quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Nove de Julho - Revolução de 32 aponta o valor da autonomia diante de um Estado centralizador

12 de julho de 1997 
 
Nove de Julho - Revolução de 32 aponta o valor da autonomia diante de um Estado centralizador
 
A resolução do governador Mário Covas de declarar feriado o dia 9 de julho merece gerais aplausos, pois nenhuma data deve ser tão cara à gente paulista do que essa, que representa não somente seu amor à democracia como o brioso sentimento de seus valores próprios. Se me perguntassem qual é o sentido mais alto da Revolução de 32, não vacilaria em declarar que foi o da autonomia de nosso Estado. Digo isso como um dos soldados remanescentes desse dignificante ato revolucionário.

Foi talvez essa a razão que levou a Sociedade Veteranos de 32 - MMDC a outorgar-me a medalha Pedro de Toledo, quarta-feira, junto ao Mausoléu do Soldado Constitucionalista, no Parque do Ibirapuera. Foi o laurel que até agora mais me comoveu, pois me fez voar 65 anos até o momento em que, estudante na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, me encontrava em um momento de indecisão, convencido de que não podia mais continuar apegado à doutrina marxista, muito embora sem abandono dos valores sociais, buscando compor democracia com justiça social.

A Revolução de 30, fonte direta da reação armada paulista, tinha dois sentidos que deviam ter sido complementares para bem do povo e, para infelicidade nossa, até agora não foram conjuntamente alcançados. Um era de natureza política, em prol do Estado de Direito, tal como o pregava a Aliança Liberal; o outro referia-se às reivindicações sociais, que o pretenso "socialismo científico" acabou absorvendo rumo ao Estado Totalitário.

Pode-se dizer que, com Getúlio Vargas no poder, ambos os ideais foram abandonados, adiando-se indefinidamente a constitucionalização do País, e, como engodo, surgiu a triste idéia do "peleguismo", ou seja, da organização sindical à sombra protetora do Estado.

Mas a história, como bem ensina Fernand Braudel, deve ser analisada segundo suas "conjunturas", à luz de suas peculiares circunstâncias. Ora, como saliento em minhas Memórias, o que, na época, mais afligia a gente paulista - sem olvido dos princípios democráticos violados, mas, no fundo, em razão deles - era o opróbrio que sofríamos, dado o desprezo do todo-poderoso Governo Provisório federal por nossa autonomia. O que, em suma, mais nos revoltava era a sujeição de nosso Estado ao ultrajante domínio alheio, sobretudo quando comparávamos a nossa situação com a de Minas Gerais, que conservara até o seu governador.

Sentíamo-nos todos espezinhados, como se não tivéssemos participado do movimento revolucionário de 30, com títulos pelo menos iguais aos de vários Estados contemplados com o galardão do autogoverno, não obstante com as limitações decorrentes de uma fase de transição.

É por tais motivos que qualifiquei a Revolução de 32 por seu valor dominante, o da autonomia, base essencial do ordenamento federativo, o que é bom lembrar, pois, ao longo dos anos, mesmo sem precisar pensar no Estado Novo, a nossa se tornou uma federação altamente centralizada, sobretudo no que se refere à ordem econômica.

Foi dito que ao movimento paulista ficou alheio o proletariado da capital, contando apenas com a classe média e a população do interior, tanto da área urbana como da rural. Muito embora desconheça dados estatísticos confiáveis a respeito, é possível que em parte assim tenha sido, pois me lembro que uma de nossas manifestações estudantis pró-Constituição foi dispersada por numerosa coluna de operários pertencentes à Legião Revolucionária chefiada pelo "general" Miguel Costa, em defesa dos interventores militares que então governavam do palácio dos Campos Elíseos.

No segundo pelotão do Batalhão Ibrahim Nobre, que, por não ter completado o necessário efetivo, fora integrado nos quadros da Força Pública, eu tive o prazer de conviver com estudantes (em maior número), operários e componentes da FP, esses encarregados da pequena metralhadora que nos fora atribuída.
É aqui que começam as nossas decepções, pois, se havia dedicação e até mesmo heroísmo por parte dos que foram espontaneamente às frentes de combate - e eu fui guindado ao posto de sargento, por ser o único reservista em meu grupo da Faculdade de Direito -, a decisão de desencadear o movimento fora tomada por seus líderes, cientes da deficiência de forças militares devidamente preparadas, bem como do imprescindível material bélico, talvez contando com promessas de adesões valiosas, que não foram sabidamente honradas. São Paulo ficou só, mas, nem por isso, faltou a seus deveres cívicos, numa improvisação surpreendente.

Não é o caso de indagar, no presente artigo, das causas de nosso insucesso, nem de apurar responsabilidades, pois o que conta na Revolução de 32 é a sua razão histórica, mesmo porque há uma equivalência ética entre ganhar ou perder as batalhas do ideal. Nos combates travados, que Hernani Donato soube retratar com admirável acuidade, procuramos suprir a carência de armas com engenho e alma.

Nem se poderá dizer que não houve vitória alguma atribuível ao nosso grandioso gesto, pois, sem ele, não teria havido restituição de nosso poder civil, nem a Constituição de 1934, destinada a ter poucos anos de vigência por outros motivos, objeto de conhecidos estudos de historiadores e politicólogos.

O certo é que, nos anais da história pátria, MMDC marca com letras de fogo a unidade e a autonomia da gente paulista, que agora um grupelho de insanos tenta desmembrar. Mas esse é assunto que exige artigo especial.

Sobre o separatismo na Revolução de 1932


MOVIMENTOS CÍVICOS - INFORMAÇÕES HISTÓRICAS

São Paulo, 02 de outubro de 2013
81 Anos da Cessação das Hostilidades do Movimento Constitucionalista de 1932

SÃO PAULO, 2 DE OUTUBRO DE 2013

81 anos da CESSAÇÃO DAS HOSTILIDADES DO MOVIMENTO CONSTITUCIONALISTA DE 1932.

Nessa data, 2 de outubro, sempre acontece uma solenidade no MONUMENTO- MAUSOLÉU DO SOLDADO CONSTITUCIONALISTA, no IBIRAPUERA, cujos preparativos são realizados pela Polícia Militar do Estado de São Paulo, apoiando a Sociedade Veteranos de 32-MMDC.

Em 2 de outubro de 1932, às 15:30 horas, o CORONEL EDUARDO LEJEUNE, o MAJOR MÁRIO RANGEL e o CAPITÃO JOÃO FRANCISCO DA CRUZ, todos da FORÇA PÚBLICA DE SÃO PAULO, apresentaram-se diante do GOVERNADOR PEDRO DE TOLEDO, comunicando-lhe que ele estava deposto, que o CORONEL HERCULANO DE CARVALHO E SILVA havia sido nomeado GOVERNADOR MILITAR DO ESTADO e que terminava a luta. Diante desses fatos, elaborou-se um documento, encabeçado pelo próprio PEDRO DE TOLEDO, sempre altivo, com detalhadas e corajosas explicações “AO POVO DE SÃO PAULO”.

Houve inconformismo popular, difícil de ser contido. Na frente de batalha, mesmo diante da situação totalmente adversa, alguns soldados não aceitaram o final das hostilidades. Não concordando com aquele epílogo, o CORONEL EUCLYDES DE FIGUEIREDO pretendeu resistir, com uns poucos e obstinados combatentes. Mas, todos foram presos doze dias após. IBRAHIM NOBRE, exaltado, fez um desabafo: “A Revolução não deveria terminar assim. Depois que fossem os filhos, iriam os pais. Depois que eles morressem, iriam as irmãs, as mães, as noivas. Todos morreriam. Mais tarde, quando alguém passasse por aqui, neste SÃO PAULO deserto, sem pedra sobre pedra, levantando os olhos para o céu, haveria de ler, no epitáfio das estrelas, a história de um povo que não quis ser escravo”. Com as esperanças perdidas, porém com a dignidade conservada, os líderes civis e militares da Revolução foram presos. Arbitrariamente, a Ditadura remeteu-os na direção do Nordeste, pelo navio-presídio “PEDRO I”, do qual foram transferidos para o “SIQUEIRA CAMPOS”, em RECIFE. Esperava-os o exílio, no acolhedor PORTUGAL.

Em 1932, foi cunhada uma moeda que dizia “TUDO POR UM SÃO PAULO FORTE NO BRASIL UNIDO”. No outro lado lemos: “AOS HERÓICOS SOLDADOS DA LEI, DEFENSORES DA MAIS ALTA ASPIRAÇÃO NACIONAL. HOMENAGENS DO POVO DE SÃO PAULO.” Esses dizeres simples demonstram o espírito nacional do Movimento que pretendia a reconstitucionalização do BRASIL.

Infelizmente, ainda em nossos dias, pretensos historiadores que não conhecem a fundo o que foi o Movimento Constitucionalista, dizem que SÃO PAULO queria se separar do BRASIL. Nada mais infame. Uma das provas mais eloquentes que outros Estados também participaram do esforço de reconstitucionalização do País está o episódio em que os artilheiros do Forte ÓBIDOS, sobre o Rio AMAZONAS, partem para tomar MANAUS e, não podendo transportar os seus obuses, armam-se apenas com metralhadoras e fuzis, ocupando pequenos barcos. Contra eles, que sobem o rio, o governo estadual expediu dois navios com tropas. O encontro ocorreu diante do ITACOATIRA. Um dos navios, o BAEPENDI, o maior dos que sulcavam o AMAZONAS, foi empregado como aríete sobre as frágeis embarcações dos revoltados. Jarbas Passarinho assim conta o episódio: “Agindo com essa proa como se fosse um aríete, afundou-os. Em seguida, sem nenhuma contemplação para com os náufragos, metralhou-os.”

Acredito que os escritores que afirmam que São Paulo queria se separar do Brasil não conhecem o manifesto da Frente única, desertada por FLORES DA CUNHA. Essa Frente Única cumpriu o seu compromisso pelo brio pessoal de BORGES DE MEDEIROS, RAUL PILLA, FONTOURA, COLLOR, BATISTA LUZARDO e outros. Saíram a campo, em operações de guerrilhas que pelo menos retardaram a subida de tropas estaduais destinadas a combater os constitucionalistas de São Paulo. Só a 20 de setembro, aprisionado BORGES DE MEDEIROS, acaba a guerrilha constitucionalista da FRENTE ÚNICA gaúcha.

Também não devem conhecer o manifesto assinado por dom DUARTE LEOPOLDO E SILVA, arcebispo Metropolitano de SÃO PAULO; monsenhor GASTÃO LIBERAL PINTO, vigário-geral; JOSÉ MARIA WHITAKER, diretor do BANCO COMERCIAL; FRANCISCO PAIS LEME DE MONLEVADE, diretor da Estrada de Ferro SOROCABANA; GUILHERME DE ALMEIDA, da Academia Brasileira de Letras; CANTÍDIO DE MOURA CAMPOS, diretor da Faculdade de Medicina; desembargador COSTA MANSO, presidente do Tribunal de Justiça, e PLÍNIO BARRETO, presidente do Instituto dos Advogados, intitulado “AO POVO BRASILEIRO” acentuando: “SÃO PAULO não pegou em armas para combater os seus queridos irmãos dos outros Estados, nem para praticar a loucura de separar-se do BRASIL, mas unicamente para apressar a volta do País ao regime Constitucional. Enganam-se os que supõem que a atitude de SÃO PAULO esconde propósitos separatistas e é obra de partidarismo político. Podemos afiançar que é essencialmente nacionalista e sem o mais leve colorido partidário.”

81 anos passados, lembremos os grandes feitos dos nossos três irmãos gaúchos sacrificados em SÃO JOÃO; daquela moça loira que aos ombros de dois rapazes fazia ondear a bandeira paulista no Centro da Capital Federal, RIO DE JANEIRO; daquele herói juvenil paraense, PAULO CÍCERO TEIXEIRA, lutando uma noite inteira e morrendo com o dedo no gatilho; daqueles estudantes baianos feridos na Faculdade de Medicina; dos 38 mil voluntários paulistas; dos quase 300 mortos nas fileiras da FORÇA PÚBLICA, a maioria filhos de outros Estados; daqueles outros 330 voluntários que deram seu sangue pela causa constitucionalista; daquelas heroicas mulheres curitibanas; das 72 mil mulheres paulistas que deixaram o lar para servir à Revolução. Que sejam lembrados neste dois de outubro também os voluntários gaúchos que formaram em SÃO PAULO o BATALHÃO BENTO GONÇALVES; e também os mineiros, que a exemplo dos gaúchos, organizaram o BATALHÃO TIRADENTES; dos heróis mato-grossenses de PORTO MURTINHO, COXIM, TRÊS LAGOAS; dos voluntários do PARANÁ; do BATALHÃO GOIANO; da FRENTE ÚNICA do RIO GRANDE DO SUL; dos estudantes de BELAS ARTES do RIO; dos heróis de ÓBIDOS, no AMAZONAS; dos de SOLEDADE, no RIO GRANDE DO SUL; do Batalhão de garimpeiros de MATO GROSSO; dos constitucionalistas de VIÇOSA e ARAPONGA, em MINAS; dos combatentes pela causa paulista de CASTRO (dessa cidade paranaense um tenente comandou um esquadrão de cavalaria que veio para São Paulo e lutou na região do Túnel da Mantiqueira). Outra cidade do PARANÁ que lutou pela causa constitucionalista foi SENGÉS.

Quero frisar com essas palavras o caráter nacional da Revolução Constitucionalista de 1932, afastando de uma vez por todas o mito do separatismo que pairava sobre SÃO PAULO, fruto de uma bem urdida manobra de GÓIS MONTEIRO, chefe das forças ditatoriais. Acredito mesmo que o tempo fez esquecer toda essa gente que lutou ao lado de SÃO PAULO.

O momento dessa solenidade de 2 de outubro é o ideal para agradecermos aos nossos irmãos do BRASIL que comungaram conosco o ideal de Direito, da luta pela reconstitucionalização do BRASIL, conspurcada pelo governo ditatorial de VARGAS.

Saibam que a única bandeira de Estado que tem o BRASIL em sua formação é a de SÃO PAULO. Dizia-se em 1932 PRO BRASILIA FIANT EXIMIA. Os selos, o dinheiro, tudo dizia para um BRASIL MELHOR. Onde está o separatismo? Somente na cabeça de maus brasileiros que pretendem denegrir o nosso Estado.

Hoje, são poucos os heróis de 1932 que estão vivos, bem poucos, cerca de apenas 54. No Monumento Mausoléu estão imortalizados 788 combatentes. A maioria dos heróis são de outros Estados ou de outros países, uma prova de que não havia idéia de separatismo no Movimento Constitucionalista. Neste ano, no 9 de Julho, onze veteranos foram se juntar aos 777 que ali formam a grande falange dos bravos que lutaram por nós há 81 anos.

Em homenagem à plêiade de heróis de 1932 tomo a liberdade de ler a carta do TENENTE MARIO HILÁRIO DALLARI. Ele partiu de SÃO PAULO integrando o 2º Batalhão da FORÇA PÚBLICA “MARCÍLIO FRANCO”. O TENENTE MÁRIO DALLARI, no dia em que partiu para o “front”, em 13 de julho de 1932, enviou aos seus familiares, em SERRA NEGRA, uma carta em que prenunciava a sua própria morte:

Bendita e adorada mãe, querido pai, inesquecíveis irmãos, sobrinhos e cunhados:

A DEUS peço ter-vos sob sua bendita guarda. Talvez, entes do meu coração, ao chegar estas linhas em vossas mãos, já o meu corpo se corrompa na podridão esfalecedora dos vermes asquerosos, ou talvez ainda eu esteja me batendo pela causa sacrossanta de SÃO PAULO e do nosso amado BRASIL. Se vos endereço esta carta, no dia de minha partida para o “front”, é para pedir-vos perdão pelos desgostos que vos tenho dado e dizer-vos que, se parti para a frente de batalha, não foi por falta de conselhos de meus queridos amigos AURÉLIO LEME DE ABREU, Dr NELSON, ROQUE, dona AINDA e meu tio FERRÚCIO, que me pediram muita prudência para tomar essa decisão.

Parti, porque assim me ordenava o coração e assim exigem os meus brios de paulista e de brasileiro. Levo sobre o meu coração, a medalha que minha abençoada mãe me deu, quando deixei minha casa para servir o Exército.

Se, por desventura, uma bala me ferir e eu tenha tempo, beijarei a imagem do SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS, da medalha, e pedirei perdão a meu pai, e o SAGRADO CORAÇÃO DE MARIA SANTÍSSIMA, como sendo minha mãe.

Não culpem ninguém por este meu ato. Se eu morrer, sentir-me-ei honrado morrendo por SÃO PAULO e pelo BRASIL. Lembranças minhas aos padrinhos FELIPE e MARIA JOSÉ e aceitem um forte abraço do filho que vos pede a bênção, do irmão, tio e cunhado, MÁRIO. VIVA SÃO PAULO, VIVA O BRASIL. VIVA A DEMOCRACIA. SÃO PAULO, 13 de julho de 1932.

O bravo serrano MÁRIO DALLARI, que, pela sua coragem e espírito guerreiro, foi logo promovido ao posto de 2º Tenente, morreu a 10 de setembro, quando, comandando um pelotão, tentava a travessia do RIO DAS ALMAS, na região de ITAPETININGA.

Essa carta foi-nos entregue pelo doutor HÉLCIO DALLARI JÚNIOR, nosso associado, no dia 19 de maio de 2006.

Expressando o sentimento de 1932, trazido para os dias atuais, um de nossos associados assim se expressa:

O Brasil é um país que resiste na beira do abismo. Abençoado por Deus e pela natureza, vive na dúvida entre o atalho do atraso e a reta da certeza. Uma nação que maltrata sua história e não agradece, todos os dias, a generosidade divina que nos concedeu uma extensão territorial de dimensão continental, rica em terras férteis, praias que enchem os olhos do mundo inteiro, água doce em abundância, fauna e flora que não devem nada aos países mais ricos.

Todos os versos e cantos ufanistas de nossa Pátria são verdadeiros e merecem o cultivo da eternidade. Quando Gonçalves Dias declama que “Nossa terra tem palmeiras, onde canta o sabiá...”, pratica um ato de civismo exemplar pelo caminho encantador da poesia. Assim como outros brasileiros exemplares, Gonçalves Dias tentou plantar raízes de civismo e amor à Pátria.

Civismo é a difícil tarefa de amar, em grandeza superior, os valores do País, do Estado e do Município. Uma pessoa acometida do vírus cívico é aquela que consegue romper os muros estreitos e menores de um cotidiano medíocre para se envolver em lutas e projetos que dignifiquem a vida. É fácil, cômodo e comum viver a pobre rotina da casa para o trabalho e de trabalho para casa, intercalada por um tempo livre que nada acrescenta e apenas demonstra que existe gente que passa por este mundo sem nunca ter vivido.

E a grande tragédia contemporânea do Brasil é a crescente alienação de sua população em relação aos valores cívicos que deveriam nortear uma nação civilizada.

Os jovens desapareceram das praças e a política, ciência superior do poder, deixou de ser pensada e discutida nas esquinas, evidenciando uma decadência social e cultural de elevada periculosidade cívica. A história nos ensina que o afastamento da juventude é um sinal de alarme para as nações, exigindo dos patriotas uma providência qualquer diante da falência de nossas instituições.

Por muito menos do que acontece no Brasil atualmente, os paulistas pegaram em armas dia 9 de Julho de 1932. Data máxima do povo paulista, 9 de Julho é a referência de honra e glória que jamais deixaremos desaparecer de nossa história.

Fizemos a maior guerra civil da história do Brasil em busca de uma Constituição para conquistarmos a democracia. Fomos derrotados militarmente, mas vencemos politicamente. Mesmo com a ditadura usando o rádio como propaganda enganosa, vendendo ao Brasil a idéia de que nossa revolução era separatista, liderada pelos italianos e barões do café, conseguimos a Constituição em 1934 e grandes avanços em direção à cidadania, como a conquista do voto feminino, por exemplo.

9 de Julho é o exemplo para sempre. Em 1932 fizemos a maior guerra cívica militar. Hoje, precisamos, EM PAZ, promover esse movimento cívico, partindo de São Paulo, para resgatar a ética, o próprio civismo e a cidadania numa nação destroçada pela corrupção.

O Brasil precisa buscar o exemplo nos tempos atuais da Epopeia de 32, onde o IDEAL DO DIREITO era a única meta daqueles 130 mil homens, mulheres e crianças envolvidos no Movimento Constitucionalista Eles conseguiram, embora derrotados pelas armas, o retorno da Carta Magna do País. A eles nosso preito de gratidão!

Um aplauso veemente a todos aqueles que lutaram pelo BRASIL e aos verdadeiros brasileiros que nos dias atuais veneram os HERÓIS DE 1932, reconhecendo neles o baluarte do nosso Estado de Direito! Nossa veemente repulsa aos pretensos historiadores que falam em separatismo e que deturpam a EPOPEIA DE 1932.
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MARIO FONSECA VENTURA
CORONEL PM
Secretário da Sociedade Veteranos de 32 - MMDC