sábado, 19 de fevereiro de 2011

Onda de conversões preocupa ditadura socialista do Vietnam

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Montanheses vietnamitas convertidos ao catolicismo

As numerosas conversões ao catolicismo, ocorridas no grupo étnico vietnamita dos Montanheses, causam pânico ao governo da província de Kontum., noticiou o blog Catholic Culture.


Por ocasião do Natal, dirigentes socialistas locais, amparados por policiais e milicianos, impediram a celebração da Missa do bispo diocesano D. Michael Hoang Duc Oanh na cidade de Son Lang, embora houvesse aprovação oficial para a cerimônia:

‒ "Se você quer a Missa, você pode sozinho, mas nenhum desses aí [os fiéis] pode participar, e não pode durar mais de uma hora!", disseram.


30.000 Montanheses converteram-se ao catolicismo em 2008, e mais de 20.000 em 2009. As autoridades vietnamitas querem frear essa tendência, que representa séria ameaça para o comunismo.

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Sinfonia Paulista: Uma visão da História de São Paulo

Muitíssimo interessante o artigo. Leitura especial para paulistas e sobretudo para brasileiros que tem ódio à São Paulo e verdadeira síndrome de coitadismo para conosco.
Odilon Nogueira de Matos – Sócio correspondente do IHGSP

Conferência proferida na sessão solene do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo no dia 25 de janeiro de 2003.

Em duas notas que há pouco tive oportunidade de publicar em nossa imprensa periódica, abordei assuntos que podem servir de prefácio à conferência que ora pretendo pronunciar. A primeira referia-se a assunto que sempre me preocupou, qual seja, o pouco interesse que se nota com relação à História de São Paulo, num contraste sensível com relação ao que se nota em diversos outros Estados brasileiros. Existem, não há dúvida, excelentes obras especializadas de alta erudição abordando temas isolados da história paulista. Quanto a isto não há a menor dúvida. Numerosos livros, quase todos resultantes de teses universitárias, enriquecem a bibliografia histórica paulista. Mas, não são obras que cheguem ao público. O que se lamenta é a falta de obras de síntese que mostrem aos interessados, mas não especialistas, nossa evolução histórica, como existem em outros Estados. Entre alguém em uma livraria e pergunte por uma “História de São Paulo” e ouvirá a já clássica resposta: “Não existe...” E, no entanto, já existiram em outros tempos. Cito apenas duas de meu conhecimento: as de Tancredo do Amaral e de Rocha Pombo, ambas publicadas no início do século passado. Parece-me significativo observar que essas duas “Histórias de São Paulo” traziam, na capa, a indicação: “Adotada oficialmente nas escolas públicas do Estado”. Quer dizer: já se estudou, até nos grupos escolares, a história de nossa terra. E por que não se estuda hoje?

O segundo artigo cuidava de outro tema, igualmente significativo: a presença paulista na História do Brasil. Este, significativamente, servirá para dar o “tom” à “visão da História de São Paulo” que pretendo apresentar nesta minha fala. A propósito, recordo a conversa que tive, há muitos anos, com um colega de outro Estado, justamente sobre o pouco interesse que se nota com relação à história paulista. Depois das minhas lamúrias, perguntou-me ele: “Para que vocês, paulistas, querem estudar a História de São Paulo se ela se confunde com a própria História do Brasil?” E para fundamentar-se, acrescentou: “Não há região do Brasil, do Norte ao Sul, que, historicamente não esteja vinculada a São Paulo”.

O que ouvi, meus caros ouvintes, encheu-me de orgulho, mas encheu-me muito mais de responsabilidade. E passei a alimentar a esperança que, infelizmente, ainda não se concretizou, de esboçar um largo painel da história paulista, desde a chegada de Martim Afonso de Souza, em 1532, até os dias atuais. Debruçando-me sobre este painel imaginário e sobre ele meditando, escolhi alguns “momentos”, não só da História, mas do Espírito e da Alma de São Paulo, para vos apresentar nesta sessão.

A História de São Paulo, eu a sinto no íntimo de meu ser, como se um ressoar de vozes e de harmonias fizesse dela uma grande sinfonia, na qual os movimentos habituais seriam substituídos por símbolos imperecíveis, mas, para cuja definição, usarei os próprios termos musicais.
Primeiro Movimento: Allegro Moderato

Em seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras, em maio de 1933, discurso que é uma das obras primas da oratória brasileira, o grande jurista e também historiador, que foi Alcântara Machado, proferiu uma frase que teve enorme repercussão, repetida milhões de vezes e muitas vezes com o seu verdadeiro sentido alterado e até deformado. Dizendo-se descendente de um dos companheiros de Martim Afonso de Souza na arribada histórica de 1532, e dizendo que sempre vivera em São Paulo, prendendo-o ao chão de Piratininga “todas as fibras do coração, todos os imperativos raciais”, pois desde a mesa em que trabalhava, a cátedra que ocupava na escola, a tribuna que usava nas assembléias, deitavam raízes nas camadas mais profundas do solo em que dormiam os mortos de que provinha, e confessando que tudo na sua pessoa traía o seu paulistanismo, a começar pela fala descansada de legítimo piracicabano, fala que esperava ouvi-la na agonia, como a ouvira no berço em que se embalara, empregou, como coroamento de suas imagens, esta frase lapidar: “Assim, nem por gracejo se lembraria alguém de por em dúvida o meu brasileirismo, porque paulista sou há quatrocentos anos...” Notai, prezados ouvintes, que Alcântara Machado considerava-se “paulista de quatrocentos anos” precisamente para que ninguém pusesse em dúvida o seu sentimento de brasilidade. E, no entanto, quantas e quantas vezes a expressão “paulista de quatrocentos anos” tem sido empregada como reflexo de um orgulho vazio e até comprometedor das legítimas tradições paulistas. Mais ainda: já a encontrei deformada na sua origem e no seu sentido em livro de grande escritor brasileiro, membro também da Academia Brasileira de Letras...
Segundo Movimento: Andante Expressivo

Em fins do século XVII, precisamente em 1696, passou pelo litoral de São Paulo, estagiando em Santos e São Vicente, o navio do Senhor de Gennes, em viagem de circunavegação. A bordo, vinha o Senhor De Froger, que, dois anos depois, publicaria em França um dos mais raros relatos de viagem de que se tem notícia. Nem Froger nem o comandante de seu navio vieram a São Paulo. Ficaram no litoral. Mas, o cronista informou que, no alto das grandes montanhas que dali de avistavam, ou seja, a escarpa da Serra do Mar, havia um burgo inteiramente isolado do resto do mundo, que mais parecia “um covil de bandidos de todas as nações”, vivendo sem lei nem rei, não permitindo que pessoa alguma lá chegasse. Onde teria o navegador francês aprendido isso, senão através dos informes desfavoráveis que sobre os paulistas se propagavam por outras regiões do Brasil, em grande parte divulgados pelos cronistas jesuítas, os quais, com boas razões, não podiam mesmo gostar dos paulistas?

Mas o depoimento do viajante francês vale como testemunho do isolamento em que São Paulo viveu quase todo o período colonial, resultante de condições geográficas bem conhecidas, criando, para a nossa terra, uma configuração sócio-econômica toda especial dentro da comunidade brasileira. Todos quantos têm estudado mais aprofundadamente a história paulista ressaltaram algumas características que marcaram a fisionomia de São Paulo nos tempos coloniais, contrastando-a com a de outras regiões do país: a pequena propriedade, a agricultura de subsistência, a policultura, as atividades vinculadas ao apresamento indígena, a expansão geográfica, a pobreza de sua sociedade, o pouco lustre de sua vida cultural, o nomadismo imposto pelas atividades a que se dedicou, o espírito de altivez, de arranjo e a tenacidade do grupo bandeirante naquelas aventuras que impressionaram os próprios homens do governo reinol. Tudo isso convida-nos ao estudo de uma história menos épica e mais humana, uma história na qual o povo apareça, como o fizeram, entre outros, Alcântara Machado, Otoniel Mota, Paulo Prado, Belmonte, Ernani Silva Bruno... Longe do fausto e da opulência da sociedade patriarcal nordestina, o que a documentação paulista nos revela é precisamente o oposto: o núcleo de extrema pobreza, sem igual no país, a tal ponto que seus filhos precisaram deixá-lo para tentar a vida em outras áreas do Brasil. Daí, o movimento quase ciclópico da expansão paulista por quase todo o país e nas suas várias modalidades – apresamento, pastoreio e mineração – as quais só podem ser entendidas, uma vez consideradas as condições físicas, sociais e econômicas que pautaram a vida do Planalto.

Mas, muito pouco São Paulo se beneficiou da expansão que seus filhos empreenderam em dilatadas regiões do País. Ao contrário: representou o bandeirismo verdadeira sangria na população planaltina, com a corrida para os centros, onde o ouro fora descoberto, e junto aos quais estabeleceram os paulistas seus arraiais, origem de numerosas cidades. Raríssima a cidade das regiões de mineração que não tenha resultado de uma fundação paulista. E não só nas Minas Gerais. Esta foi a primeira, o ponto de partida da grande expansão do século XVIII. Mal sucedidos nas Minas, os revezes sofridos pelos paulistas na chamada “Guerra dos Emboabas” - escrevi alhures – “incitam-nos a procurar novos rumos para a sua expansão. Dentro de alguns anos, novos veios auríferos serão revelados, em Mato Grosso e em Goiás, incorporando essas extensas regiões do Centro-Oeste brasileiro à área de sua influência e garantindo para Portugal a posse definitiva de tão dilatados territórios quando, em 1750, tiveram de ser delimitadas as fronteiras entre a “América Espanhola e a América Portuguesa”.

O povoamento e conseqüente desenvolvimento das regiões de mineração tornaram-nas, dentro em pouco, capitanias autônomas, destacadas de São Paulo, de maneira que, ao atingir os meados do século XVIII, a primitiva capitania paulista viu-se reduzida a menos de um terço de sua área original. O despovoamento – quantitativo e qualitativo – levou-a a tais extremos de decadência que redundou na sua própria extinção. Em 1748 desaparecia a Capitania de São Paulo, simplesmente anexada à do Rio de Janeiro. Dezessete anos perdurou esta situação, único hiato em toda a história administrativa de São Paulo. Em 1765, foi restaurada a capitania paulista, compreendendo apenas o atual Estado de São Paulo e mais o Paraná, que este, só em meados do século XIX, seria constituído em província autônoma, o último dos cortes sofridos por São Paulo em sua história quadrisecular. Tendo como base a cana de açúcar no interior da capitania, configurou-se nova fisionomia para o território paulista. A política povoadora do Morgado de Mateus, levando à ocupação do solo, mediante a concessão de sesmarias, até quase metade do atual território, quando, antes, a linha do povoamento detinha-se nas bordas da depressão periférica, encontrou na preciosa gramínia todo o seu apoio. Inúmeras cidades de hoje devem seu desenvolvimento (e às vezes sua própria existência) a essa atividade. Dentro do chamado “quadrilátero do açúcar”, as atividades subsidiárias se desenvolvem como ancilares da cultura canavieira e um esboço de vida urbana vai se delineando mais para o fim do século, quando diversos núcleos de povoamento, alegando o desenvolvimento da cultura da cana e da produção de seus engenhos, foram criados em freguesias e posteriormente em vilas, com a instalação do competente poder municipal.
Terceiro Movimento: Adágio com moto

Na segunda metade do século XVIII, o primeiro governador de São Paulo, após a restauração da capitania, escrevia ao Rei recomendando-lhe que utilizasse os paulistas se precisasse de grandes empreendimentos pelo interior das terras do seu Estado do Brasil, porque, pela experiência de mais de um século que tinham de viagens pelo sertão, conheciam-no melhor que ninguém e estariam prontos ao serviço de Sua Majestade, pois entre os seus atributos, além da coragem e da audácia, enumeravam-se: a honra, o brio, a dignidade, o senso de responsabilidade e a vontade de servir. Mas, nem seria preciso essa recomendação, pois certamente sabia o Rei e sabiam os da administração local ou metropolitana que, por mais de uma vez, já haviam sido os paulistas solicitados para grandes empresas em todo o país: chamados a conter os espanhóis nas suas investidas no Sul; chamados para ajudar os pernambucanos a expulsar os holandeses; chamados pelos alagoanos para ajudar na destruição de Palmares; chamados para auxiliar na demarcação das fronteiras delimitadas pelos tratados de Madrid e de Santo Ildefonso; chamados para conter e dominar a chamada “guerra dos bárbaros”, nos sertões do Nordeste. Que mais? O Morgado de Mateus apenas reiterava aquilo que um século já demonstrara ser real e patente: o sentido de integração, sem animosidades e sem rancores contra os habitantes de qualquer região do país, por mais isolados que dela se encontrassem. Nada havia que aproximasse social, cultural ou economicamente os paulistas dos povoadores de outras regiões do Brasil. Mas quando estas regiões apelam para São Paulo, a presença paulista não tarda e ela se identifica com os irmãos de todo o chamado “Estado do Brasil”, do qual muitas regiões haviam sido desbravadas, povoadas e até colonizadas por eles próprios.
Quarto Movimento: Allegro Maestoso

Pouco antes da Independência, visitou o Brasil o grande botânico francês Auguste de Saint-Hilaire. Autor de admiráveis relatos de viagens, demonstrou profundo conhecimento de nossa história e de nossa gente, a ponto de seus livros constituírem fontes preciosas para o estudo de nosso passado. Meditando sobre a história paulista, impressionou-se Saint-Hilaire com o movimento das bandeiras. E afirmou que, para ele, a grande epopéia do bandeirismo só teria explicação se aquela gente pertencesse a uma “raça de gigantes”. Eis o contexto de Saint-Hilaire onde se insere a expressão: “Quando se sabe, por experiência própria, quantas fadigas, privações, perigos ainda hoje aguardam o viandante que se aventura nessas longínquas regiões e se toma conhecimento do itinerário das intermináveis incursões dos paulistas antigos, sente-se uma espécie de assombro, tem-se a impressão de que esses homens pertenciam a uma raça de gigantes”.

E a que “incursões intermináveis” referia-se Saint-Hilaire? Àquelas que fizeram recuar o meridiano de Tordesilhas, aumentando de dois terços o território brasileiro e dando-nos, com pequenas modificações, o mapa do Brasil de hoje: sertanistas de Taubaté descobrem as Minas Gerais, o Anhanguera e os Pires de Campos descobrem as terras goianas; Domingos Jorge Velho perlustra o vale do São Francisco e leva as primeiras cabeças de gado, abrindo as mais antigas fazendas nos campos do Piauí; Matias Cardoso alcança o Ceará; Manuel Preto vence o Guaíra e o sul de Mato Grosso, dominando os espanhóis; Miguel Sutil, Pascoal Moreira Cabral e os Irmãos Leme descobrem o ouro do Cuiabá, e batem os sertões de Mato Grosso, alcançando as margens do Guaporé; Raposo Tavares conquista aos espanhóis o Paraná, o sul de Mato Grosso e o norte do Rio Grande do Sul, comanda o socorro paulista contra os holandeses no Nordeste, vence em armas os Andes do Peru e da Nova Granada, atinge o grande rio das Amazonas, encerrando o maior ciclo de devassamento das terras americanas; pela mesma época, Fernão Dias, depois de ter percorrido o Sul, empreende a famosa jornada esmeraldina,

“Foi em março, ao findar das chuvas, quase à entrada
do outono, quando a terra, em sede requeimada,
bebera longamente as águas da estação” ,

no dizer do maravilhoso poema de Bilac. E onde? “Para o norte inclinando a lombada brumosa”, onde “entre mateiros”, jazia a serra misteriosa, a azul Vupabuçu que lhe beijava as verdes fraldas, e onde

“Águas crespas, galgando abismos e barrancos
atulhados de prata”,

umedeciam-lhe os flancos em cujos socavões dormiam as esmeraldas. E após sete anos de jornada inútil, “combatendo índios, febres, paludes, feras, contendo os sertanejos rudes, dominando o furor da amotinada escolta”, volta com o seu tesouro falso, mas que ele crê verdadeiro e o aperta ao peito, a transbordar de pedras verdes.

“Mas num desvio de mata, uma tarde, ao sol posto,
Pára. Um frio livor se lhe espalha no rosto...
É a febre... é a morte...” .

Na terra que venceu – continua o poema de Bilac – há de cair vencido, e o herói, trôpego e envelhecido, roto e sem forças, cai junto do Guaicuí. É ainda o grande poeta parnasiano quem lhe idealiza a agonia:

“E essa face cavada e magra, que a tortura
Da fome essas privações maceraram, – fulgura,
Como se a asa ideal de um arcanjo a roçasse..”

No seu delírio, tudo lhe parecia verde, verde como uma grande esmeralda:

“Verdes, os astros no alto abrem-se em verdes chamas;
Verdes, na verde mata, embalançam-se as ramas,
E flores verdes no ar brandamente se movem;
Chispam verdes fusís riscando o céu sombrio;
Em esmeraldas flui, a água verde do rio,
E do céu, todo verde, as esmeraldas chovem...”

É uma ressurreição – continua o poeta – pois o corpo se levanta:

“E esse destroço humano, esse pouco de pó
Contra a destruição se aferra à vida, e luta,
E treme, e cresce, e brilha, e afia o ouvido, e escuta
A voz, que na solidão só ele escuta, - só:

Morre! Morrem-te às mãos as pedras desejadas,
Desfeitas como um sonho, e em lodo desmanchadas...
Que importa? Dorme em paz, que o teu labor é findo!
Nos campos, no pendor das montanhas fragosas,
As tuas povoações se estenderão fulgindo!

Quando, do acampamento o bando peregrino
Saía, antemanhã, ao sabor do destino,
Em busca, ao norte e ao sul, de jazida melhor,
Nesse louco vagar, nessa marcha perdida,
Tu foste como o sol, uma fonte de vida:
Cada passada tua era um caminho aberto!
Cada pouso mudado, uma nova conquista!
E enquanto ias, sonhando o teu sonho egoísta,
Teu pé, como o de um deus, fecundava o deserto!

Morre! Tu viverás nas estradas que abriste!
Teu nome rolará no largo choro triste
Da água do Guaicuí.. Morre, Conquistador!
Viverás quando, feito em seiva o sangue, aos ares
Subires e, nutrindo uma árvore, cantares
Numa ramada verde entre um ninho e uma flor!

Morre! Germinarão as sagradas sementes
Das gotas de suor, das lágrimas ardentes!
Hão de frutificar as fomes e as vigílias!
E um dia, povoada a terra em que te deitas,
Quando, aos beijos do sol, sobrarem as colheitas,
Quando, aos beijos do amor, crescerem as famílias,

Tu cantarás na voz dos sinos, nas charruas,
No esto da multidão, no tumultuar das ruas,
No clamor do trabalho e nos hinos da paz!
Violador de sertões, plantador de cidades,
Dentro do coração da pátria viverás!”

O espírito bandeirante continua e, ao longo dos séculos, define-se nos mais variados empreendimentos, pois bandeirante se torna sinônimo de empreendedor. Se anteontem apresava índios, descobria minas e abria fazendas de gado, se ontem cultivava a cana e depois o café e com ele construía estradas de ferro, hoje se reflete nas zonas pioneiras e nas novas atividades que criou para a sua economia. Porque, de fato, bandeirantes são igualmente os fazendeiros de café, os construtores de nossas ferrovias, os povoadores de nossas frentes pioneiras, os criadores de nossa indústria, os forjadores de nossa cultura literária, jurídica, científica, artística, que se inicia com os primeiros albores do romantismo na vetusta Academia de Direito do Largo de São Francisco, eclode na Semana de Arte Moderna e chega à grande revolução cultural de nossa época, já no século XXI.

Ao lado, pois, do movimento material de que se orgulha, também o desenvolvimento cultural com que se enobrece. Aliás, Alcântara Machado, no citado discurso da Academia Brasileira de Letras, já o lembrava ao ver em São Paulo a fusão harmoniosa das almas de Marta e de Maria: ávido de bens materiais, porque tem horror à dependência, mas igualmente ambicioso das riquezas imperecíveis, por isso mesmo tão ufano de suas fábricas e lavouras como de sua cultura e tradição. A tal ponto generoso e benéfico aos forasteiros, que se um deles chega cheio de sanhas e prevenções, logo se esquece de combatê-lo e se põe a
cortejá-lo. Tenaz como a verdade, paciente como a justiça, leal como a claridade. O nome varonil que recebeu dos jesuítas anuncia-lhe a predestinação radiosa. Nas primeiras palavras de Saulo, depois de siderado pela graça, preluz o temperamento daquele que, sem perda de um minuto, vai conquistar o mundo para o Cristianismo: Senhor, que devo fazer? A vocação histórica do paulista, remata Alcântara Machado, é como a do seu patrono: a ação. E que ação?
Último Movimento: Allegro ma non troppo

Em 1932, quando os soldados paulistas lutavam pela lei e pela Constituição, numa empresa infelizmente mal compreendida pelos outros Estados, que viram na revolução paulista um sentimento anti-brasileiro e até separatista (senti o problema porque, na ocasião, vivia em outro Estado), não tinha São Paulo ainda um brasão de armas – e era a única unidade da Federação que o não possuía – desejou naturalmente ter o seu escudo heráldico. E qual a legenda que escolheu para o seu brasão? Contrastando com o altivo “Non ducor, duce”, da Capital, escolheu a mais brasileira de todas as legendas. Vejam, prezados ouvintes: o Estado acusado de anti-brasileiro e separatista, escolhe para a legenda de seu brasão a bela frase “ Pro Brasilia fiant eximia”, isto é, “que se façam grandes coisas pelo Brasil”.

A legenda do brasão de São Paulo é bem uma síntese de sua história. Terra que, antes de pensar em si, pensou na grande Pátria: dilatando as fronteiras, aumentando assim de dois terços a superfície do país; desbravando e povoando extensas regiões de Minas Gerais, do Nordeste e do Centro-Oeste; na Independência, consolidando as instituições, com a figura de José Bonifácio, em termos de unidade nacional, contrariando tendências separatistas que em outros grupos se configuravam; na Regência, assegurando, na pessoa de Feijó, a ordem e a unidade do Império, tão ameaçadas; na República, escolhendo e defendendo o sistema federativo, por ser aquele que melhor se adaptaria ao espírito desenvolvimentista das províncias imperiais; com os três presidentes que deu à República, em seu início, consolidando o regime; com a sua Faculdade de Direito, desvinculando o país da tutela intelectual da velha Coimbra; com a cultura do café, dando ao Brasil seu esteio econômico; com suas frentes pioneiras, atraindo brasileiros de todos os Estados, que aqui se identificaram com os nossos ideais, aqui fizeram suas carreiras, inclusive alcançando, por eleição, cargos públicos e o próprio governo do Estado; com seus movimentos literários, sempre pensados em termos de Brasil e não em termos regionais, como ocorre em outras áreas onde a literatura foi marcada por intenso regionalismo, pois não temos até hoje um romance paulista bem caracterizado, como temos, por exemplo, o romance mineiro, nordestino ou gaúcho. Nessa atividade cultural, São Paulo preferiu anular-se em favor do todo nacional, pois o maior movimento literário de sua história – a Semana de Arte Moderna, de 1922 – é brasileira, nada tendo de paulista a não ser a naturalidade de seus promotores. Este espírito que faz de São Paulo um estado-síntese é a melhor afirmação de seu sentido de brasilidade, traduzido na legenda de seu brasão.

Mas, há nesta “Sinfonia Paulista” um complemento patético, que faz com que ela em vez de concluir-se com um “Allegro brilhante”, como em geral ocorre nas obras desse gênero, termine, tal como o fez Tchaikovsky na sua sexta sinfonia, com o “Adágio lamentoso”. O paulistanismo de quatrocentos anos, a que se referia Alcântara Machado; a coragem, a audácia, a honra, a dignidade, o brio, a altivez, o senso de responsabilidade, a vontade de servir tantas e tantas vezes demonstradas nos grandes momentos de sua história; a raça de gigantes lembrada por Saint-Hilaire; a fusão das almas de Marta e de Maria (ainda na imagem de Alcântara Machado), tudo isso, galardões imperecíveis de um grupo, de um povo, vai se diluindo num passado nevoento, no qual custamos a distinguir as imagens que nos foram tão caras, nem sequer vislumbrar nada do que foi, nem do que deveria ter sido sempre.

O estudo e o cultivo de nossas e do nosso regionalismo, tomada aqui a palavra no bom sentido, de que os outros Estados nos dão magníficos exemplos, deverão constituir a preocupação precípua de todos nós, para que o espírito paulista, sem bairrismo (como pode ser bairrista uma terra cosmopolita, na qual raramente se encontram sobrenomes que não sejam estrangeiros?), sem animosidades, mas com aquela altivez que os homens da terra sempre souberam ter, quando lembravam, a exemplo do lendário Sepé, que “essa terra tem dono” e, como tal, não pode e nem deve ser desfigurada, simplesmente porque acolheu brasileiros de todos os Estados e estrangeiros de todos os países.

Evitamos a desfiguração, a descaracterização de nossa terra, não só a material e cultural, mas especialmente a moral. E eu me permito uma paródia: certa vez um famoso líder religioso afirmou existirem no mundo, atualmente, mais de novecentos milhões de cristãos, o que provocou de um jornalista irônico esta terrível pergunta: “Onde estão eles?” Hoje, quando as estatísticas nos mostram que temos mais de trinta milhões de paulistas, ocorre-nos também a vontade de perguntar: “onde estão eles?” Serão paulistas mesmo ou simplesmente nascidos em território paulista? Para mim, há muita diferença, especialmente se considerarmos a quantidade imensa, que felizmente existe, de brasileiros de outros Estados e de estrangeiros de outros países, mas que se têm demonstrado mais paulistas do que se aqui tivessem nascido.

Seria o caso de esperarmos por alguma “pancada heróica” capaz de despertar as fibras de nosso paulistanismo, para que se revigorem aquelas forças que tanto nos ilustraram no passado, mas que se diluíram com o passar do tempo, com a inércia, o desinteresse, o comodismo, o aviltamento de nosso passado e a descrença no nosso futuro? Que saibamos vencer tais anomalias, tais vícios de formação, tais descaracterizações para que São Paulo tome novamente consciência de seu papel na história e na vida de nosso país. Enfim, para que os paulistas voltem a ser aquela “raça de gigantes”, a que se referia Saint-Hilaire.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A Amazônia é nossa ?

Para responder a esta pergunta é preciso antes definir três pontos: quem seríamos nós, o que é a Amazônia e o que significa possuir algo.  Para estabelecer o nós, vamos começar por determinar o que entenderemos por Amazônia.   A Floresta Amazônica é o segundo maior bioma do mundo, e se estende pelo território de nove países, mas para classificar o nós como "brasileiros", vamos limitar o "Amazônia" à parcela da floresta que se encontra no território brasileiro.  Dito isto, será que podemos dizer que cada uma das pessoas nascidas dentro da fronteira do estado brasileiro é dona (ou acionária) de uma área gigantesca de floresta?   Vamos entrar agora no terceiro ponto; como nos tornamos donos de algo?  Existem três maneiras de adquirir propriedade sobre algo: (1) comprando, (2) recebendo de presente ou (3) se apropriando originalmente de um recurso sem dono (homestead).  Para se apropriar de algo sem dono é necessário estabelecer um elo objetivo com o recurso em questão, ou, nas palavras de John Locke:
[C]ada homem possui a propriedade de sua própria pessoa.  A esta ninguém tem direito algum, além dele mesmo.  O trabalho de seu corpo e a obra de suas mãos, pode-se dizer, são propriamente seus.  Qualquer coisa que ele então retire do estado que a natureza proveu e deixou, e misture com seu trabalho e adicione algo que é seu, se torna sua propriedade.  Sendo por ele retirado do estado comum em que a natureza a deixou, a ela agregou com esse trabalho, algo que exclui o direito comum dos demais homens.  Por ser esse trabalho propriedade inquestionável do trabalhador, homem algum além de si pode ter direito àquilo ao qual tal trabalho tenha sido agregado. . . .[1]
Então, qual foi o elo objetivo que um garçom do Chuí, um pescador de Santos, um político de Brasília ou mesmo um morador de Manaus estabeleceram com toda a floresta tropical contida no território brasileiro?  Nenhum.  Ademais, não só nenhum brasileiro como também nenhuma pessoa no planeta "misturou seu trabalho" com a maioria dos recursos em questão, pois, na realidade, grande parte da floresta jamais foi tocada por seres humanos.  A floresta é um grande vazio demográfico, um deserto verde. 
Privatização
Então a Amazônia pertence ao estado brasileiro?  De fato, o governo brasileiro tem a posse do território ocupado pela parte em questão da floresta amazônica; mas ele possui a propriedade legítima desta área?  A diferença entre posse e propriedade pode ser ilustrada pelo exemplo de uma pessoa que roubou um relógio e saiu impune.  O ladrão possui o relógio, mas a propriedade do relógio continua sendo da vítima, que tem o direito de reavê-la se encontrar o ladrão.  A posse do território dominado pelo governo brasileiro começou a ser delineada antes mesmo do "descobrimento" do Brasil, em 1494, dois anos depois que Colombo descobriu a América, com o Tratado de Tordesilhas, que dizia que terras que porventura estivessem situadas na região inexplorada do planeta em que o Brasil se encontrava, pertenceriam ao reino de Portugal.  Isto, logicamente, sem levar em consideração que porções destas terras já se encontravam ocupadas — na Amazônia, antes de 1500, havia complexos urbanos de até 50.000 habitantes — e, mesmo que se tratasse de um continente vazio, nenhuma pessoa — mesmo que fosse um rei! — pode se declarar dona legítima de um recurso que sequer encontrou.   Isto é conhecido como "complexo de Colombo":
Alguns teóricos têm sustentado — naquilo que podemos chamar de "complexo de Colombo" — que o primeiro descobridor de uma ilha ou de um continente novos e sem donos pode possuir legalmente toda a área simplesmente por declarar sua reivindicação. (Neste caso, Colombo, se ele realmente tivesse aportado no continente Americano — e se não tivesse nenhum índio vivendo ali — poderia ter declarado legalmente sua "posse" privada de todo o continente).  Na realidade natural, no entanto, já que Colombo só teria sido capaz de usar verdadeiramente, de "misturar seu trabalho com", uma pequena parte do continente, o resto então continuaria a não ter dono até que os próximos colonos chegassem e estabelecessem suas propriedades legítimas em partes do continente.[2]
A atual fronteira brasileira foi definida por meio de uma série de tratados do mesmo tipo, firmados entre governos.  Fica claro então que o governo brasileiro não é dono legítimo da área de floresta que ele declara ser seu domínio.  É por isso que quem fala em "privatização da Amazônia" está defendendo um arranjo tão ilegítimo quanto os citados acima, pois ninguém pode vender o que nunca possuiu — e não está ocupado por ninguém.  O cenário da privatização, onde a atual posse estatal passa para mãos privadas pode parecer atrativo para libertários, mas isso possibilitaria que o governo vendesse enormes áreas desocupadas para indivíduos privados — fatalmente os parentes ou aliados dos governantes — que também não teriam e poderiam nunca vir a estabelecer um elo objetivo com a terra.[3]  Durante a colonização americana, ocorreu uma situação análoga a o que seria esta "privatização da Amazônia".  O reino da Inglaterra se declarou dono do território da América do Norte e os colonos
tiveram que comprar a terra pagando preços muito mais caros do que o preço nulo que teria sido obtido sem o abarcamento do governo e de seus beneficiários.  Logicamente, ainda tinham de gastar dinheiro imigrando, limpando a terra etc., mas pelo menos nenhum custo arbitrário teria sido imposto além dessas despesas.[4]
Então, nem o governo e nem indivíduos privados podem vender terras que nunca foram ocupadas e tudo que o estado poderia fazer nesta questão é sair do caminho e reconhecer os direitos de propriedades das pessoas que ocuparem as áreas que hoje estão sob a posse do estado.
Preservação
O moto "a Amazônia é nossa" parece rondar os brasileiros desde sempre, mas de maneiras bem distintas.  Durante os anos de 1960 e 70, os militares no poder tinham uma ideia que continha muitos dos elementos da exposição acima.  Com a noção de que uma terra desocupada é uma terra sem dono, e adotando o lema "Ocupar para não entregar", eles tomaram medidas para incentivar a colonização da região amazônica, entre elas abrir estradas e conceder isenções fiscais — ou seja, o governo declarou que quem se mudasse para o meio do mato, distante dos grandes centros consumidores e dos canais de exportação, e instalasse empresas ali, seria menos roubado por ele do que os que o fizessem em outros locais do Brasil.  Manaus, que estava decadente e cada vez mais desabitada desde o fim da época áurea da borracha, voltou a ser um local de migração graças à Zona Franca de Manaus, e hoje conta com uma população de 1,8 milhões.  As rodovias construídas pelo governo proporcionaram acesso a áreas antes inóspitas.  Tudo isso facilitou a extração e apropriação dos recursos naturais da região.  Curiosamente, é exatamente isto que este mesmo estado quer impedir nos dias atuais.[5]
Antigamente a selva era considerada o que ela realmente é: um inimigo a ser domado; que a natureza em seu estado bruto só tem valor depois que o homem ocupa e trabalha a terra, transformando-a ou extraindo dela recursos, que dessa forma se tornam riquezas, servindo para melhorar a vida das pessoas.  Mas, hoje, uma sanha ecológica parece ter tomado conta do mundo, e as pessoas — logicamente no conforto de seus lares nas áreas urbanas — têm na cabeça uma ideia fixa de que o que quer que não tenha sido tocado pelo homem até hoje, assim deve permanecer.  O motivo?  Melhor não perguntar. 
Algo que foi muito popular, e que se ouve até hoje, é que a Amazônia deve ser preservada pois seria o "pulmão do mundo" — querendo dizer que a floresta é responsável pela produção do oxigênio da atmosfera, ou seja, responsável pela vida na Terra.  Qualquer um que se lembre das aulas de Ciências na escola sabe que a plantas fazem fotossíntese durante o dia (trocando CO2 por O2) e respiram durante as 24 horas do dia (trocando O2 por CO2), ou seja, as florestas não produzem O2; ainda bem, pois um aumento na concentração de O2 na atmosfera poderia significar o fim da vida na terra.  E é fato que, há milhões de anos, a concentração de gases atmosféricos se mantém estável, com 76,5% de nitrogênio, 20,5% de oxigênio e 1% de outros gases, além de 2% de vapor d'água.
Mas parece que o fantasma predominante hoje é o do aquecimento global — a floresta amazônica impediria que a temperatura do planeta aumentasse, pois diminuiria a concentração de CO2 na atmosfera.  Só não explicam como, pois conforme acabamos de recordar, as plantas também produzem CO2.  E também não explicam como um gás que compõe apenas 0,03% da atmosfera iria conseguir alterar tanto a temperatura do planeta.[6]  Algum um tempo atrás, estudiosos diziam que caso a Amazônia desaparecesse, o mundo entraria numa nova Era Glacial[7].  Ademais, se as florestas exercem tanta influência na temperatura da Terra, por que esta não sofreu uma variação drástica (para cima ou para baixo) nos últimos 8 mil anos, em que houve uma redução de mais de 75% das áreas de florestas?  É difícil crer que estes 24% restantes possuem esta importância depositada neles, como se a vida no planeta dependesse da mata primária restante.  Não obstante, existem estudos sobre uma origem antropogênica da Floresta Amazônica, e desmatamentos recentes propiciaram a descobertas de geoglifos que datam do século XIII, indicando que, poucas centenas de anos atrás, aquela região poderia ser uma savana parecida com o cerrado.
Outro argumento quixotesco que costuma aparecer é o de que a fauna e a flora da Amazônia possuem propriedades ainda desconhecidas pelo homem, e, portanto, devem ser preservadas — "na Amazônia pode estar a cura para o câncer!".  Para começar, este poderia ser um argumento a favor da máxima exploração dos recursos da floresta, e não para sua "imaculação".  Quem acredita nisso pode ir agora mesmo para o meio do mato coletar "estas riquezas".  Para mostrar que o argumento existe mesmo, vou dar um exemplo.  A recente série Luta pela Amazônia, apresentada pelo Discovery Channel, na justificativa desse argumento cita que "uma possível cura para a Doença de Chagas foi encontrada no veneno da Jararaca".  Só tem um problema, a Jararaca é uma cobra encontrada do Norte do México até a Argentina!  E mesmo que fosse um réptil exclusivamente amazônico, teríamos aí uma razão para capturar e pesquisar todas as espécies da região em um local como o Instituto Butantan (logicamente que não fosse governamental), e não para manter uma imensidão de dimensões oceânicas intocada.
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Bear Grylls, protagonista da série À Prova de Tudo, também do Discovery Channel, luta para sobreviver no meio da Amazônia
E são com estes tipos de "justificativas" que o governo vai trabalhando duro para diminuir o padrão de vida de todos, com o IBAMA proibindo o corte de árvores numa área que o "complexo de Colombo" concedeu ao governo, com a Polícia Federal atacando e sequestrando seres humanos por extraírem o que eles chamam de "madeira ilegal", ou jogando em celas pobres miseráveis por capturarem bichos no mato — o que eles chamam de "tráfico de animais silvestres"— ou tantas e tantas violências que ocorrem com a aquiescência de urbanóides — pessoas que não sobreviveriam 1 dia se fossem deixadas no meio do mato.  Lew Rockwell faz uma análise sucinta desta sanha ambientalista: "É como se os socialistas tivessem descoberto que seu plano resulta em miséria, e tivessem decidido trocar seus nomes para ambientalistas e fazer da miséria seu objetivo".  E na mesma linha, Jeffrey Tucker observa que
Planejamento estatal jamais foi um meio adequado de se fazer qualquer coisa, mas pelo menos houve uma época em que o objetivo era trazer progresso à humanidade.   Era o meio errado para atingir o fim certo.  Hoje em dia, o planejamento central funciona como um meio maldosamente eficiente para atingir o fim errado [.]e se tem algo em que o estado seja realmente bom, é em destruir as coisas.A
A famosa questão filosófica que diz que "Se uma árvore cair no meio da floresta, e não estiver ninguém por perto, será que faz barulho?" poderia ser transformada para nossos propósitos aqui em "Se uma árvore permanecer na floresta sem ninguém por perto, será que ela está mesmo lá?".  Conclusão
Não, a Amazônia não é nossa.  É de quem pegar.  E que faça bom proveito, transformando recursos sem uso em riquezas demandadas pelas pessoas, que podem ser desde parques ecológicos até ornamentos para sandálias.
Fonte: INSTITUTO LUDWIG VON MISES BRASIL

As duas ideologias dominantes na Europa


euro.jpgDesde o início da União Europeia, tem havido um conflito entre os defensores de dois ideais diferentes.  Qual postura o continente europeu deve adotar: a visão liberal-clássica ou visão socialista?  A introdução do euro teve um papel decisivo sobre as estratégias dessas duas visões.[1] Para se entender melhor os problemas causados pela adoção de uma moeda única, bem como a história por trás de sua adoção, é importante estar familiarizado com essas duas visões divergentes e essenciais, assim como as subsequentes tensões que vieram à tona em decorrência de uma moeda única. A visão liberal-clássica
Os pais fundadores da União Europeia, Maurice Schuman (França [nascido em Luxemburgo]), Konrad Adenauer (Alemanha) e Alcide de Gasperi (Itália), todos católicos que falavam alemão, eram adeptos da visão liberal-clássica para a Europa.[2] Eles também eram democratas-cristãos.  A visão liberal-clássica considera a liberdade individual como sendo o mais importante valor cultural dos europeus e do cristianismo.  De acordo com essa visão, a função dos estados soberanos europeus é proteger os direitos de propriedade e a economia de livre mercado em uma Europa de fronteiras abertas, permitindo desta forma o livre comércio de bens, serviços e ideias.
O Tratado de Roma, assinado em 1957, foi a principal realização para a criação de uma Europa baseada no liberalismo clássico.  O tratado estabeleceu quatro liberdades básicas: livre circulação de bens, livre oferta de serviços, livre movimentação de capital financeiro e livre migração.  O tratado também restaurou direitos que haviam sido essenciais para a Europa durante a vigência do período liberal-clássico no século XIX, mas que haviam sido abandonados durante a era do nacionalismo e do socialismo.  O tratado representou a rejeição da era do socialismo, período esse que havia gerado conflitos entre as nações européias, culminando em duas guerras mundiais.
A visão liberal-clássica visa à restauração das liberdades do século XIX.  A livre concorrência, sem barreiras à entrada nos mercados, deveria prevalecer em um mercado comum europeu.  De acordo com essa visão, ninguém poderia proibir um cabeleireiro alemão de cortar cabelos na Espanha, e ninguém poderia tributar um inglês que quisesse transferir dinheiro de um banco alemão para um banco francês, ou que quisesse investir no mercado de ações da Itália.  Ninguém poderia impedir, por meio de regulamentações, que uma cervejeira francesa vendesse suas cervejas na Alemanha.  Nenhum governo poderia dar subsídios, algo que distorce e corrompe o sistema de livre concorrência.  Ninguém poderia impedir que um dinamarquês fugisse de seu estado assistencialista e de sua alta carga tributária e migrasse para um estado com uma carga tributária mais baixa, como a Irlanda.
Para atingir esse ideal de cooperação pacífica e prosperidade comercial, o único pré-requisito necessário seria a liberdade.  De acordo com essa visão, não haveria nenhuma necessidade de se criar um superestado europeu.  Com efeito, a visão liberal-clássica é completamente cética no que concerne a um estado central europeu; tal criação é considerada prejudicial e perniciosa para as liberdades individuais.  Filosoficamente falando, muitos defensores dessa visão são inspirados pelo catolicismo, e as fronteiras da comunidade europeia são definidas pelo cristianismo.
De acordo com a doutrina social católica, o princípio da subsidiariedade deveria prevalecer: os problemas deveriam ser resolvidos no nível mais baixo e menos concentrado possível dos arranjos.  A única instituição centralizada europeia aceitável seria uma Corte de Justiça Europeia, com suas atividades sendo restritas à resolução de conflitos entre os estados-membros e à garantia das quatro liberdades básicas.
Do ponto de vista liberal-clássico, deveria haver vários sistemas políticos concorrentes, como ocorreu na Europa durante séculos.  Desde a Idade Média até o século XIX, existiram sistemas políticos muito diferentes, tais como as cidades independentes de Flandres (região no noroeste da Europa, que inclui partes da Bélgica, França e Holanda), da Alemanha e do norte da Itália.  Havia reinados, como os da Bavária e da Saxônia, e havia repúblicas, como a de Veneza.  A diversidade política era demonstrada de modo mais explícito na fortemente descentralizada Alemanha.  Sob essa cultura de diversidade e pluralismo, a ciência e a indústria se desenvolveram e prosperaram.[3]
A concorrência em todos os níveis é essencial para a visão liberal-clássica.  Ela gera uma congruência, uma vez que a qualidade dos produtos, os preços dos fatores de produção e, principalmente, os salários tendem a convergir.  O capital vai para os locais onde os salários são menores, o que provoca sua elevação; os trabalhadores, por outro lado, vão para onde os salários são mais altos, o que faz com que essa maior oferta de mão-de-obra os reduza.  Os mercados oferecem soluções descentralizadas para os problemas ambientais, baseando-se na propriedade privada.  A concorrência política assegura o mais importante valor europeu: a liberdade.
A concorrência tributária promove alíquotas de impostos mais baixas, bem como a responsabilidade fiscal.  As pessoas "votam com seus pés", saindo dos países com carga tributária abusiva, como fazem as empresas.  Nações soberanas concorrendo entre si com diferentes cargas tributárias são vistas como a melhor proteção contra a tirania.  A concorrência também se dá na questão das moedas.  Diferentes autoridades monetárias competem para oferecer a moeda de maior qualidade.  As autoridades que oferecem moedas mais estáveis exercem pressão sobre as autoridades mais displicentes, e estas são obrigadas a se adequar e seguir o exemplo daquelas.
A visão socialista
Em direta oposição à visão liberal-clássica tem-se a visão socialista ou imperial da Europa, defendida por políticos como Jacques Delors e François Mitterrand.  Uma coalizão de interesses estatistas entre grupos nacionalistas, socialistas e conservadores faz o que pode para promover e avançar sua agenda.  Tal coalizão quer ver a União Europeia como um império ou uma fortaleza: protecionista para quem está de fora e intervencionista para quem está dentro.  Esses estatistas sonham com um estado centralizado e controlado por tecnocratas eficientes — atributo este que todos os tecnocratas estatistas imaginam ter.
Dentro desse ideal, o centro do Império deveria governar toda a periferia.  Haveria uma legislação comum e centralizada.  Os defensores da visão socialista para a Europa querem erigir um megaestado europeu, reproduzindo as nações-estado em um nível continental.  Eles querem um estado assistencialista europeu que garanta a redistribuição de riqueza, a regulamentação econômica e a harmonização das legislações dentro da Europa.  A harmonização dos impostos e as regulamentações sociais seriam executadas pelo mais alto escalão da burocracia.  Se o imposto sobre valor agregado estiver variando entre 15 e 25% dentro União Europeia, os socialistas iriam harmonizá-lo em 25% para todos os países.  Tal harmonização das regulamentações sociais é do interesse dos mais protegidos, mais ricos e mais produtivos trabalhadores, que podem "arcar" com os custos dessas regulamentações — ao passo que seus concorrentes não podem.  Por exemplo, se as regulamentações sociais alemãs fossem aplicadas aos poloneses, estes teriam grandes problemas para concorrer com aqueles.
A intenção desse ideal socialista é conceder cada vez mais poderes para o estado central — isto é, para Bruxelas.  A visão socialista para a Europa é a ideal para a classe política, para os burocratas, para os grupos de interesse, para os privilegiados e para os setores subsidiados que querem criar um poderoso estado central visando ao seu próprio enriquecimento.  Partidários dessa visão apresentam um megaestado europeu como uma necessidade, e consideram sua total implementação apenas uma questão de tempo.
Ao longo desse caminho socialista, o estado central europeu iria se tornar um dia tão poderoso, que os estados soberanos passariam a lhe prestar total subserviência.  (Já podemos ver os primeiros indicadores de tal subserviência no caso da Grécia.  A Grécia se comporta hoje como um protetorado de Bruxelas, que diz ao governo grego como ele deve lidar com seu déficit orçamentário.)
A visão socialista não fornece nenhuma limitação geográfica explícita para o estado europeu — ao contrário da visão liberal-clássica inspirada no catolicismo.  A concorrência política é vista como um obstáculo para o estado central, o qual, no ideário socialista, deve sair completamente de qualquer controle por parte do público.  Nesse sentido, o estado central na visão socialista se torna cada vez menos democrático à medida que o poder vai sendo deslocado para burocratas e tecnocratas. (Um bom exemplo disso é a Comissão Europeia, o corpo executivo da União Europeia.  Os membros da comissão não são eleitos, mas sim designados pelos governos dos estados-membros.)
Historicamente, os precedentes para esse velho plano socialista de criar um estado central controlador na Europa foram estabelecidos por Carlos Magno, Napoleão, Stalin e Hitler.  A diferença, entretanto, é que dessa vez nenhum meio militar seria necessário.  Seria a mera coerção do poder estatal a mola propulsora para a criação de um poderoso estado central europeu.
De um ponto de vista tático, situações específicas de crise seriam utilizadas pelos partidários da visão socialista para criar novas instituições (tais como o Banco Central Europeu (BCE), ou, possivelmente no futuro, um Ministério Europeu das Finanças), bem como para ampliar os poderes das atuais instituições, como a Comissão Europeia ou o próprio BCE. [4]
Conclusão
A visão liberal-clássica e a visão socialista para a Europa são irreconciliáveis.  Com efeito, o aumento no poder de um estado central — como proposto pela visão socialista — implica uma redução das quatro liberdade básicas, e certamente liberdades civis cada vez menores.
O futuro europeu não é promissor.
Fonte: INSTITUTO LUDWIG VON MISES

Após 30 anos no poder, Hosni Mubarak renuncia no Egito

Pouco antes do anúncio, Hosni Mubarak deixou o Cairo com sua família rumo à estação balneária egípcia de Sharm el-Sheikh.
Pouco antes do anúncio, Hosni Mubarak deixou o Cairo com sua família rumo à estação balneária egípcia de Sharm el-Sheikh.
Silvano Mendes
Um dia após o discurso televisivo no qual transferiu parte de seus poderes, Hosni Mubarak deixou a presidência do Egito. O anúncio foi feito na tarde desta sexta-feira pelo vice-presidente Omar Suleiman. As forças armadas devem assumir o poder no país.
O presidente egípcio Hosni Mubarak deixou o cargo e entregou o poder às forças armadas nesta sexta-feira, após 18 dias de mobilização popular. O anúncio foi feito pelo vice-presidente Omar Suleiman. "Diante das condições difíceis que atravessa o país, Mohammed Hosni Mubarak decidiu abandonar o cargo de presidente da República e encarregou o conselho supremo das forças armadas de administrar o país", declarou Suleiman em um pronunciamento na televisão.
A praça Tahrir, onde centenas de milhares de pessoas estaram reunidas, viveu uma verdadeira explosão de alegria com o anúncio de que Hosni Mubarak entregaria o poder após 30 anos no comando do país. "O povo derrubou o regime !" gritavam os manifestantes.
O anúncio teve repercussões imediatas nos mercados financeiro. O bolsa de Nova York registrou uma alta logo após a declaração de Omar Suleiman e o preço do petróleo chegou a perder mais de um dólar em Nova York e em Londres quando a renúncia foi oficializada.
Pouco antes do anúncio oficial, os canais de televisão egípcios avisaram que o Mubarak havia deixado o Cairo com sua família. Segundo as informações divulgadas pela imprensa local, o presidente estaria na estação balneária egípcia de Sharm el-Sheikh.

Dilma não comprará os caças franceses

Segundo o jornal Le Monde a presidenta brasileira demonstra que o negocio de 40 bilhões de dólares, para compra de aviões caça para a FAB, não tem mais os franceses Rafale como preferenciais. Os aviões queridinhos de Dilma são os americanos da Boeing. A presidenta tem a benção de Lula para mudar de rumo. A história envolve transferência de tecnologia, um realimento político com os Estados Unidos e histórias de bastidores, que vão desde a falta de apoio de Sarkozy a aventura de Lula em apoiar o programa nuclear do Irã e uma vexatória visita da então candidata Dilma ao Palácio Élysée, sede do governo francês.
A notícia estourou no jornal francês “Le Monde”, com uma “má notícia”: a Presidenta brasileira Dilma Rousseff, teria confidenciado numa reunião, nesta segunda, com Timothy Geithner, secretário do Tesouro Americano, em Brasília, que suas preferências para a compra dos novos aviões para a Força Aérea Brasileira, recaiam sobre o modelo norte americano F-18 da Boeing e não sobre o avião Rafale, da Dassault Aviation francesa.
A decisão prévia de adiar a licitação em vez de decidir imediatamente pelos Rafale, como propunha o Ministério da Defesa, ou melhor, o Ministro Nelson Jobim, um suspeitíssimo defensor do avião francês, já havia deixando o governo Sarkozy de orelha em pé.
É bem verdade que Dilma teria dito ao Secretario do Tesouro, Geithner que continua preocupada com as questões de transferência da propriedade tecnológica, algo que o Brasil pleiteia que seja incluído no acordo, para poder desenvolver sua própria indústria militar.
A presidente, afirmou estar buscando condições melhores por parte da Boeing, além de garantias de que o governo dos EUA permitirá que tecnologias militares estratégicas mudem de mãos.
A porta-voz da Boeing, (outra mulher) Marcia Costley, afirmou que as garantias de transferência tecnológica são uma questão a ser decidida pelos dois governos.
Ela acrescentou que, como parte do eventual negócio, a empresa norte-americana estaria disposta a fornecer ao Brasil também tecnologia e outros tipos de assistência em áreas como transportes, satélites e sistemas bélicos.
“A Boeing tem capacidade e recursos para cumprir suas promessas… a respeito da transferência de tecnologia, e tem um histórico para provar isso”, disse Costley.
O contrato, de pelo menos 4 bilhões de dólares, sem incluir os lucrativos acordos de manutenção e possíveis aquisições adicionais, já sofreu vários adiamentos durante as últimas décadas, conforme o governo brasileiro tentava equilibrar as necessidades da FAB, fatores diplomáticos, variantes de custos e estratégia de aliança militar.
Desde que Dilma adiou a decisão final da licitação, os três finalistas, norte americano F-18 da Boeing, o Rafale, da francesa Dassault, e o Gripen NG produzido pela sueca Saab, têm se empenhado para melhorar suas ofertas.
Enquanto isso, o governo dos EUA quer oferecer as garantias adicionais que Dilma busca, 4 bilhões de dólares, injetados na economia americana, nesse momento, não é algo que os americanos possam desprezar. Além do quê, a compra sinaliza uma aliança militar Brasil-EUA, capaz de arrepiar os pelos de Hugo Chávez e sua camarilha.
A secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, disse a Reuters, que já ofereceu uma garantia por escrito de que o eventual acordo com a Boeing será respeitado pelo governo dos EUA. Mas Dilma temendo o futuro, segurar que as permissões de concessões tecnológicas passem antes pelo crivo do Congresso norte-americano, para evitar qualquer dor de cabeça futura.
Na visita que fará em março ao Brasil, o presidente Barack Obama pode oferecer novas condições.
A Dassault agora posta em terceiro lugar é a que oferece maiores garantias de transferência tecnológica, sem nenhuma possibilidade de restrição, segundo o diretor de exportações da empresa francesa, Eric Trappier.
Reunido com Sarkozy em 2009, no dia da Pátria, Lula se comprometeu a comprar os aviões franceses. Agora Dilma, autorizada por Lula, muda o rumo das negociações
Entrando na área da especulação, pode-se adicionar três episódios políticos, a reviravolta na decisão presidencial, da escolha dos aviões.
A primeira relaciona-se a política externa do governo Lula. Sarkozy em defesa da indústria bélica francesa bajulou o presidente brasileiro quanto pode. Defendeu a ida do Brasil como membro fixo do Conselho de Segurança da ONU, compareceu a parada de 7 de setembro em Brasília, e até trouxe a adorável Carla Bruni-Sarkozy (sua esposa) num dos encontros com o governo brasileiro. Mas não apoiou como Lula queria o acordo fajuto que o Brasil fez com o Irã de Mahmoud Ahmadinejad. Dizem que Sarkozy havia acenado com um apoio formal, mas acabou recuando temendo a opinião pública mundial e especialmente a francesa.
Irritado, Lula que por inúmeras vezes havia se comprometido a comprar o caça francês, deu o troco, pondo Sarkozy na geladeira, deixando para Dilma a escolha da compra, sinalizando a exclusão da França na parada.
Acrescente-se que em junho do ano passado, quando a presidente Dilma era candidata carente de exibir capacidade de dialogo com líderes internacionais, foi até Paris reunir-se com o presidente francês Nicolas Sarkozy, num arranjo de Lula. Dilma levou à tiracolo uma equipe da produtora encarregada da sua campanha eleitoral, na pretensão de imagens da “reunião de mentirinha” para mais tarde usar no programa eleitoral gratuito.
Sarkozy não permitiu que fossem feitas imagens dentro do Palácio Élysée, a sede do governo, por não querer seu nome envolvido em campanha política no Brasil. Dilma voltou apenas com imagens rápidas na despedida com o francês, que acabaram nem sendo usadas na campanha.
Enquanto isso, em 2009, quando da visita de Lula aos Estados Unidos, fora do protocolo, atendendo pedido do brasileiro, Obama recebeu Dilma Rousseff no Salão Oval da Casa Branca e se deixou fotografar Ricardo Stuckert o fotografo oficial da presidência da Republica brasileira. A imagem foi fartamente usada na campanha, principalmente, quando começaram a divulgar na internet que Dilma, se eleita, não poderia entrar em território americano, pois havia sido terrorista.
Obama também não se deixaria fotografar com a candidata em condições de campanha eleitoral, a foto com o presidente americano, aconteceu um ano antes do início da campanha, mas de qualquer maneira a candidata se sentiu prestigiada pelo presidente dos Estados Unidos, que quebrando o rígido protocolo de uma visita presidencial, reservou-lhe simpáticos minutos enquanto Sarkozy transformou sua visita num embaraço.
Além dos franceses, o Ministro Nelson Jobim não está nada satisfeito com a mudança de ares.
Toda a sua torcida pelo Rafale, sua intimidade com os fabricantes e seus anúncios precipitados que seriam os Rafales, os caças comprados, estariam lhe proporcionando um enorme prejuízo político e econômico, se é que vocês me entendem.

Sarkozy afirma que "multiculturalismo é um fracasso"

O presidente francês, o conservador Nicolás Sarkozy, afirmou nesta quinta-feira que o "multiculturalismo é um fracasso", pois "em nossas democracias nos ocupamos demais com a identidade de quem chegava e não o bastante com a identidade do país que as recebia".

"Temos que respeitar as diferenças de cada um, mas não queremos uma sociedade onde as comunidades coexistem (...). Se vêm à França, devem aceitar fundir-se em uma só comunidade, que é a comunidade nacional, e se não aceitarem isso, não podem ser bem-vindos à França", disse Sarkozy durante um programa de televisão no qual respondeu a perguntas de nove franceses, e outras feitas pela Internet.

O chefe de Estado disse que países como Inglaterra ou Estados Unidos, que impulsionaram uma política multiculturalista, "reforçaram os extremismos".

"Não queremos isso", disse Sarkozy, que disse concordar com a posição defendida pelo primeiro-ministro britânico, David Cameron, e pela chanceler alemã, Angela Merkel.

Sarkozy reconheceu que obviamente isso remete o assunto "do islã e de nossos compatriotas muçulmanos".

"Nossos compatriotas muçulmanos devem poder viver e praticar sua religião como qualquer compatriota judeu, protestante ou católico, mas deve tratar-se de um islã da França e não de um islã na França", completou, antes de reiterar que "na França não queremos mulheres que usem o véu integral" ou pessoas que "rezem de forma ostentatória nas ruas".

"É normal que haja lugares de culto", disse Sarkozy antes de reiterar que a França "é um país laico que não quer um proselitismo religioso agressivo".

O presidente francês esclareceu, no entanto, que "falar de imigração zero não tem sentido".

A França abriga a maior comunidade muçulmana da Europa, que conta com cerca de 6 milhões de pessoas.
BOL
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Deu a louca nos europeus ! Todo mundo falando que o multiculturalismo é uma fraude. Meu Deus ! Mas que Deus o que se ele não existe ! (assinado: militante do PT).
Daqui a pouco vão dizer que isso faz parte do discurso separatista paulista.

Divisão do Sudão afeta desenvolvimento econômico de ambos os lados


DW

Uma região depende economicamente da outra: o sul tem as maiores reservas de petróleo, enquanto o norte concentra refinarias, gasodutos e portos. Uma guerra pode começar, caso não haja acordo sobre divisão de riquezas.

 
A separação do sul do Sudão trará amplas consequências para o futuro da economia de todo o Sudão. Afinal, o norte e o sul ainda são interdependentes economicamente. A maior reserva de petróleo está no sul, por outro lado, é o norte que abriga as refinarias, o gasoduto e o porto para escoar o produto.
Com a independência do sul, que abriga em seu solo 70% do petróleo, o norte teme perder a receita proveniente da exploração da matéria-prima. Esse dinheiro representa atualmente a metade do orçamento do Sudão e até 90% da entrada de divisas estrangeiras através da exportação.
Por enquanto, ainda vigora o acordo de paz assinado entre o norte e o sul depois do fim da guerra civil. O acordo estipula que cada uma das regiões tem direito à metade dos ganhos provenientes da exploração do petróleo.
Para Abda Al Mahdi, diretora da empresa de consultoria Unicons, em Cartum, e ex-ministra sudanesa das Finanças, ambos os lados continuam interessados numa divisão amigável das receitas – o norte precisa do petróleo, e o sul da infraestrutura. A construção de um gasoduto alternativo passando pelo Quênia sairia muito caro para o sul, e levaria pelo menos três anos até ser concluído.
Por esses motivos, Al Mahdi defende que "um tratado de divisão dos rendimentos depois da separação é imprescindível. E, caso isso não seja possível, seria uma alternativa ruim, pois poderia levar a uma guerra."
Perda para o norte
Apesar das declarações do presidente sudanês, Omar Al Bashir, ainda é incerto se a separação entre norte e sul ocorrerá de forma pacífica. Somente no fim de 2005 chegou ao fim uma guerra civil que durou 20 anos e deixou aproximadamente dois milhões de mortos.
Separação deixa Omar Al Bashir em situação delicadaBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift:  Separação deixa Omar Al Bashir em situação delicadaNo entanto, uma separação pacífica também é vista de forma negativa no norte. Adel Abdelaziz, especialista do Centro Internacional de Estudos Africanos, em Cartum, acredita que, sob uma perspectiva econômica, a separação traz certamente desvantagens, porque "um quarto da área do Sudão é separada, juntamente com todos os seus recursos naturais, os já descobertos e os ainda desconhecidos. Isso significa também uma redução da população em cerca de 25%, o que representa um importante potencial de força de trabalho."
Entre 1999 e 2008, segundo dados do Banco Mundial, a economia sudanesa cresceu significativamente – em parte devido à crescente indústria do petróleo. Apesar disso, as duas partes do Sudão estão diante de grandes desafios, argumenta Al Mahdi.
A dependência do petróleo e o abandono do setor agrícola fizeram com que os jovens não encontrassem mais trabalho no campo, estimulando a migração para grandes cidades, como Cartum, explica.
Preparo para o futuro
Por esse motivo, o governo em Cartum quer, nos próximos anos, incentivar a produção agrícola. Após a construção da polêmica barragem de Merowe, estão planejadas a edificação de novas represas. As águas represadas do Nilo poderiam transformar grandes áreas de solo seco em terras cultiváveis.
Muitos investidores estrangeiros já manifestaram interesse. Adel Abdelaziz menciona a cooperação estratégica com o Kuwait, que teria se comprometido recentemente a investir 4 bilhões de dólares no leste do Sudão.
Ainda segundo Abdelaziz, os governos da China e Brasil também estão interessados em cooperações semelhantes. Esses países demonstram confiar no governo do sul do Sudão, especialmente em sua capacidade de garantir, futuramente, um ambiente seguro para os investimentos, diz o especialista.
No entanto, de uma maneira geral, a confiança no futuro ainda é tímida frente às consequências da separação. Por isso, a libra sudanesa se desvalorizou fortemente no contexto do referendo. O fato repercutiu de forma negativa entre os investidores, diz John Ashworth, observador de longa data do Sudão.
Segundo Ashworth, o norte do Sudão não é atraente para investimentos, "porque o governo conduz um regime autoritário". E há também o aspecto financeiro: a dívida externa, no final de 2009, chegou a 35,7 bilhões de dólares, ou seja, dois terços do Produto Interno Bruto. Desde meados dos anos de 1980, o Sudão não tem mais honrado a antiga dívida e, nos últimos anos, adquiriu novos empréstimos da China, Índia e países do Golfo.
Chance de desenvolvimento
Construção da hidrelétrica Merowe, no norte do Sudão, foi polêmicaBildunterschrift: Construção da hidrelétrica Merowe, no norte do Sudão, foi polêmicaAo contrário do governo em Cartum, o sul do Sudão tem pouco a perder, já que a região também foi bastante negligenciada no passado. O sul ainda sofre com os efeitos da guerra civil: quase não há ruas asfaltadas, as escolas e hospitais estão em más condições, a infraestrutura é precária e falta mão-de-obra qualificada.
Ainda assim, Manfred van Eckart, da Sociedade Alemã de Cooperação Internacional (GIZ), acredita que o sul do Sudão possui condições favoráveis. "O sul do Sudão dispõe de muita matéria-prima e, além do petróleo, existem muitas reservas minerais ainda desconhecidas."
Além disso, há um grande potencial agrícola. Portanto, não há obstáculos para o desenvolvimento do sul do Sudão, desde que o novo país invista sua receita com responsabilidade e com vista ao progresso.
Através do apoio dos Estados Unidos, o primeiro passo para a independência foi bem-sucedido: a criação de uma instituição financeira para o sul do Sudão. O Banco de Juba tem agora seu próprio código bancário internacional. Isso possibilita que investidores estrangeiros efetuem transações financeiras no sul do Sudão, sem ter que passar pelos bancos de Cartum.
Apesar de a separação trazer desvantagens para o norte, há também vozes otimistas. Para o especialista Adel Abdelaziz, a divisão também pode ser uma chance para os dois países utilizarem melhor as suas riquezas – sozinhos ou como parceiros econômicos.

São Paulo lidera ranking mundial de cidade da "ação e oportunidade"

FONTE: DW

São Paulo: a terra da oportunidade em 2011
São Paulo: a terra da oportunidade em 2011

O ranking Zeitgeist é organizado pela Hub Culture e lista as 20 cidades consideradas mais importantes do globo. O tema da edição de 2011 é "ação e oportunidade".

 
O ranking não se baseia em informações científicas, não envolve dados estatísticos ou econômicos. Mas para o grupo de pessoas conectadas, que viajam facilmente de um ponto a outro do globo, que são empreendedoras e influentes no mundo dos negócios e da cultura, São Paulo é, pela segunda vez consecutiva, a cidade que melhor representa o espírito do tempo em que vivemos.
O chamado Zeitgeist ranking é elaborado há cinco anos pela Hub Culture, uma sociedade fundada em 2002 que conta com  mais de 20 mil membros espalhados pelo mundo. São figuras do mundo corporativo que preferem agir no anonimato, e também perfis descolados do cenário cultural que colaboram em diferentes projetos internacionais.
Novo mundo
A capital paulista, que entre os próprios moradores desperta rancor e paixão, é considerada "o lugar para se estar em 2011, onde tudo acontece", segundo a definição de Stan Stalnaker, fundador da Hub Culture.
"Por que São Paulo é a número um em 2011 e teve a mesma posição em 2010? Simplesmente porque há muita coisa acontecendo no Brasil agora, São Paulo é a maior cidade do país, o pólo econômico e representa muito bem o espírito da América do Sul. Há muita atividade e desenvolvimento em São Paulo", argumenta Stalnaker.
A metrópole brasileira, "onde dinheiro não é algo raro", se destaca por liderar em setores como marketing, consumo, mídia, tecnologia e, consequentemente, atrair o progresso. "Quem vai discordar que São Paulo é a terra da oportunidade atualmente?", argumenta a Hub Culture.
O diretor da entidade explica que o ranking leva em consideração a cena mundial, e procura identificar o ponto mais "quente" do globo. "São Paulo, Estocolmo e Sydney, as três primeiras colocadas, são um tipo de novo centro de pensamento, um tipo de novo mundo, com uma mentalidade mais progressista. Essas cidades representam ocasião e ação em 2011", acrescenta Stalnaker.
Estocolmo: cultura, meio ambiente e sociedade alternativaBildunterschrift: Estocolmo: cultura, meio ambiente e sociedade alternativaA fila anda
Estocolmo não é só a maior e mais importante cidade na Suécia. Mas tem sido também fonte de muitas novidades que provocaram mudanças recentes no cenário internacional, acreditam os membros do Hub Culture, que indicaram a capital sueca pela primeira vez.
"As razões que colocam Estocolmo como número dois não são, de fato, as mesmas que colocam São Paulo como número um", comenta Stalnaker. A cidade sueca tem uma forte consciência ambiental, norteia a discussão sobre direitos humanos, compartilhamento de informações – e abriga os servidores do site WikiLeaks.
E Berlim, que em 2010 ocupava o segundo lugar, em 2011 caiu para a quarta posição. Mas isso não quer dizer que a metrópole alemã não seja mais tão interessante, "mas há mais coisas acontecendo em outros lugares do mundo", avalia a Hub Culture.
A capital da Alemanha ainda continua na frente de Londres, Nova York, Los Angeles, Moscou, São Francisco – Paris sequer aparece na lista.
Cartão postal tradicional, Rio de Janeiro começa a ficar mais 'sério'Cartão postal tradicional, Rio de Janeiro começa a ficar mais 'sério'Estreante
O Rio de Janeiro, que ocupou as manchetes no início de 2011 com notícias tristes, aparece pela primeira vez no Zeitgeist ranking, em 20º posição. Ficaram de fora dessa edição Buenos Aires, Washington e Copenhague.
"Há muitas coisas mudando no Rio de Janeiro, e são mudanças que representam o espírito do tempo. O Rio sempre foi uma cidade bonita, ótima, divertida, mas parece que as coisas estão ficando mais sérias agora. Tudo o que diz respeito ao Rio não é tão perfeito, mas é muito interessante tudo o que está acontecendo na cidade", justificou Stan Stalnaker.
Investimentos milionários já estão em andamento para a Copa do Mundo e Olimpíadas. Mas os organizadores da lista deixam uma questão em aberto: "Todos esses investimentos trarão benefícios para a vida dos cidadãos ou simplesmente deixarão a cidade escrava dos ganhos em Wall Street?"
Talvez o ranking Zeitgeist de 2020 traga uma resposta.

Ocidente teme ascensão da Irmandade Muçulmana no Egito

Fonte:DW

Observadores afirmam que temores de "islamização do Egito" são infundados, pois a Irmandade Muçulmana estaria aberta a princípios democráticos e disposta a dialogar com outros grupos oposicionistas.

 
Para o Ocidente, o presidente egípcio Hosni Mubarak sempre representou a garantia de que fundamentalistas se manteriam longe do poder. No entanto, diante da enorme pressão sobre Mubarak, o temor da "islamização" do Egito paira sobre os países ocidentais.
Para o especialista em assuntos islâmicos, Lutz Rogler, o medo é infundado. Rogler argumenta que o movimento Irmandade Muçulmana, que existe já há mais de 80 anos, passou por transformações. A Irmandade não é mais um grupo militar. "Pois dentro do movimento há diferentes gerações e correntes. Além disso, o movimento se abriu para princípios democráticos e cooperação com outras forças de oposição."
Valores democráticos
A Irmandade Muçulmana foi fundada em 1928 pelo professor de ensino fundamental Hassan Al Banna como um movimento de reforma. O objetivo era a construção de uma sociedade baseada em princípios islâmicos.
Somente depois da Segunda Guerra, a organização se desenvolveu como um movimento de massa no Egito. Mas após um atentado frustrado contra o presidente Gamal Abdel Nasser, a Irmandade se dissolveu em 1954 e muitos de seus membros foram executados.
Foi no fim da década de 1970 que o grupo voltou à cena política e formou-se, desde então, como uma forte força de oposição. Além do engajamento político, o movimento também construiu hospitais e instalações sociais, o que fortaleceu sua posição entre as camadas mais pobres da população.
Como partido, a Irmandade também continuou proibida durante o governo de Mubarak. Ainda assim, o movimento apoiou a candidatura de políticos independentes ao Parlamento egípcio, detendo assim, de fato, um quinto dos assentos desde 2005.
Não é uma revolução islâmica
Já há dias, a Irmandade Muçulmana participa dos protestos a favor da liberdade e democracia no Egito. No entanto, as manifestações não devem ser vistas como uma revolução islâmica, diz a versão oficial. Hilmi Jazzar, um dos líderes da organização, nega veementemente as alegações de que a Irmandade estaria esperando apenas o momento certo para tomar o poder.
Segundo Jazzar, a organização aguarda a chance, juntamente com todos os outros partidos, de ser eleita pela população. "Então, o mundo verá um exemplo de democracia da qual a Irmandade Muçulmana fará parte, sem dominá-la."
Influência
Apesar do esforço da Irmandade Muçulmana de se mostrar como um partido democrático moderado, o Ocidente teme que, após a saída de Mubarak, o país sofra com um vácuo de poder. A ausência de uma liderança política pode ser usada pelos islâmicos para chegar ao poder, acredita-se.
Uma preocupação não compartilhada por Lutz Rogler. "A influência da Irmandade Muçulmana nos protestos no Egito foi superestimada. Eu acredito também que o Ocidente tem uma preocupação exagerada ao temer uma possível participação islâmica num futuro governo." E caso haja, de fato, eleições livres, é incerta a quantidade de votos que a Irmandade Muçulmana conseguiria, adiciona o pesquisador.
Mudança liberal
Na visão de muitos observadores, a liderança da organização não está familiarizada com os desejos e exigências da maioria dos jovens manifestantes. Para o cientista político Hamed Abdel Samad, os conceitos e programas da Irmandade Muçulmana são pouco atraentes para a juventude egípcia.
O próprio Samad foi, na juventude, membro do movimento. O especialista acredita que a atual aproximação entre todos os partidos nas ruas do Cairo irá levar a uma mudança liberal dentro da Irmandade Muçulmana.
"A velha guarda pertence de fato à era Mubarak. Mas existe uma nova geração, que agora sai às ruas", argumenta Samad. A conscientização dessa nova ala da Irmandade Muçulmana acaba se fortalecendo e se renovando durante as demonstrações. "Em torno de si, eles veem agora mulheres bonitas sem véu e politicamente ativas. E aos poucos as pessoas estão se acostumando com isso."

Dilma Rousseff se distancia de Lula, segundo o "El País"

Dilma Rousseff recebe Lula no Palácio do Planalto
Dilma teria indicado preferência pelos F-18 ao secretário do Tesouro dos EUA
A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, indicou uma importante mudança de posição em relação ao seu mentor político e antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, ao indicar sua preferência pela compra de caças americanos pelas Forças Armadas brasileiras, segundo afirma reportagem publicada nesta quinta-feira pelo jornal espanhol El País.
O jornal faz referência à informação divulgada pela agência de notícias Reuters de que Dilma teria relatado sua preferência pelos caças F-18 Super Hornet, fabricados pela americana Boeing, ao secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, durante sua visita ao Brasil na segunda-feira.
Sob o título “Dilma Rousseff se distancia de Lula”, o jornal observa que Lula sempre demonstrou preferência pela compra dos caças Rafale, fabricados pela francesa Dassault.
“A amarga disputa entre a França e os Estados Unidos para conseguir o contrato de modernização da Força Aérea do Brasil, considerado como uma das maiores operações da década, teve uma virada importante com a afirmação da nova presidente Dilma Rousseff de que o F-18 Super Hornet da Boeing supõe uma oferta melhor do que a dos Rafale, da Dassault”, diz a reportagem.
O jornal comenta que a preferência de Lula pelos caças franceses foi citada por um documento interno da Embaixada dos Estados Unidos em Brasília, divulgado pelo site WikiLeaks, como o “maior obstáculo” para que a empresa americana conseguisse o contrato.
O mesmo documento, observa o jornal, indicava que os F-18 tinham apoio dos chefes militares e do ministro da Defesa, Nelson Jobim, mas que eles reconheciam que a compra dos caças da Boeing não seria possível se o governo americano não autorizasse a companhia a transferir tecnologia aos brasileiros.
Irã
Para o diário espanhol, a política brasileira em relação aos Estados Unidos sofreu “uma sensível mudança de rumo” com a chegada de Dilma à Presidência, não somente em relação aos caças mas também em outros campos.
O jornal comenta que os Estados Unidos viram “com receio” a aproximação brasileira com o Irã durante o governo Lula, mas que Dilma já deu indicações de que adotará uma postura mais crítica em relação ao país persa.
A reportagem cita um discurso recente de Dilma na Confederação Israelita do Brasil (Conib), diante de sobreviventes do Holocausto, no qual afirmou que seu governo será “um incansável defensor da igualdade e dos direitos humanos em qualquer parte do mundo”.
Para o jornal, foi “um claro indício da mudança” da política em relação ao Irã, cujo presidente, Mahmoud Ahmadinejad, nega o Holocausto.
“A saída de Lula e a chegada de Rousseff permitiram que a diplomacia brasileira modificasse rapidamente sua posição e impulsionasse uma nova e potente aproximação com o governo Obama”, diz a reportagem.
Para o jornal, essa aproximação já pôde ser percebida com as visitas recentes ao Brasil do senador e ex-candidato presidencial John McCain e do secretário do Tesouro e com o anúncio da visita do próprio presidente Barack Obama em março.