terça-feira, 31 de julho de 2012

Mini Biografia de Alfredo Ellis Jr.

Do Site Tradição Paulista


Antes de se tornar historiador e nome imprescindível na história de São Paulo, Alfredo Ellis Júnior foi também militar, político e advogado. Por recomendação de seu pai, Alfredo Ellis, formou-se em direito pela Faculdade do Largo São Francisco, mas exerceu a advocacia por pouco tempo. Dedicou-se ao ofício de professor de História, lecionando em escolas de São Paulo. Autodidata, entre 1922 e 1930 publica seus primeiros textos, e em 1938 torna-se professor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, onde permanece até 1952 quando se retira por problemas de saúde.
Além da sua obra, merece destaque sua participação na Revolução Paulista de 1932, na qual foi voluntário da Liga de Defesa Paulistana – foi ferido fisicamente e perseguido politicamente. Entusiasta do PRP, empenha-se em denunciar a depreciação de Getúlio Vargas em relação a São Paulo e defende o confederalismo como forma de devolver a autonomia ao Estado. Nesse período, ante o ufanismo paulista, Alfredo Ellis Júnior é precursor no enaltecimento do passado bandeirante e na releitura da história de São Paulo, a qual era essencial para o estabelecimento de uma identidade resoluta e o sentimento nacionalista do povo paulista.
Mesmo com o desfecho inicialmente desfavorável da revolução e a ameaça de ser exilado, não abandona São Paulo e retorna ao magistério lecionando no Liceu Pan-Americano e no Ginásio Paulistano. Terminada a revolução, publica A nossa guerra(1933) e Confederação ou separação (1933), onde expõe sua perspectiva do ocorrido, mas não destitui tais obras de cunho histórico. Em 1934 é eleito novamente para a Assembléia Legislativa de São Paulo como deputado estadual pelo PRP, onde permanecerá até 1937, quando se dará o golpe do Estado Novo.
Com a instauração do Regime Militar e as diversas perseguições na Universidade de São Paulo, o legado de Alfredo Ellis Júnior foi ofuscado pelos preceitos acadêmicos da época. Por ter sido membro do PRP, Ellis Júnior era visto como conservador e desatualizado. No entanto, se o Brasil teve Sérgio Buarque de Holanda como historiador essencial, São Paulo teve Ellis Júnior, o que faz dele nome imprescindível para compreender a história do Brasil fora do eixo tradicional traçado pelos historiadores brasileiros que ignora grande parte do desenvolvimento do Sul do país.
Não obstante, Alfredo Ellis Júnior ainda é essencial para entender a relação entre São Paulo e o resto do Brasil, como exposto na obra Confederação ou separação: “Levado, talvez, pela sua obstinada oposição systhematica, o Partido Democrático, procedeu brasileiramente, como se o Brasil fosse um país unitário, ao envez de agir paulistamente, tendo a visão geral das cousas, isto é que, o Brasil não é senão um agrupamento de paizes, tendo cada um deles interesses antagonicos e chocantes.”
Estudos:
  • O Bandeirismo Paulista e o Recuo do Meridiano (1924);
  • Raça de Gigantes (1926);
  • Confederação ou Separação (1933);
  • A nossa guerra. Estudo de synthese critica político-militar (1933);
  • Populações Paulistas (1934);
  • Pedras Lascadas (1935);
  • A Evolução da Economia Paulista e suas Causas (1937);
  • Meio Século de Bandeirantismo (1939);
  • Panoramas Históricos (1946);
  • O Café e a Paulistânia (1951);
  • A economia paulista no século XVIII. O ciclo do açúcar, o ciclo do muar (1952).
Romances
  • A madrugada paulista, lendas de Piratininga (1934);
  • O Tigre Ruivo (1934);
  • Jaraguá, romance de penetração bandeirante (1935);
  • Amador Bueno, rei de São Paulo.
Biografias
  • Amador Bueno;
  • Raposo Tavares;
  • Diogo Antônio Feijó;
  • Tenente-coronel Francisco da Cunha Bueno (seu avô);
  • Alfredo Ellis (seu pai).
Referências:
História, memória e biografia: entre a anedota e a interpretação – Diogo da Silva Roiz, Revista Católica.
Usos do passado e escrita da história: o bandeirante e a história paulista em Alfredo Ellis Jr. (1932-37) – Diogo da Silva Roiz, Revista de Ciências Humanas (UFSC).

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