sábado, 2 de fevereiro de 2013

Mapuches pedem autonomia política e indenização do Chile

Com a participação de cerca de 400 pessoas, a região de Araucanía, na cidade de Temuco, Sul do Chile, sediou nesta quarta-feira (16), uma Cúpula com representação de diferentes comunidades indígenas da etnia mapuche.
No evento, foram definidos dez pontos para dialogar com o governo e interromper a escalada de violência na região.  A cúpula teve a participação de partidos políticos, da igreja, parlamentares e quatro pré-candidatos para as eleições presidenciais de novembro de 2013: Tomás Jocelyn-Holt, Ximena Rincón, Franco Parisi e Andrés Velasco.
 
No dia 04 de janeiro, após um ataque incendiário que resultou na morte do fazendeiro Werner Luchsinger e sua esposa Vivianne Mackay na comunidade de Vilcún, o presidente Sebastian Piñera anunciou a aplicação da Lei Antiterrorista para combater os incêndios criminosos, além de aumentar o efetivo policial na área, o que causou repúdio dos mapuche, que condenam os ataques incendiários mas discordaram da política de repressão adotada pelo governo.
A cúpula na comunidade Ñielol, a cerca de 700 quilômetros da capital chilena Santiago, foi convocada com a esperança de atenuar as tensões entre o governo e os indígenas, além de procurar soluções à reivindicações históricas da etnia. O texto final aprovado pelos mapuche rechaça a ocupação militar nas comunidades e pede a retirada da força policial, a não aplicação da Lei Antiterrorista e da Lei de Segurança Interior do Estado.
Convidado, o presidente Piñera não participou da cúpula e a representação governamental ficou restrita aos governadores da província de Malleco, Erich Baumann e de Cautín, Miguel Mellado, ambos na condição de observadores.

Reivindicações

O primeiro ponto da reivindicação apresentada ao final da cúpula pelo representante indígena do Conselho de Todas as Terras e principal organizador do evento, Aucán Huilcamán, trata da definição do direito à autodeterminação mapuche por meio de um sistema de autogoverno. O documento acusa o Estado chileno de desrespeitar o reconhecimento da ONU sobre a questão por meio de uma declaração feita em setembro de 2007 e afirma que o direito à autodeterminação dos povos está consagrado na ata de pacificação de Araucanía, que reconhece esse povo como uma comunidade, com fronteira definida.
Entre as reivindicações determinadas pelos mapuche também está um pedido de desculpas do presidente “pelo dano moral, cultural e intelectual causado ao povo mapuche pelos 500 anos de opressão”.
O texto mapuche lido por Aucán Huilcamán, define como “criminal” o processo de ocupação governamental de Araucanía e pede uma indenização do estado, não apenas em dinheiro mas também em terras, que consideram ancestrais. “Foi um ato de lesa humanidade, é preciso reparar e indenizar pelo dano causado nesses 130 anos e o Estado tem que ressarcir o dano causado em todas as suas formas”, afirmou.

Acordo histórico

Ñielol foi palco de uma Cúpula histórica realizada em 1881, que estabeleceu as relações entre o povo Mapuche e o Estado do Chile, em pleno processo de ocupação militar do território promovido pelo governo  por meio do plano denominado “Pacificação de Araucania”, em que se registraram diversos levantes que custaram a vida de milhares de indígenas.
Nesta Cúpula, os mapuche concordaram em ceder parte de seu território para que os colonos pudessem construir a cidade de Temuco e assim declarar a paz entre os povos.
*Com informações da agência pública de notícias de Cuba, Prensa Latina

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