sábado, 20 de novembro de 2010

Formação espiritual de médicos

"Spiritual Care" é uma matéria obrigatória na Universidade de Munique que visa ajudar os médicos a prestarem assistência espiritual e psicológica para pacientes terminais.


Durante um curso de medicina, os futuros médicos aprendem muito sobre doenças e seus tratamentos. Mas o que faz um médico quando um paciente não pode mais ser curado? Ou seja, quando não se trata apenas de assistência médica, mas de apoio emocional?
Pacientes têm direito à assistência espiritual
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), todo paciente terminal tem direito a ajuda médica, psicológica e espiritual. Mas este último aspecto ainda é pouco explorado.
"Tornar médicos jovens e mesmo os mais experientes aptos a prestar assistência espiritual é visto por nós hoje como uma tarefa da medicina", afirma Eckhard Frick, professor da Universidade Ludwig Maximilian, de Munique. Juntamente com o colega de trabalho Traugott Roser, ele criou a primeira disciplina obrigatória de "Spiritual Care" da Alemanha.
Um projeto singular na Europa
Com a cátedra "Spiritual Care", a Universidade em Munique é a única da Europa que cumpre a exigência da OMS. Em salas de leitura, grupos de discussão e seminários, os alunos debatem temas como luto, assistência psicológica e espiritualidade.
Professor Traugott Roser, da Universidade de MuniqueBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift:  Professor Traugott Roser, da Universidade de Munique A disciplina é ministrada em cooperação com as faculdades de Teologia e Ciências Sociais da Universidade de Munique.  A disciplina está associada à medicina paliativa – uma matéria do curso de medicina que se concentra em pacientes com doenças em estágio avançado e expectativa de vida limitada.
Desde 2009, a medicina paliativa é obrigatória nos cursos de medicina. Sua prioridade é melhorar a qualidade de vida dos pacientes e de suas famílias. Isso inclui responder a questões sobre, por exemplo, o sentido da vida.
Ateus também têm orientação espiritual
Ao contrário dos capelães em hospitais, que trabalham pela igreja, os dois professores exercem suas atividades em nome da faculdade de medicina e trabalham com todas as confissões, embora sejam mais explorados os fundamentos do Cristianismo e do Judaísmo.
De acordo com Frick, mesmo um ateu tem uma orientação espiritual, o mais tardar quando ele se depara com a finitude de sua vida.
O aspecto mais importante: a fonte de energia
"Spiritual Care" exige que os médicos não deem respostas padrão. O paciente deve ser o mais importante. "Procuramos estabelecer um diálogo sem estipular que ele deva pensar isso ou fazer aquilo", afirma o médico que ensina Antropologia Psicossomática. Os futuros profissionais precisam, logo no início do tratamento, encontrar as fontes de energia de seus pacientes, explica.
Música pode trazer conforto para os pacientesBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift:  Música pode trazer conforto para os pacientesTal fonte que muitos religiosos entendem como Deus varia bastante para cada pessoa. A visita de amigos, por exemplo, pode ser uma fonte de energia, assim como uma música de Mozart – um artista que desde muito jovem se deparou com a morte. "Mozart também teve uma orientação espiritual, que pode ajudar as pessoas nos dias de hoje", afirma Eckhard Frick.
Ceticismo dos colegas
Alguns colegas médicos veem com ceticismo a mescla entre espiritualidade e medicina e muitos descrevem o trabalho de Eckhard Frick e Traugott Roser como uma disciplina irrelevante. "Spiritual Care", também conhecida como "disciplina experimental", terá cinco anos para se afirmar, tempo assegurado pelo financiamento.
Autora: Gollmer Anggatira (mda)
Revisão: Roselaine Wandscheer

DW

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