O presidente do Sudão, Omar Al-Bashir, disse nesta segunda-feira que aceitará os resultados finais do referendo ocorrido em janeiro sobre a independência do sul do país, que estão prestes a ser divulgados.Os números oficiais da votação devem ser anunciados por volta das 14h30 (hora de Brasília), mas prévias indicam que cerca de 99% dos que foram às urnas apoiaram a divisão do país, o maior da África."Nós aceitamos estes resultados e os recebemos bem porque eles expressam o desejo dos cidadãos do sul, e nós apoiamos estes desejos, sejam quais forem", disse Bashir no canal de televisão estatal.Bashir afirmou que está comprometido com as boas relações com o futuro Estado do Sul.A votação estava prevista em um acordo de paz entre as duas regiões em 2005, que pôs fim a mais de duas décadas de guerra civil.DesafiosO secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que a comunidade internacional deve ficar orgulhosa do referendo pacífico no Sudão, mas lembrou que o novo país terá muitos desafios pela frente para “resolver assuntos pendentes”Ban citou como exemplos a demarcação de fronteiras, a divisão de riqueza e questões relativas à cidadania e à segurança.O secretário também disse que a comunidade internacional também terá o “grande desafio” de ajudar o Sudão do sul, “para que eles possam se manter de maneira sustentável e viável”. “Temos muita responsabilidade de ajudá-los", afirmou.Os Estados Unidos também disseram que o país africano será removido da lista de países acusados de patrocinar o terrorismo se o referendo chegar ao fim pacificamente.Apesar de a votação ter transcorrido sem violência, a tensão permanece na região da fronteira entre norte e sul.Pelo menos 50 pessoas foram mortas no último fim de semana em conflitos entre soldados no Estado do Alto Nilo, no sul.O confronto aconteceu por causa de uma disputa para saber quem ficaria com a artilharia pesada quando o equipamento for levado para o norte da nova fronteira.CelebraçãoO correspondente da BBC em Juba, capital do sul, diz que cerca de 200 pessoas se reuniram para celebrar o anúncio do resultado horas antes de que ele aconteça.Os cidadãos se reuniram na sepultura do ex-líder rebelde John Garang, o primeiro presidente do sul. Eles cantavam, batiam tambores e alguns diziam estar "muito ansiosos" para esperar."Agora eu sou uma cidadã de primeira classe em meu próprio país", disse a dona de casa Abiong Nyok à BBC.O sul e o norte já se enfrentaram em duas guerras civis, nas quais estima-se que mais de 2 milhões de pessoas morreram.O sul se considera diferente do norte em cultura, religião e etnia, e acredita ter sofrido anos de discriminação.James Copnall, correspondente da BBC na capital sudanesa, Cartum, diz que o anúncio dos resultados finais não será o fim do processo.Assuntos como a disputa pela região de Abyei, na fronteira, a cidadania e recursos como o petróleo terão de ser negociados.Apesar de ser rico em petróleo, o sul do Sudão é uma das regiões menos desenvolvidas do planeta, e a tensão com o norte trará frequentes ameaças para a segurança.Segundo Copnall, muitos cidadãos do sul acreditam que a união forçada com o resto do Sudão foi uma catástrofe, e receberão com alegria o resultado da votação.A declaração formal de independência deverá acontecer em 9 de julho de 2011, seis anos após de entrar em vigor o acordo de paz que levou ao referendo.
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Presidente do Sudão diz que aceita separação do Sul
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