Um livro polêmico sobre a divisão do País
COMUNIDADES
DAS REPÚBLICAS INDEPENDENTES DO BRASIL – CORE
Em livro a ser
editado pela PANNARTZ, o engenheiro Braz Juliano, da turma de 1948 da POLI
(USP) que trabalha há 43 anos na área de Engenharia Civil realizando
importantes obras, desenvolve um projeto polêmico, que deverá agitar os meios
culturais e políticos do País. Baseado em teoria científica e em dados que
comprovam a sua tese, ele propõe nada menos que a divisão do Brasil em quatro
nações independentes, formando que ele chama de CORA – Comunidade de Repúblicas
Independentes do Brasil, título de seu livro, ao qual acrescenta: “Ensaio de
Engenharia Política”.
Vamos ouvi-lo.
JPA – O título de
seu livro lembra a Comunidade Britânica de Nações e, mais recente, a CEI – Comunidade
de Estados Independentes. O que levou a propor esse assunto tão explosivo?
BJ – Uma convicção
lastreada em 40 anos de estudos muito sérios, dentro e fora do brasil. Mas,
também, a constatação de que o Sul do Brasil vem sendo odiosamente
discriminado, particularmente São Paulo. Basta lembrar que a representação de
São Paulo na Câmara Federal foi reduzida, apesar do que manda a Constituição de
88. Agora, temos a estranha situação de um eleitor de Roraima (Estado com pouco
mais de cem mil habitantes) valer tanto quanto 36 eleitores de São Paulo. Em
outras palavras: o voto de um eleitor de nosso Estado vale 1/33 avos do voto de
um eleitor de Roraima. A constituição, garante que “todos são iguais perante a
lei” e que o “voto terá o mesmo valor para todos”. Não é assim que acontece.
JPA – A separação
que o senhor propõe, então, visa ao benefício do Brasil?
BJ – Sem dúvida. A
CORA não vem somente corrigir essa intolerável discriminação contra os Estados
do Sul, mas ela se justifica pelos ensinamentos de renomados sociólogos, como
Alberto Salles, Alberto Torres e Euclides da Cunha. Eu demonstro, com apoio em
fatos e em estudo profundo das civilizações antigas e novas, que não se podem
resolver os graves problemas regionais do Brasil, com seu imenso território,
usando as mesmas soluções políticas para todos os estados, tão diferentes entre
si. Se não existe um tipo brasileiro, mas vários, numa unidade que se fragmenta
em meios, costumes, populações e possibilidades de progresso tão diferentes, é
inviável promulgar-se a mesma Constituição para regiões e indivíduos díspares.
É exatamente por isso que o Brasil viva em permanente crise institucional. Veja
o caso do salário mínimo, que abre frentes de lutas diversas, pois será
benvindo num Estado rico, mas será a desgraça dos Estados pobres, se não for
regionalizado. Fatos como esse, corriqueiros na vida política, provam que o
Brasil já são vários Brasis, separados por diferentes níveis de civilização e
de progresso.
JPA – Pelo que o
senhor disse, sua proposta já tem precedente no Brasil?
BJ – Sim,
inspirei-me principalmente no livro “A Pátria paulista”, de Alberto Salles,
publicado em 1887. Ele foi irmãos de Campos Salles, que presidiu a República de
1898 a 1902. Alberto Salles foi um grande propagandista da República e do
famoso PRP – Partido Republicano Paulista. Seu livro consta com três partes: “O
Separatismo em face da ciência”; “Vantagens Práticas do Separatismo”; e “Confronto
do Separatismo com a Nacionalidade”. Mas eu tenho um presente aos meus
leitores: como se trata de livro raro eu o inclui como apêndice do meu. “A
Pátria Paulista” foi escrito há 105 anos, mas é de impressionante atualidade.
Veja o que ele diz, em 1887: “Quem dá mais do que recebe, quem paga mais do que
deve, é roubado. Eis as verdades que acharam moradia nos raciocínios do
contribuinte paulista, após a publicação de dados oficiais concernentes à renda
da Província. O comerciante diz hoje (em 1887, não confundir com 1992, grifo
meu) o que não murmurava ontem: eu pago três vezes mais imposto que deveria
pagar. Se São Paulo, se em seu proveito fossem aplicados os dezessete mil
contos que anualmente desaparecem na voragem imperial?” O excesso de impostos,
gravando as indústrias, levando o cidadão comum à miséria, enquanto os
escândalos se sucedem na Corte, isso é coisa que persiste até hoje.
JPA – O senhor diz
em seu livro que o clima...
BJ – Sim, eu afirmo
que o desenvolvimento humano tem íntima relação com o clima e eu provo, com a
própria História, que as nações mais desenvolvidas sempre estiveram entre os 30
e os 60 graus de latitude norte e que nunca houve uma grande civilização nos
trópicos. Nisso tem razão o determinismo geográfico de Friedrich Ratzel,
geógrafo e sociólogo alemão, que afirma que o homem é integralmente produto do
meio e que tudo lhe é determinado pelo clima. Isto não é difícil de comprovar:
qualquer pessoa, de boa instrução, compulsando um mapa-múndi, descobrirá entre
os 30 e os 60 graus de latitude norte, longe do clima tropical, portanto as
grandes civilizações do passado e as do presente, Estados Unidos, Japão,
Alemanha, França, Itália, Grã-Bretanha e Canadá, os sete países mais ricos e
desenvolvidos aí se encontram hoje.
JPA – Vamos fornecer
ao leitor, em primeira mão, a divisão do Brasil em quatro nações diferentes,
mas federadas, na CORA – Comunidade das Repúblicas Independentes do Brasil.
BJ – Será preciso
que o leitor leia o meu livro, para conhecer as sólidas razões e argumentos
científicos que me levam a essa proposta, que espero seja discutida em alto
nível. As quatro repúblicas, independentes, seriam: I – República do Brasil
Norte, incluindo os atuais Estados do Acre, Amapá, Mato Grosso, Amazonas, Pará,
Rondônia, Roraima, Tocantins; República do Norte e Sergipe; República do Brasil
sudeste, com Espírito Santo, Goiás,
Minas Gerais, Rio de Janeiro; República do Brasil Sul, Paraná, Santa Catarina,
Rio Grande do Sul e São Paulo. A divisão baseia-se em fatores econômicos,
geográficos, biológicos, políticos e culturais.
Quem quiser
aprofundar o debate, leia o livro – recomenda o Autor. E nós também.
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