terça-feira, 2 de novembro de 2010

ELEIÇÕES E RESISTÊNCIAS FEDERATIVAS


1. O resultado da eleição presidencial se deve a um fator básico: a vontade de continuidade por parte do eleitor. Há fatores e fatos que estimulam essa tendência, e outros que desestimulam. A história política de um país é um elemento que deve sempre ser considerado. É, portanto, um fator ou um fato ou mesmo um ambiente indutor ou não.
                
2. A República brasileira, após o governo de transição eleito indiretamente (Deodoro, Floriano), elegeu diretamente e de forma sequencial três presidentes de SP: Prudente de Moraes, Campos Sales e Rodrigues Alves. Quando S. Paulo insistiu no quarto presidente, o governador Bernardino de Campos, a reação veio, especialmente de Minas Gerais, e dela a escolha de Afonso Pena e o início do que se chamou política café (SP) com leite (MG). A insistência, na eleição de 30, em suceder um presidente de SP (Washington Luis), com o governador de SP (Julio Prestes), produziu a revolução.
                
3. A eleição e reeleição de FHC e depois de Lula, marcou outra vez uma série de três presidentes de SP. Em 2006, além dos dois candidatos competitivos serem de SP (Lula e Alckmin), Lula, habilmente, e pelos próprios fatos e pesquisas, se mostrou como representante do Nordeste.
                
4. Agora, em 2010, outra vez SP apresenta seu candidato, inquestionavelmente o quadro mais qualificado para a função de presidente. Independente do favoritismo do esquema de continuidade Lula-Dilma e das nuances da campanha eleitoral, o fator federativo e regional criou um ambiente desfavorável a mais um presidente de SP.  As próprias pesquisas qualitativas realizadas mostraram isso. Serra, com seus reiterados exemplos de programas, em várias áreas, que funcionaram muito bem em SP, terminou reforçando este ambiente. E as pesquisas qualitativas voltaram a indicar.
                
5. É claro que esse não foi um fator determinante. Mas é claro, também, que ajudou a construir um quadro de dificuldades adicionais, além de todas as que teria que enfrentar, como a popularidade de Lula, o uso abusivo da máquina, etc., etc.

Texto de César Maia, em sua newsletter.
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Comento: Concordo com Maia no que diz respeito com essa ideia que ele apresenta dizendo que tanto Lula da Silva, quanto FHC, mesmo não nascidos no Estado Bandeirante, haviam feito parte (FHC) ou toda (Lula) as suas carreiras políticas aqui. Todavia, desde de Júlio Prestes, o Brasil não tem um presidente paulista, isso sem contar Júlio foi impedido de tomar posse, por motivos totalmente políticos e imorais.

O Brasil, é mais do evidente, tem em muitos setores de sua sociedade um certo preconceito quando olha para São Paulo, sempre nos vendo como golpistas ou então vis exploradores. Trata-se isso de pura inveja, o que deveria ser motivo de orgulho e exemplo para todo o país (o desenvolvimento espetacular do Estado de São Paulo) é motivo de injúrias e ódios por parte de nossos "irmãos brasileiros", mesmo que bastardos (com uma conotação não tão pejorativa quanto isso pode parecer).
Portanto, muitos veem a eleição de um presidente legitimamente paulista como uma ameaça ao equilíbrio da "nação" brasileira, um momento de exploração e submissão ao "branco capitalista reacionário do sul".

Julio C S Bueno

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