que abrangia do Lago Ladoga até Novgorod e para leste até os Urais se estendendo a Kiev mais ao sul, não era homogéneo. Nele existiam várias regiões muito desenvolvidas, onde decorriam os processos que finalmente resultaram na formação de um grande e único Estado Russo Antigo no século XI. Há poucas fontes escritas daquele período, só há achados arqueológicos. Daí a importância de se comparar com o decorrer de processos idênticos que decorriam simultaneamente nos países escandinavos e, um pouco antes, na Inglaterra, em França, na Alemanha e com os eslavos ocidentais.

Na conferência de Moscou, se estudaram precisamente os mecanismos de formação dos estados na Europa e na Rússia. Os fatos confirmam que a Rússia Antiga era parte integrante da Europa e era uma parte importante. Se assim não fosse, o rei de França não teria casado com uma princesa russa, uma das suas irmãs não seria esposa do rei da Hungria e outra do rei da Noruega. O seu irmão era casado com uma princesa dinamarquesa e o outro irmão com uma princesa bizantina. Todos eles eram filhos do príncipe russo Yaroslav. Desta forma, ele criou laços de parentesco com as mais importantes dinastias da Europa, e como os casamentos dinásticos nada tinham a ver com o amor, podemos afirmar com segurança que se tratava de alianças políticas.

Por isso, afirmar que a Rússia Antiga viveu e se desenvolveu isolada é simplesmente ridículo! Temos de acrescentar que todos estes fatos se referem à Rússia da primeira metade do século XI, quando a Rússia já era um estado poderoso.

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