quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Grávidas espanholas torcem para dar à luz antes do fim do ano


Grávidas espanholas torcem para dar à luz antes do fim do ano
Para conter o déficit, o governo espanhol cortou o auxílio-maternidade de 5.551 reais
Para conter o déficit, o governo espanhol cortou o auxílio-maternidade de 5.551 reais
RFI
As espanholas que estão no fim da gravidez estão torcendo para dar à luz no dia 1º de janeiro de 2011. O motivo é que a partir da meia-noite do ano novo as famílias dos recém-nascidos deixarão de receber o chamado “cheque-bebê”, um auxílio de 2.500 euros, cerca de 5551 reais, que o governo espanhol vinha dando desde 2007 numa tentativa de aumentar a taxa de natalidade.
Fina Iñiguez, correspondente da RFI em Madri
O governo de Zapatero anunciou o corte do "cheque-bebê" em maio deste ano, para diminuir o déficit público do país. Também está prevista a redução de 5% cento nos salários dos funcionários públicos, o aumento da idade da aposentadoria dos 65 anos atuais aos 67 anos e a suspensão da ajuda de 426 euros para quem está sem trabalho e não recebe o seguro-desemprego.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística da Espanha (INE), o parto de cerca de 44 mil mulheres está previsto para os dias 25 de dezembro e 6 de janeiro. As grávidas mais impacientes são as que estão entre a 37ª e a 41ª semana de gestação, período considerado normal para o nascimento de uma criança. O site espanhol Serpadres publicou uma pesquisa mostrando que o 35% das 77 mulheres entrevistadas reconheceram ter consultado o ginecologista sobre a possibilidade de adiantar o parto e "estavam pensando no assunto".
Somente 5% das entrevistadas rejeitaram categoricamente a possibilidade, preferindo seguir à risca a recomendaçao médica. Fontes do serviço de obstetrícia e ginecologia do Hospital Quirón de Málaga, na Andaluzia, por exemplo, afirmam que muitas mulheres têm questionado sobre como adiantar o parto para poder beneficiar do auxílio. As mesmas fontes, entretanto, se negam a programar cesarianas que não estejam previamente marcadas, nem adiantar partos sem aconselhamento médico.
O maior hospital público de Barcelona, o Vall d’Hebrón, também afirma que o código de ética da profissão impede que critérios médicos sejam modificados por interesses pessoais dos pacientes. Outra questão é saber se, a cesariana for a única solução, o parto pode ser programado com antecedência e mudado para antes do dia 1º de janeiro, como reconhece uma ginecologista entrevistada pela RFI. Ela contou que uma cesariana marcada para o 3 de janeiro foi antecipada para antes do dia 31 de dezembro, atendendo ao pedido de uma paciente, já que, do ponto de vista clínico, não haveria nenhuma diferença.
Em tempos de globalização e internet, não faltam dicas nas redes sociais sobre “como adiantar o parto”: caminhar, dirigir, ter relações sexuais na última semana da gravidez e até mesmo tomar chocolate quente.
As regiões de Andaluzia, Madri e Catalunha são as que mais se beneficiaram do cheque-bebê, e onde há um maior número de nascimentos e adoções no país.
Em Salamanca, o benefício é local
Na zona oeste da província de Salamanca, próxima a Portugal, algumas prefeituras continuam dando cheques-bebês de até 3 mil euros por nascimento, numa tentativa de estimular a natalidade. É o caso de Aldeadávila de la Ribera, uma das cidades mais despovoadas da Europa. O prefeito, Santiago Hernández, 46 anos, do mesmo partido socialista (PSOE) que o governo espanhol, confirmou à Radio França Internacional, que nao tem a menor intenção de acabar com o auxílio: “numa cidade com apenas 1.400 habitantes, a maioria idosa, o cheque-bebê é fundamental”, diz o prefeito.
Ele afirma que, embora não possa garantir que essa ajuda estimule a natalidade, a verdade é que o número de nascimentos vem aumentando desde 2006: ano em que não houve nenhum registro de nascimento em Aldeadávila e entrou em vigor o cheque-bebê. Desde então, nasceram cerca de 15 crianças. “Ninguém vai formar família devido a este subsídio, mas uma ajuda nunca vai mal ", conclui o prefeito.

RFI

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Liberdade econômica

A Federação Nacional Republicana (1919-1921) (defendia) um Estado Confederado Português

Via Blog do Vinnna

“A Federação Nacional Republicana (1919-1921) (defendia) um Estado Confederado Português. Seria administrativamente descentralizado e constituído pela área continental e ilhas (federação de municípios representada numa Assembleia Provincial e federação de províncias representada numa Assembleia Nacional), em conjunto com a área das províncias ultramarinas (transformadas em estados autónomos, após intensa colonização interna), apresentando-se a intenção de conseguir o ingresso dos Estados Unidos do Brasil no futuro Estado Confederado, devido às “afinidades étnicas e filológicas das duas nações” e a circunstância de serem “produtoras da quase totalidade dos géneros inter-tropicais”.
Ernesto Castro Leal
Revista Nova Águia
Número 6

É curioso como durante a Primeira República havia a noção de que era preciso conceder uma elevada autonomia ou mesmo uma semi-independência à colónias portuguesas. A Federação Nacional Republicana acreditava que as colónias deviam ser parceiros de pleno direito junto das demais províncias continentais (ainda que defendesse a colonização em vez de uma mais salutar desenvolvimento da consciência cívica dos naturais) e que deviam participar diretamente na governação republicana, colocando angolanos e moçambicanos, ao lado de minhotos e madeirenses, na Assembleia Nacional. É contudo certo que se tratariam de colonos europeus ou de descendentes destes mas, seria pelo menos um progresso ao que faziam então as outras potencias europeias e posteriormente criaria condições para criar uma representatividade por parte, também, das populações indígenas.

É igualmente interessante a aspiração da Federação Nacional Republicana segundo a qual o fim último desta reorganização do território e da sua administração seria a fusão com o Brasil, pela via da fundação de uma Confederação com os “Estados Unidos do Brasil”… devido às proximidades culturais e linguísticas entre Portugal e o Brasil (que então eram muito maiores do que hoje) e perspetivando já então a mesma União Lusófona que hoje é um dos pontos centrais às propostas do MIL: Movimento Internacional Lusófono.

Fonte: Quintus

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A Velha monarquia

http://veja.abril.com.br/historia/imagens/veja-historia-impressao.gif
A anarquia militar, a abolição radical e o centralismo derrubam o Império de supetão
http://veja.abril.com.br/historia/republica/_img/titulos/brasil_era.gif
O Brasil acordou monarquista na sexta-feira passada e foi dormir republicano. Jamais houve na História do país uma ruptura política tão inesperada. Na véspera, ninguém poderia prever que o reinado viria abaixo. Ao cair da tarde de quinta-feira, D. Pedro lI, 63 anos, fugindo do calor carioca, estava posto em sossego no palácio de Petrópolis, onde escreveu seu habitual soneto diário. No mesmo momento, o marechal Manoel Deodoro da Fonseca, 62 anos, encontrava-se em Andaraí, na casa de seu irmão, o oficial-médico João Severiano, tentando recuperar-se de um de seus habituais ataques de falta de ar. Menos de 48 horas depois, os detalhes eram semelhantes, mas as instituições estavam de pernas para o ar. D. Pedro lI, detido no palácio imperial do Rio de Janeiro, escrevia não um poema, mas, com a ajuda do barão de Loreto, a carta em que acatava a ordem de exilar-se: "Cedendo ao império das circunstâncias, resolvo partir com toda a minha família para a Europa amanhã". Na mesma hora, Deodoro ia para a cama, tão fortes eram os seus achaques. Mas com falta de ar e de cama era o chefe do governo provisório, o homem mais poderoso do pais.

Por mais que alguns republicanos agora queiram provar que a monarquia caía de podre, que a República era um anseio popular e que o movimento pela sua proclamação estava organizado até os íntimos detalhes, os fatos foram bem diferentes. O imperador e a princesa Isabel eram respeitados e admirados pela gente humilde, que no ano passado deixou de ser escrava. O Partido Republicano conseguiu eleger apenas dois deputados nas eleições de agosto, e, nas ruas, as simpatias que conseguia angariar eram episódicas e pouco eficazes. Quanto à organização das forças que derrubaram de supetão a monarquia na sexta-feira passada, elas lembravam mais uma geringonça andando aos solavancos que um trem bem azeitado. O dia 15 foi repleto de lances de confusão, de líderes que deram shows de hesitação (a começar por Deodoro), de liderados que acreditaram em boatos e saíram de quartéis pensando que estavam apenas derrubando o ministério. É quase um milagre que a República tenha sido proclamada na sexta-feira passada.

E, no entanto, o Brasil não só acordou imperial e dormiu republicano como, pelo menos até agora, não há indícios em qualquer canto do país de movimentos significativos de restauração monárquica. Caiu o Império praticamente sem sangue ou apenas com o sangue do Ministro da Marinha, José da Costa Azevedo, o barão de Ladário, 63 anos, ferido com dois tiros, um deles na região glútea. Caiu porque, ao longo dos últimos anos, a monarquia se embaralhou ao jogar com três problemas que de chofre lhe desabaram sobre a cabeça na sexta-feira, fazendo com que a coroa rolasse pelo chão. Os problemas que enredaram o Império foram a Abolição da Escravatura, o centralismo econômico-administrativo e a indisciplina militar.

A Abolição da Escravatura, tal como foi feita em 13 de maio do ano passado, representou uma aceleração radical na política de distensão lenta, gradual e segura do Império. Até então, os passos para acabar com o "elemento servil" - como dizia o imperador, recusando-se a usar a palavra feia mas correta: escravidão - se mediam em décadas. Em meados dos anos 50 terminou o tráfico de escravos. Em 1871, foi promulgada a Lei do ventre Livre, libertando os escravos nascidos desde então, e só catorze anos depois era assinada a Lei dos Sexagenários. Essas duas leis tinham embutidos mecanismos de indenização aos proprietários de escravos. Com a Lei Áurea, a princesa Isabel radicalizou. Ela expropriou os donos de escravos, que se viram privados de suas propriedades sem receber nada em troca. Essa violência contra escravocratas não ocorreu em país nenhum do mundo. Ou melhor, a libertação de escravos sem indenização só aconteceu nos Estados Unidos, mas numa situação particular: o Estados do norte decretaram a abolição em 1863 para atacar os escravocratas do sul do país, no quadro da guerra civil iniciada dois anos antes.

O Império não deu a indenização aos senhores de escravos por motivos econômicos. "O Brasil não é bastante rico para apagar o seu crime", explicou o abolicionista e monarquista Joaquim Nabuco, 40 anos. Ou seja, o Império não tinha dinheiro em caixa para pagar as indenizações aos mais de 200.000 donos dos 700.000 escravos libertados no ano passado. Com isso, a monarquia perdeu sua base de apoio mais sólida, a dos fazendeiros, que se sentiram roubados. Com uma clarividência notável, o falecido João Maurício Wanderley, barão de Cotegipe, presidente do Conselho de Estado até dois meses antes da abolição, afirmou depois da assinatura da Lei Áurea que a princesa Isabel havia libertado uma raça, mas perdido o trono.

O centralismo do Império deu bons resultados enquanto a Província do Rio de Janeiro foi o pólo mais dinâmico da economia nacional. Na medida em que a cafeicultura perdeu força no Rio, principalmente devido à exaustão dos solos, e começa a florescer no centro-oeste do país, inicia-se a grita federalista. Em alguns casos, o federalismo atinge o extremo do separatismo, como nas posições defendidas pelo advogado Alberto Sales, 32 anos, um dos donos de A Província de São Paulo, que no ano passado publicou A Pátria Paulista. No livro, o irmão de Campos Sales, o novo ministro da Justiça, informa que a província paulista tem uma renda anual de 25.000 contos de réis, e mais de 20.000 contos de réis vão para o governo central. "Salta aos olhos que o separatismo só poderá ser extremamente vantajoso para os paulistas", diz Alberto Sales. Afora o aspecto econômico da demanda federalista, havia o político. Martim Francisco, 36 anos, republicano e separatista paulista, atribuía a "infelicidade" de São Paulo à pequena representação da Província na Câmara. Isto porque cada deputado paulista representava 1.500 eleitores, enquanto um parlamentar do norte falava por 800 eleitores. Como o Império remanchou em atender aos interesses provinciais, a federação transformou-se numa reivindicação por excelência.

Se a abolição sem indenização e a federação eram dificuldades latentes mas um tanto difusas, a indisciplina militar era um problema indisfarçável, quase cotidiano. O problema tem suas raízes no final da Guerra do Paraguai, em 1870. A luta dos soldados estendeu-se por mais de cinco anos, foi árdua e cheia de revezes. A guerra fez com que surgisse, através de promoções rápidas e sucessivas, uma nova geração de altos oficiais. Essa nova geração ocupou lugares que foram antes de generais como Luis Alves de Lima e Silva, o duque de Caxias, e Manuel Luís Osório, o marquês de Erval, ambos falecidos há mais de nove anos. "Só tive um protetor: Solano López. Devo a ele, que provocou a Guerra do Paraguai, a minha carreira", diz o próprio Deodoro da Fonseca, explicando como chegou a marechal.

A guerra, se trouxe benefícios à oficialidade, foi também traumática e fez com que se estreitassem os laços de camaradagem e solidariedade entre os componentes da tropa. Fez, em suma, que o Exército se tornasse mais corporativista, achando que, por ter ganhado a guerra, a nação lhe devia algo. Lentamente, a princípio, e nos últimos tempos com uma sofreguidão alucinada, oficiais começaram a protestar a respeito de tudo, a se imiscuir em assuntos que não lhes diziam respeito, a descumprir ordens do Ministério da Guerra e do governo. Por outro lado, nas escolas militares, os cadetes eram formados num currículo bacharelesco, aprendendo positivismo, neologismo e teorias política. Logo o Exército se politizou, com oficiais como Deodoro enviando cartas à princesa Isabel, antes da Lei Áurea, dizendo que o Exército não iria caçar escravos fugidos.

A essa anarquia militar cada vez mais evidente o Império reagiu de modo oscilante, ora punindo, ora fazendo vista grossa à insubordinação - mas fundamentalmente não percebendo o tamanho da baderna que fermentava nos quartéis e escolas militares. Embebidos no mais chão dos corporativismos, açulados por federalistas, proprietários de escravos que queriam indenização e, é claro, por republicanos, os militares deram o golpe fatal na monarquia na sexta passada. Tiveram como adversário um imperador doente e cansado, uma monarquia com problema de sucessão no trono e um ministério dividido, cego para as dificuldades prementes. O Brasil entra numa nova era, a da República, um regime que permite a ampliação da cidadania, a participação popular, a democracia. O governo provisório tem muitos ministros de talento, mas os problemas imediatos que eles terão de resolver são graves, são os mesmos que embaralharam o Império: o da indenização peja abolição, o da autonomia das províncias e o da anarquia militar. 

 

O cromo

TEXTO DA WIKIPEDIA QUE JULGO SER AQUI REPLICADO

O cromo, cujo subtítulo é Estudo de temperamentos, é uma obra naturalista de autoria de Horácio de Carvalho, editada em 1888 no Rio de Janeiro pela tipografia de Carlos Gaspar da Silva, rua da Quitanda, 111 e 118.
Estreou Horácio de Carvalho na literatura com esse livro que hoje está resumido a algumas poucas bibliotecas públicas e coleções particulares. O autor, à época, devia contar com 31 anos e foi dedicado a seus amigos Joaquim Fernandes de Barros e Rodolfo de Abreu.

Horácio de Carvalho em Paris (1908).

O renomado crítico literário Sílvio Romero, contemporâneo do autor, em sua História da Literatura Brasileira, volume 5, páginas 253, 345 e 434, considera O cromo como um dos mais notáveis ensaios de estudos sociais, entre os melhores estreantes do naturalismo puro brasileiro com Júlio Ribeiro, Raul Pompéia, Marques de Carvalho e Aluísio Azevedo.
Afrânio Peixoto, no Panorama da Literatura Brasileira, página 447 registra-o como jornalista, ensaísta, romancista com a publicação de O cromo, romance realista, Rio de Janeiro, 1888.
A Nova História da Literatura Brasileira do General Liberato Bittencourt, no volume 5, página 321 assim se refere a Horácio de Carvalho: "Insigne prosador e jornalista paulistano, de 60 mais ou menos. Seu romance realista O cromo é de 1888. Publicou depois O Pico das Agulhas Negras. Escritor claro, observador, correto."
Nota-se que há duas incorreções presentes nas duas afirmações precedentes. Tanto a obra é naturalista e não realista, como o autor é mineiro e não paulista.
Nelson Werneck Sodré, no seu Naturalismo no Brasil, declara: "O modelo melhor, entretanto deve-se a Horácio de Carvalho, com a figura central de O cromo, embora o romance não tenha chegado ao nosso tempo. Ele tipifica e fornece o caso exemplar, melhor do que os outros romances, o de Aluísio e o de Júlio Ribeiro, apesar de lhes ser inferior, do ponto de vista literário e do ponto de vista da divulgação. Convém, pois, desvendar a sua estrutura, muito menos conhecida do que a daqueles dois trabalhos da ficção naturalista brasileira."
Há ainda a importância no que concerne ao contexto histórico presente na obra. Wílson Martins, assim como Décio Saes, destaca o momento separatista da então província de São Paulo. No capítulo IX, Carvalho teria aberto um parênteses para afirmar que durante o ano de 1888, São Paulo teria sido marcada por dois grandes problemas: o separatismo e a abolição.
A narrativa se desenvolve em torno da personagem Ester, filha do major Cornélio, 20 anos, culta, inteligente, lindíssima, que estuda piano com professora particular em casa, fala francês, estuda química, física, e matemática com o dr. Lins Teixeira, o médico do lugar. É ele que acompanha a transformação da menina em mulher, e que irá curá-la, valendo-se da hipnose, dos sintomas graves de histeria que diagnostica. E nesse processo, aponta o valor dos símbolos sexuais que marcam os objetos, em destaque o cromo que dá título ao romance, um pequeno quadro desenhado no qual a protagonista imaginava ver um rapaz idêntico ao que tinha visto num baile. Há notas de pé de página, explicando, em termos biológicos, algumas situações. Há descrições de cenas sexuais, de histeria feminina, crítica social e política, destacando-se a imigração e o abolicionismo, além do separatismo paulista.
Não se verifica até os dias presentes a publicação de uma nova edição. Os poucos exemplares existentes se encontram cada vez mais ameaçados de perecimento.


COUTINHO, Afrânio; SOUSA, J. Galante de. Enciclopédia de literatura brasileira. São Paulo: Global.

Novos documentos confirmam que EUA protegeram nazistas


Alguns nazistas escaparam de ser julgados em Nurembergue
Relatório revela detalhes de como serviço de inteligência dos EUA protegeu criminosos nazistas após a Segunda Guerra. Diante da Guerra Fria, EUA passaram a estar menos interessados em punir tais criminosos já em 1946.

Documentos da CIA e das Forças Armadas norte-americanas confirmam que, após a Segunda Guerra Mundial, autoridades aliadas protegeram antigos nazistas e criminosos de guerras, caso provassem que poderiam ser úteis e cooperativos.

"Sem dúvidas, o advento da Guerra Fria outorgou à inteligência norte-americana novas funções, novas prioridades, e novos inimigos. Prestar contas com alemães ou com seus colaboradores se tornou menos urgente. Em alguns casos, isso se tornou até contraproducente", afirma o relatório divulgado na última sexta-feira (10/12) pelo Arquivo Nacional dos Estados Unidos.

"Apesar das variações, esses casos específicos apresentam um padrão: a questão de capturar e punir criminosos de guerra se tornou menos importante ao longo do tempo."

O relatório denominado Hitler's Shadow: Nazi War Criminals, US Intelligence and the Cold War (A sombra de Hitler: criminosos de guerra nazistas, inteligência dos EUA e a Guerra Fria), se baseia em informação considerada confidencial até 2005 e veio a público graças ao Ato de Divulgação de Crimes de Guerra Nazistas, um esforço de Washington com vista a uma posição mais crítica sobre seus próprios segredos.

O documento lança um olhar sobre uma série de antigos membros da SS e da Gestapo que escaparam da Justiça, com a tolerância dos Estados Unidos ou mesmo sua ajuda na fuga.

Rudolf Mildner, por exemplo, foi preso inicialmente em uma operação à procura de criminosos de guerra que pudessem levar a um movimento clandestino de resistência nazista.

As autoridades norte-americanas sabiam que Mildner havia pertencido à Gestapo durante muito tempo, mas nunca o pressionaram para saber mais detalhes sobre crimes da Gestapo contra judeus ou outros grupos. Capturado e interrogado em Viena, as autoridades norte-americanas o consideraram "muito confiável e cooperativo".

No entanto, um olhar mais detalhado sobre seu passado revelou que ele ordenara a execução de 500 a 600 poloneses no campo de extermínio de Auschwitz. Confrontado com as acusações, Mildner confessou e o relatório menciona que ele tentou racionalizar suas ações, defendendo que eram para "preservar a ordem e evitar sabotagem".

Posteriormente, países como a Polônia e o Reino Unido pediram a extradição de Mildner. Mas, de acordo com o relatório, "localizar e punir criminosos de guerra não estavam no topo das prioridades das Forças Armadas norte-americanas no final de 1946".

Acredita-se que autoridades dos EUA o protegeram da extradição e facilitaram até mesmo sua posterior fuga para a América do Sul, que se tornou um refúgio para muitos criminosos de guerra nazistas fugindo da Justiça.


 Husseini negou cooperar com nazistas

Planos de Hitler para Palestina pós-guerra

O material recentemente liberado também lança luz sobre os planos da Alemanha nazista no Oriente Médio, onde as lideranças do regime de Hitler estabeleceram estreitos laços com o Grande Mufti de Jerusalém, Amin Al-Husseini.

Husseini recebeu substancial apoio financeiro e logístico da Alemanha nazista, que pretendia usá-lo para o controle da Palestina, uma vez que a Alemanha tivesse derrotado o Reino Unido no Oriente Médio. Na época, Husseini e Berlim se uniram principalmente por verem nos judeus um inimigo comum.

Os arquivos da CIA e das Forças Armadas norte-americanas agora liberados definem que os Aliados sabiam o suficiente sobre o passado de Husseini para considerá-lo um criminoso de guerra. Temendo a perseguição, ele fugiu para a Suíça, onde as autoridades locais o entregaram à França.

Por temer agitação política na Palestina, o governo britânico foi contra levar Husseini a julgamento. Ele foi então morar na Síria e no Líbano, sempre refutando acusações de ter tido laços com a Alemanha nazista. Ele alegou que visitou Berlim somente para evitar a prisão pelos britânicos.

Ex-nazistas em serviços de espionagem ocidentais

No começo deste ano, a Alemanha liberou documentos da Stasi que mostravam em detalhes como o serviço de inteligência da antiga Alemanha Ocidental empregava antigos nazistas e criminosos de guerra em sua base de pessoal. O serviço de inteligência da antiga Alemanha Ocidental foi formado com a ajuda dos aliados.

Como o bloco soviético se tornou o inimigo comum após 1945, diversos historiadores afirmaram que autoridades aliadas aceitaram amplamente que ex-nazistas escapassem da Justiça, caso suas habilidades se provassem úteis para as novas frentes da Guerra Fria.

Autor: Andreas Illmer (ca)
Revisão: Roselaine Wandscheer

D.W.

Descobertos 23 novos sítios arquelógicos em Santarém - Pará

Pesquisadores detectam 23 novos sítios arqueológicos em Santarém, no PA
Locais ficam nos arredores da cidades e ainda não foram escavados.
Mesma equipe estuda maior sítio urbano na região do Tapajós.

Arqueólogos que estudam a região de Santarém anunciaram nesta semana, durante o 1º Simpósio de Arqueologia na Faculdade de Ciências e Letras da Unesp em Araraquara, no interior de São Paulo, a descoberta de 23 novos sítios arqueológicos ainda não explorados nos arredores da cidade paraense.

A detecção dos novos sítios foi realizada por meio do projeto "Análise das Socio-cosmologias Amazônicas Pré-Coloniais", financiado pela Fapesp e coordenado pela arqueóloga Denise Maria Cavalcante Gomes, que escava outros sítios na região desde 2006.

"Eu havia detectado 7 sítios em 2008 e agora surgiram mais 23", diz ela. "Na Amazônia, dois indicadores fortes para a identificação de sítios são a presença de terra preta e a de cerâmicas Às vezes é possível ver a intervenção na superfície, sem necessidade de escavações."

Foto: Denise Gomes/ Arquivo Pessoal

Em expedição no mato, arqueólogos buscam novos sítos para pesquisa. (Foto: Denise Gomes/ Arquivo Pessoal) 

Ainda não explorados, os novos sítios arqueológicos estão localizados em um quadrilátero de 20 por 25 quilômetros entre Santarém e Belterram, município vizinho. O grupo de pesquisadores liderados por Denise deverá escolher cerca de 4 sítios para estudar mais a fundo nos próximos meses.

O trabalho na região começou em 2006 com a pesquisa do sítio Aldeia, considerado um dos maiores sítios arqueológicos da Amazônia e o maior da região do Tapajós. Sua principal característica é que ele fica em área urbana e corta ao menos 2 bairros de Santarém.

Foto: Denise Gomes/ Arquivo Pessoal

No sítio Aldeia, pesquisadores escavam em quintais de moradores e fundos de estabelecimentos comerciais. (Foto: Denise Gomes/ Arquivo Pessoal)

Por conta disso, os pesquisadores têm de escavar em quintais de moradores, fundos de estabelecimentos comerciais e jardins. "Ele tem 2 quilômetros de comprimento por 700 metros de largura. Mas acho que pode ser maior ainda", diz Denise. "Os resultados mostram que o sítio teve ocupação contínua, até por grupos anteriores aos tapajós". As populações mais antigas teriam vivido na região por volta de 3 mil anos atrás, segundo ela.

 

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Bélgica: um país sem futuro caminhado rumo ao seu fim

Terra

O líder dos separaristas flamencos, Bart De Wever, estimou que a Bélgica é uma "nação falida", que "não tem futuro", segundo entrevista publicada nesta segunda-feira na revista alemã Der Spiegel.
"O Estado belga não tem, a longo prazo, nenhum futuro", disse o chefe do primeiro partido da Bélgica, país que está sem governo há seis meses.
"Se fosse possível realizar as reformas necessárias no âmbito do Estado belga, não me oporia. Mas não é possível. Os valões e, sobretudo, os socialistas como partido mais forte, bloqueiam todas as reformas sensatas. É por isso que digo: a Bélgica não funciona mais! A Bélgica é uma nação em quebra", justificou o presidente da Nova Aliança Flamenca (N-VA).
Segundo De Wever, a introdução do euro facilita enormemente uma divisão da Bélgica.
"Antes, achava que a supressão do franco belga tivesse levado a uma catástrofe econômica. Atualmente, as duas partes da Bélgica permaneceriam no euro", acrescentou.
De Wever criticou o papel político do rei Albert II, considerado um dos últimos nexos entre as duas comunidades porque "não pensa como nós" (os flamencos). "Para os valões é uma vantagem porque se sentem muito próximos dele", acrescentou.
"Muita gente tem uma visão romântica da monarquia, inclusive dentro da França republicana a presidência tem uma aparência monárquica. Mas a monarquia pertence ao antigo regime, pertence ao passado. Para mim, o rei não é importante", acrescentou.
Sobre as negociações em andamento para formar um novo governo na Bélgica, De Wever reafirmou que não tem a intenção de participar.
"Se entrarmos em um governo semelhante, corremos um grande risco de perder as próximas eleições. Fomos eleitos porque propomos reformas radicais", acrescentou.
As legislativas de 13 de junho consagraram a vitória do N-VA na parte flamenca e do Partido Socialista na parte francófona. Desde então, se negocia para formar um governo de coalizão.

WikiLeaks: No Brasil, dados são exclusividade de Folha e Globo

DO COMUNIQUE-SE


WikiLeaks: Dados são exclusividade da Folha e O Globo, mas site não interfere na publicação

Renan Justi

As informações vazadas pelo Wikileaks são repercutidas diariamente pela imprensa mundial, no entanto somente sete veículos possuem acesso exclusivo aos arquivos secretos. Entre eles estão os jornais Folha de S. Paulo e O Globo, responsáveis pela checagem e publicação de informações contidas em três mil documentos confidenciais que abordam o Brasil. Os jornais têm autonomia para escolher, dentre todos os dados, o que deve ou não ser publicado.
Além dos periódicos nacionais, a jornalista da revista Carta Capital Natalia Viana, uma das colaboradoras do site Wikileaks, também tem acesso aos telegramas. Quanto à imprensa, ela garante. "Tudo relativo ao Brasil está com a Folha e Globo", disse Natalia, em debate realizado na noite desta quarta-feira (15/12). Segundo a repórter, o jornal O Globo, por exemplo, montou uma equipe para apurar todos os documentos.
De acordo com ela, o Wikileaks não interfere nas publicações de Folha e Globo e cabe aos veículos escolherem o que deve ser divulgado. "O Wikileaks não irá julgar o tratamento dado pela Folha, cabe ao jornal decidir o que ele quer soltar". No mundo, a parceria entre o site de Julian Assange e a imprensa é formada por The New York Times (Estados Unidos), The Guardian (Reino Unido), Le Monde (França), El Pais (Espanha) e pela revista Der Spiegel (Alemanha).
Estima-se que todos os documentos, cerca de 250 mil, serão disponibilizados para os internautas em janeiro do ano que vem. No olho do furacão, como a própria Natalia Viana, define seu atual momento, ela diz que tem sofrido pressão de diversos veículos que estão em busca do furo de reportagem, mas que "pouca gente está olhando o material" disponível no site.
O que os documentos falam sobre o Brasil
Dona de um blog pela revista Carta Capital que aborda o assunto, Natalia disse que os documentos são muito saborosos de ler. "Contam a história inteirinha do governo Lula na visão da diplomacia americana", diz. Em um dos seus primeiros posts, os telegramas revelavam o que embaixadores dos EUA pensavam de Lula e sua cúpula de ministros, definindo Aloizio Mercadante, por exemplo, como "radical".

BRASIL E ESTADOS UNIDOS: MAIS RIVAIS QUE ALIADOS!

BRASIL E ESTADOS UNIDOS: MAIS RIVAIS QUE ALIADOS!

Trechos do artigo do professor de relações internacionais da Universidade Di Tella (Argentina), FABIÁN C. ALLE

1. Algo começa a mudar, nas relações entre os EUA e o Brasil, com o decorrer dois meses e dos acontecimentos mais recentes, como a derrota de Obama nas eleições e o efeito WikiLeaks. Isso irá confirmar um maior grau de cautela nas relações entre os EUA e o Brasil.

2. Esta nova percepção no âmbito de análise e decisão dos EUA tem como um de seus mais fortes reflexos o documento intitulado "Dilemas da Grande Estratégia Brasileira" do Instituto de Estudos Estratégicos do Exército daquele país e publicado há alguns meses. Nele, se conclui que a lógica presente e futura entre os dois países tende mais para a rivalidade do que para a aliança.

3. Nesta transição, houve a divulgação pelo WikiLeaks de milhares de informações de baixo, médio e médio-alto grau de segurança do Departamento de Estado sobre a relação com o Brasil. Exemplos: a suposta decisão do governo do Brasil de orientar a compra de aviões de combate da Europa e não dos Estados Unidos \ o conhecimento prévio que existiria no Brasil sobre a presença das FARC na Venezuela \ o comentário de um ministro brasileiro sobre uma forte atitude antiamericana por parte de Marco Aurélio Garcia e Samuel Pinheiro \ as supostas detenções por parte da polícia de suspeitos de terrorismo internacional e que não foram acusados formalmente \ e os pedidos informais a países árabes moderados e a empresários influentes para que usassem seus bons ofícios para evitar a presença do extremismo islâmico no Brasil.

4. A vitória de Dilma Rousseff nas eleições presidenciais não fez mais do que reforçar a ideia de que esta política exterior crescentemente ativa e desafiante está destinada a permanecer nos próximos anos. Esses processos deveriam ser uma realidade inescapável para os atuais e futuros tomadores de decisões em matéria de política externa e de defesa da Argentina. Mais ainda quando se revela o que parece ser, uma estabilização positiva da relação entre a Argentina e os EUA. Ponto de partida seriam os acordos específicos, como a não proliferação de armas e as tensões com o regime iraniano. A estratégia do Brasil de "cara a cara", terá um olhar atento de Washington.

FONTE: César Maia

Movimento PT: Mere Socialism

"MOVIMENTO PT" DO DEP. MARCO MAIA, FUTURO PRESIDENTE DA CÂMARA E A "BARBÁRIE CAPITALISTA"!
              
No programa do 'Movimento PT', o capítulo -Identidade- fala, entre outras coisas, sobre a 'barbárie capitalista'. Leia: "A defesa do socialismo. Não podemos admitir que o capitalismo seja o estágio supremo de evolução da humanidade. Isto seria uma capitulação inaceitável que também significaria o fim de um partido que se reivindica "dos trabalhadores", uma vez que o capitalismo é intrinsecamente o sistema da burguesia. É inegável que o projeto socialista, em sua primeira tentativa internacional, sofreu um grande revés, colocando os revolucionários de todo o mundo na defensiva. Isto não significa, entretanto, que a utopia socialista tenha morrido, pois isto significaria abandonar, definitivamente, o sonho de uma sociedade de iguais, justa e solidária e aceitar a barbárie capitalista como definitiva. Debater a questão do socialismo e suas múltiplas possibilidades e a questão da transição para este regime são tarefas de maior importância histórica e que o MPT não pode descurar em hipótese alguma."

Ex blog do César Maia

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Depois me aparece um sujeito, acadêmico (só se for do Tucuruvi...) me dizer que o PT é capitalista como qualquer partido de direita ou ainda um partido "Conservador" como falou o deputado pernambucano eleito por São Paulo, Roberto Freire em recentes entrevistas.

Drogas: da Argentina, Sul e Sudeste brasileiro para Moçambique

WIKILEAKS, DROGAS E UMA MÁ NOTÍCIA PARA SUDESTE-SUL DO BRASIL E ARGENTINA!
        
1. (Reuters - WikiLeaks): Moçambique tem se tornado um importante centro do narcotráfico na África, e autoridades de primeiro escalão recebem subornos para fazerem vista grossa, segundo documentos sigilosos dos EUA divulgados pelo site WikiLeaks. "O partido governista Frelimo não tem demonstrado uma séria vontade política de combater o narcotráfico", disse um documento secreto enviado em janeiro deste ano pela embaixada dos EUA, e divulgado pelo WikiLeaks. Oficialmente, o Departamento de Estado dos EUA alerta que Moçambique na costa leste da África é um ponto de passagem para drogas consumidas principalmente na Europa - haxixe, maconha, cocaína e heroína. A Interpol diz que traficantes cada vez mais recorrem ao país para levar drogas da América Latina para a Europa.
          
2. (Ex-Blog): O deslocamento do corredor de exportação de cocaína pela Guiné, para a Europa, levou a violência associada ao tráfico às cidades do nordeste, como este Ex-Blog já comentou. Com uma rota alternativa por Moçambique, esse corredor de exportação de cocaína voltará a se intensificar no sudeste e sul do Brasil e na Argentina, onde, aliás, os sinais já são claros. Uma ação conjunta dos dois países poderia inibir este corredor no nascedouro, antes que os números decrescentes de homicídios observados no sudeste e sul, depois do deslocamento do corredor para a África Ocidental, voltem a crescer em SP, RJ, PR, SC, RS via corredor de Moçambique.

DO EX BLOG DO CÉSAR MAIA

Eleições no Kosovo

Do Ex-blog do César Maia

KOSOVO: ELEIÇÕES DE DOMINGO! IMPASSES CONTINUAM!
        
1. O primeiro-ministro do Kosovo, Hashim Thaci, venceu  as primeiras eleições parlamentares desde que o país declarou a independência unilateral da Sérvia, há três anos.  PDK teve 33,5 por cento dos votos, seguido pelo ex-aliado LDK, com 23,6 por cento. O comparecimento foi de 47,8 por cento dos 1,6 milhão de eleitores, segundo a Comissão Eleitoral.  Thaci vai precisar do apoio de outros partidos para formar o governo. Parte da oposição denuncia fraudes.
        
2. Continua havendo um grande distanciamento entre a maioria étnica albanesa e a pequena minoria sérvia no Kosovo, mais de uma década após o conflito que culminou com o desligamento da então província sérvia do controle de Belgrado.  A Sérvia não reconhece a independência do Kosovo. Havia expectativas de que a maioria dos sérvios que vivem no território boicotasse as eleições, mas  o comparecimento foi satisfatório.   A taxa de desemprego é de 45% na região e, entre os jovens, o índice é ainda maior. Apesar de reconhecido por muitos países ocidentais, o Kosovo, com seus mais de dois milhões de habitantes, ainda não é membro das Nações Unidas.  A população sérvia estimada em 120 mil, vive em enclaves protegidos por tropas da OTAN, a maioria deles no norte do território, entre a dividida cidade de Mitrovica e a fronteira sérvia.

Uma história oculta do mal: os arquivos secretos soviéticos

Antes do artigo uma sugestão: Senhor Assange, pessoal do Wikileaks, olha aí um negócio legal pra vazar ? Que tal hein ?
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Claire Berlinski: City Journal, primavera de 2010
Tradução e links*: Dextra


Embora Mikhail Gorbatchev seja idolatrado no
Ocidente, os arquivos ainda não traduzidos sugerem
uma figura muito mais sombria
Na consciência coletiva do mundo, a palavra "nazista" é um sinônimo do mal. É amplamente reconhecido que a ideologia dos nazistas - nacionalismo, anti-semitismo, o estado autárquico, o conceito do Führer - levou diretamente aos fornos de Auschwitz. Não se reconheceu tão bem, nem de longe, que o comunismo levou, de forma igualmente inexorável, em todas as partes do globo onde foi aplicado, a fome, tortura e campos de trabalho escravo. E nem é amplamente reconhecido que o comunismo foi responsável pela morte de uns 150 milhões de seres humanos durante o século 20. O mundo permanece inexplicavelmente indiferente e desinteressado a respeito da mais mortífera ideologia na história da humanidade.
Como prova desta indiferença, considere os arquivos soviéticos, que ninguém leu. Pavel Stroilov, um russo exilado em Londres, tem em seu computador 50 000 documentos super-secretos do Kremlin, ainda não traduzidos nem publicados, a maioria datando do final da Guerra Fria. Ele os roubou em 2003 e fugiu da Rússia. Muitos ainda se lembram de um tempo em que eles teriam valido milhões para a CIA; eles certamente contam uma história do comunismo e seu colapso que o mundo precisa conhecer. E no entanto, ele não consegue encontrar ninguém que os recolha a uma biblioteca de reputação, publique-os ou financie sua tradução. Na verdade, ele não consegue encontrar  ninguém que se tenha lá muito interesse neles.
E há o dissidente soviético Vladimir Bukovsky, que já passou 12 anos nas prisões, campos de trabalho e psikhushkas - hospitais psiquiátricos políticos - da URSS, após ser condenado por reproduzir literatura anti-soviéticaTambém ele posui uma enorme coleção de documentos roubados e contrabandeados dos arquivos do Comitê Central do Partido Comunista, os quais, como diz ele, "contêm as origens e os fins de todas as tragédias de nosso século sangrento." Estes documentos estão disponíveis online em bukovsky-archives.net*, mas a maioria não está traduzida. Eles estão desorganizados; não há sumários; não há um mecanismo de busca ou um índice. "Eu os ofereço de graça para os mais influentes jornais e periódicos do mundo, mas ninguém quer publicá-los," diz Bukovsky. "Os editores dão de ombros com indiferença: E daí? Quem liga para isso?"

Os originais da maioria dos documentos de Stroilov continuam nos arquivos do Kremlin, onde, como a maior parte dos documentos super-secretos do período pós-Stálin da União Soviética, eles continuam vetados ao público. Eles incluem, diz Stroilov, transcrições de quase todas as conversas entre Gorbachev e seus homólogos estrangeiros - centenas deles: um registro diplomático quase completo de uma era e que não está disponível em nenhum outro lugar. Há observações do Politburo anotadas por Georgy Shakhazarov, um assessor de Gorbachev, e pelo membro do Politburo Vadim Medvedev. Há o diário de Anatoly Chernyaev — o principal assessor de Gorbachev e vice-líder do órgão conhecido antigamente como o Comintern — o qual vai de 1972 até a queda do regime. Há relatórios dos anos 60 da autoria de Vadim Zagladin, vice-líder do Departamento Internacional do Comitê Central até 1987 e consultor de Gorbachev até 1991. Zagladin era tanto diplomata quanto espião, encarregado de coletar informações secretas, espalhar desinformação e promover a influência soviética. 
Quando Gorbachev e seus assessores foram removidos do Kremlin, eles levaram consigo cópias não-autorizadas destes documentos. Os documentos foram escaneados e arquivados nos arquivos da Fundação Gorbachev, um dos primeiros think tanks da Rússia moderna, onde um punhado de pesquisadores simpáticos e selecionados tiveram acesso limitado a eles. Então, em 1999, a fundação abriu uma pequena parte do arquivo a pesquisadores independentes, incluindo Stroilov. As partes centrais da coleção permaneceram restritas; os documentos só podiam ser copiados com a autorização por escrito do autor e Gorbachev recusava-se a autorizar quaisquer cópias que fossem. Mas havia uma falha na segurança da fundação, como Stroilov explicou para mim. Quando havia algo de errado com os computadores, como frequentemente ocorria, ele conseguia ver o responsável pela área de informática digitar a senha que dava acesso à rede da fundação. Lentamente e em segredo, Stroilov copiou o arquivo e o enviou para locais seguros em várias partes do mundo.
Na primeira vez em que ouvi falar dos documentos de Stroilov, perguntei-me se não seriam falsificações. Mas em 2006, tendo avaliado os documentos com a cooperação de proeminentes dissidentes soviéticos e espiões da época da Guerra Fria, alguns juízes britânicos concluíram que podia-se acreditar em Stroilov e deram aval a seu pedido de asilo político. Desde então a própria Fundação Gorbatchev reconhece a autenticidade dos documentos.
A história de Bukovsky é semelhante. Em 1992, o governo do presidente Boris Yeltsin o convidou para testemunhar na Corte Constitucional da Rússia, em um caso envolvendo a a constitucionalidade do Partido Comunista. O Arquivo do Estado Russo concedeu a Bukovsky acesso a seus documentos, para ele preparar seu testemunho. Usando um scanner manual, ele copiou milhares de documentos e os contrabandeou para o Ocidente.
O Estado Russo não pode processar Stroilov nem Bukovsky por quebra de direitos autorais, já que o material foi produzido pelo Partido Comunista e pela União Soviética, nenhum dos quais existe mais. Entretanto, se tivesse permanecido na Rússia, Stroilov acredita que poderia ter sido assediado judicialmente por revelar segredos de estado ou por traição. O historiador militar Igor Sutyagin está agora cumprindo 15 anos de prisão em um campo de trabalhos forçados pelo crime de coletar recortes de jornal e outros materiais de fontes abertas e mandá-los para uma empresa de consultoria britânica. O perigo que Stroilov e Bukovsky enfrentaram foi real e sério; eles supuseram - ao menos é o que se imagina - que o mundo daria atenção àquilo pelo qual eles tinham arriscado tanto para conseguir.
Stroilov afirma que seus documentos "contam uma história completamente diferente sobre o fim da Guerra Fria. A visão 'geralmente aceita' da história daquele período consiste quase que inteiramente em mitos. Estes documentos são capazes de destruir cada um destes mitos." Será? Eu não saberia dizer. Eu não leio russo. Dos documentos de Stroilov, eu só vi os poucos que foram traduzidos para o inglês. Certamente, eles não devem ser tomados por seu valor de face; eles foram, afinal de contas, escitos por comunistas. Mas a possibilidade de que Stroilov esteja correto certamente deveria causar grande curiosidade.
Os documentos, por exemplo, apresentam uma imagem muito mais sombria de Gorbachev do que a que se criou dele. Em um documento, ele ri com o Politburo da derrubada do vôo 007 da Korean Airlines pela URSS, em 1983 - um crime não só monstruoso, mas que pôs o mundo muito perto de um Armagedon nuclear. Estes minutos de uma entrevista com no Politburo, em 4 de outubro de 1989, são igualmente perturbadores:
Lukyanov informa que o número verdadeiro de vítimas na Praça da Paz Celestial foi de 3000 pessoas.

Gorbachev: Temos que ser realistas. Eles, como nós, precisam se defender. Três mil... E daí? 
E uma transcrição de uma conversa de Gorbachev com Hans-Jochen, líder do Partido Social-Democrata da Alemanha Ocidental, mostra Gorbachev defendendo as tropas russas no massacre de manifestantes pacíficos em Tiblisi, em 9 de abril de 1989.
Os documentos de Stroilov também contêm transcrições das discussões de Gorbachev com muitos líderes do Oriente Médio. Elas sugerem interessantes ligações entre a política soviética e tendências atuais da política externa russa. Eis aqui um trecho de uma conversa que está registrada como tendo ocorrido com o presidente sírio Hafez al-Assad, em 28 de abril de 1990:
H. ASSAD. Para pôr pressão sobre Israel, Bagdá teria que se aproximar de Damasco, porque o Iraque não tem fronteiras comuns com Israel... 
M. S. GORBACHEV. Eu também acho...

H. ASSAD. A postura de Israel é diferente, porque a própria religião judaica afirma: a terra de Israel se expande do Nilo ao Eufrates e o seu retorno é uma predestinação divina. 
M. S. GORBACHEV. Mas isto é racismo, cobinado com Messianismo! 
H. ASSAD. Este é o tipo mais perigoso de racismo. 
Não é preciso ser um sonhador para se perguntar se estas discussões podem ser relevantes para nossa compreensão da atual política Russa para uma região de permanente importância estratégica.
Há outros aspectos sob os quais a história que os documentos de Stroilov e Bukovsky contam não acabou. Eles sugerem, por exemplo, que os arquitetos do projeto da integração européia, bem como muitos dos líderes de alto escalão da União Européia, estavam inquietantemente próximos da URSS. Isto levanta questões importantes sobre a natureza da Europa atual - questões que podem ser colocadas, quando os americanos consideram a Europa como um modelo de política social ou quando eles buscam a cooperação diplomática européia em assuntos centrais de segurança nacional.
De acordo com os relatos de Zagladin, por exemplo, Kenneth Coates, que de 1989 a 1998 foi um representante britânico no Parlamento Europeu, procurou Zagladin em 9 de janeiro de 1990 para discutir que constituia uma verdadeira fusão gradual do Parlamento Europeu com o Soviet Supremo. Coates, diz Zagladin, explicou que "a criação de uma infraestrutura de cooperação entre os dois parlamento(s) ajudaria a isolar os direitistas no Parlamento Europeu (e na Europa), aqueles que estão interessados na queda da URSS." Coates trabalhou como presidente do Subcomitê de Direitos Humanos do Parlamento Europeu, de 1992 a 1994. Como é que a Europa pode ter recebido conselhos de um homem que aparentemente desejava "isolar" os interessados na queda da URSS e procurou extender a influência soviética sobre a Europa?
Ou considere um relato sobre Francisco Fernández Ordóñez, que liderou a integração da Espanha à Comunidade Européia, enquanto era ministro do exterior. Em março de 1989, de acordo com estes documentos, ele explicou a Gorbachev que "o sucesso da perestroika significa só uma coisa — o sucesso da revolução socialista em condições atuais." Dezoito meses depois, Ordóñez disse a Gorbachev: "Eu sinto um nojo intelectual quando eu tenho que ler, por exemplo, trechos de documentos do 'G7' em que os problemas da democracia, da liberdade da personalidade humana e a ideologia da economia de mercado são colocados no mesmo nível. Como socialista, eu não posso aceitar umaa tal equação." O mais chocante talvez seja que a imprensa da Europa Oriental relatou que os documentos de Stroilov sugerem que [o presisente socialista francês] François Mitterran fez manobras juntamente com Gorbachev para assegurar que a Alemanha se unificaria como uma entidade socialista e neutra, sob um condomínio Franco-Soviético.
Os registros de Zagladin também observam que o ex-líder do Partido Trabalhista Britânico, Neil Kinnock, contatou Gorbachev - sem autorização, enquanto era líder da oposição - através de um emissário secreto, para discutir a possibilidade de freiar o programa Trident de mísseis nucleares do Reino Unido. O registro do encontro de alguns minutos entre Gorbachev e o emissário, o deputado Stuart Holland, é o seguinte:
Na opinião [de Holland], a União Soviética deveria estar muito interessada na liquidação dos 'Tridents', porque, além de outras coisas, o Ocidente - quer dizer, os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a França - teriam uma séria vantagem sobre a União Soviética, depois que o tratado START estivesse completo. Será preciso eliminar esta vantagem... Ao mesmo tempo, Holland observou que, é claro, nós podemos pensar seriamente sobre a realização desta idéia se o Partido Trabalhista chegar ao poder. Ele disse que Thatcher... nunca concordaria com nenhuma redução do armamento nuclear.

Kinnock foi vice-presidente da Comissão Européia de 1999 a 2004 e sua esposa, Glenys, agora é a ministra da Grã-Bretanha para a Europa. Gerald Batten, membro do Partido da Independência do Reino Unido, comentou sobre a relevância do episódio: "Se o relato passado ao Sr. Gorbachev for verdadeiro, isto significa que Lord Kinnock procurou um dos inimigos da Grã-Bretanha a fim de buscar aprovação em relação à política de defesa de seu partido e, se ele tivesse sido eleito, da política de defesa da Grã-Bretanha," disse Batten ao Parlamento Europeu, em 1999. "Se este relato for verdadeiro, então Lord Kinnock seria culpado de traição."
Um caso semelhante é o da Baronesa Catherine Ashton, que agora é ministra do exterior da União Européia e foi tesoureira da Campanha da Grã-Bretanha pelo Desarmamento Nuclear entre 1980 e 1982. Os documentos oferecem provas de que esta organização recebeu "fundos não-identificados" da União Soviética durante os anos 80. Os documentos de Stroilov também sugerem que o governo do atual comissário espanhol da União Eruopéia para assuntos monetários, Joaquín Almunia, apoiou entusiasticamente o projeto soviético de unificar a Europa e a Alemanha em um "lar comum europeu" socialista e se opôs fortemente à independência dos estados bálticos e da Ucrânia.
Talvez você não se surpreenda ao ler que proeminentes políticos europeus tinham estas opiniões. Mas por que isto? É impossível imaginar que figuras que tivessem tido ligações tão estreitas com o Partido Nazista - ou que seja com a Ku Klux Klanou com o regime do apartheid Sul-Afrinca — estariam nas posições mais elevadas na Europa de hoje. As regras são diferentes, aparentemente, para os companheiros de viagem comunistas. "Nós temos hoje um partido socialista não-eleito administrando a Europa", Stroilov me disse. "Aposto que nem a KGB consegue acreditar."
E o que dizer da descrição de Zagladin de suas transações com nosso próprio vice-presidente atual em 1979?
De forma não-oficial, (o senador Joseph) Biden e o (senador Richard) Lugar diseram que, no final das contas, eles não estavam muito preocupados em resolver os problemas deste ou daquele cidadão tanto quanto estavam em mostrar ao público americano que eles de fato se importam com os "direitos humanos."... Em outras palavras, os interlocutores admitiram diretamente que o que está acontecendo é uma espécie de espetáculo, que eles não se importam em absoluto com o destino da maioria dos assim chamados dissidentes.

Espantosamente, o mundo mostrou muito pouco interesse pelos arquivos soviéticos, que ninguém leu. Este parágrafo sobre Biden é um bom exemplo. Stroilov e Bukovsky foram co-autores de um artigo sobre ele na revista online FrontPage de 10 de outubro de 2008; passou despercebido. Os americanos consideraram o episódio tão desinteressante nem os oponentes políticos de Biden tenteram transformá-lo em capital político. Imagine, se puder, o que deve ser ter passado os melhores anos de sua vida em um hospital psiquiátrico soviético só para depois saber que Joe Biden agora é vice-presidente dos Estados Unidos e que todo mundo está se lixando.
O livro de Bukovsky sobre a história que estes documentos contam, Jugement à Moscou,  foi publicado em francês, russo e umas poucas outras línguas eslavas, mas não em inglês. A Random House comprou o manuscrito e nas palavras de Bukovsky, tentou "me obrigar a reescrever o livro inteiro a partir da perspectiva política esquerdista liberal." Bukovsky respondeu que "devido a certas peculiaridades de minha biografia, eu sou alérgico à censura política." O contrato foi cancelado, o livro nunca foi publicado em inglês e nenhum outro editor mostrou interesse nele. Ninguém tampouco quis publicar UERSS, um panfleto de Stroilov e Bukovsky sobre as raízes soviéticas da integração européia. Em 2004, um minúsculo editor britânico publicou uma versão abreviada do panfleto e ele, também, passou despercebido.
Stroilov tem uma longa lista de queixas sobre jornalistas que inicialmente mostraram interesse nos documentos, apenas para dizer a ele depois que os editores tinham declarado que a história era insignificante. Às vésperas da visita de Gorbachev à Alemanha para a celebração dos 20 anos da queda do Muro de Berlim, diz Stroilov, ele ofereceu à imprensa alemã os documentos que mostravam Gorbachev de pouco lisonjeira. Ninguém quis. Na França, notícias sobre os documentos mostrando Miterrand e Gorbachev para transformar a Alemanha em um estado cliente socialista motivaram alguns rumores de curiosidade e nada mais. A vasta coleção de Bukovsky sobre o patrocínio soviético do terrorismo, palestino ou não, em sua ampla maioria ainda não foi publicado.

Stroilov diz que ele e Bukovsky procuraram Jonathan Brent,  da Yale University Press, que possui um importante projeto ediorial sobre a história da Guerra Fria. Ele afirma que a princípio Brent ficou entusiasmado e pediu a ele que escrevesse um livro, baseado nos documentos, sobre a primeira Guerra do Golfo. Stroilov diz que escreveu os seis primeiros capítulos, despachou eles e nunca mais teve notícias de Brent, apesar de lhe mandar e-mail em cima de e-mail. "Eu só posso especular a respeito do que tanto o apavorou naquele livro," Stroilov me diz.
Eu também perguntei a Brent e não recebi resposta. Isto não quer dizer nada; as pessoas são ocupadas. Eu estou menos inclinado a acreditar em tentativas complexas de suprimir a verdade do que a crer em indiferença e em preocupações com outras coisas. Stroilov vê nestes eventos "um tipo de tabu, o vago princípio de que no sistema é melhor deixar deitados os cachorros adormecidos, não jogar pedras em um telhado de vidro e não falar de corda em casa de enforcado." Eu suspeito que seja algo ainda mais perturbador: ninguém liga mesmo.
"Eu sei que vai chegar o momento," diz Stroilov, "em que o mundo vai ter que olhar estes documentos com muito cuidado. Simplesmente não podemos escapar disto. Não podemos seguir adiante enquanto não encararmos o que aconteceu no século 20. Mesmo agora, não importa o quanto tentemos ignorar a história, todas estas questões volta e meia retornam." 
As questões volta e meia retornam, é verdade, mas poucos se lembram que eles já foram questionados e poucos se lembram como era a  resposta. Ninguém fala muito sobre as vítimas do comunismo. Ninguém constrói memoriais às multidões assassinadas pelo Estado Soviético. (Em seu livro amplamente ignorado, A Century of Violence in Soviet Russia [Um século de violência na Rússia soviética], Alexander Yakovlev, o arquiteto da perestroika sob Gorbachev, coloca o número entre 30 e 35 milhões.)
De fato, muitos subscrevem os princípios essenciais da ideologia comunista. Políticos, acadêmicos, estudantes, até o taxista ocasional que é autodidata ainda se opõe à propriedade privada. Muitos continuam encantados com as idéias de planejamento econômico central. Stálin, de acordo com as pesquisas de opinião, é uma das figuras históricas mais populares na Rússia. Um número nada desprezível de jovens em Istambul, onde eu vivo, se descreve orgulhosamente como comunista; eu conheci pessoas assim no mundo inteiro, de Seattle a Calcutá. 
Nós insistimos acertadamente na total desnazificação; nós denunciamos violentamente os que agora tentam reviver a ideologia dos nazistas. Mas o mundo demonstra um perigoso fracasso em reconhecer a história monstruosa do comunismo. Estes documentos deveriam ser traduzidos. Eles deveriam ser recolhidos a uma biblioteca e cuidadosamente avaliados por estudiosos. Sobretudo, eles deveriam ser bem conhecidos por um público que parece ter se esquecido do que foi a União Soviética. Se eles contêm o que Stroilov e Bukovsky dizem - e todas as evidências sugerem que sim -, esta é a obrigação de qualquer um que se importe um mínimo com a história, a política externa e os muitos e muitos milhões de mortos.
Claire Berlinski, uma das editoras do City Journal, é uma jornalista americana que vive em Istambul. Ela é autora de : There Is No Alternative: Why Margaret Thatcher Matters [Não há escolha: porque Margareth Thatcher é importante].

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Porta-aviões não são opção para a Marinha Russa na próxima década

BLOG DO VINNNA
Em declarações à imprensa, oficiais da marinha da Rússia reconheceram que o país não tem dinheiro para por a flutuar a grandiosa marinha com vários porta-aviões que os planos anteriormente anunciados apresentavam como provável.
Nas actuais circunstâncias durante a década de 2011 a 2020 não será construído seguramente nenhum porta-aviões, confirmou à agência noticiosa russa Interfax uma fonte não identificada.
Segundo a mesma fonte, a marinha russa tem dinheiro para projectar os navios, mas não tem os recursos para construi-los.

A possibilidade de começar a desenhar porta-aviões está além disso condicionada pelos desenhos e projectos de navios mais modernos que a marinha russa precisa para poder ter alguma capacidade operacional no futuro.

A dura realidade dos números

A realidade da marinha da Federação Russa está condicionada por dois factores. Por um lado a necessidade de dinheiro e por outro a dimensão territorial da Rússia, que leva a que o país tenha que possuir quatro frotas distintas.

Com o fim da guerra fria, em que num ambiente de guerra atómica generalizada, a arma nuclear poderia ser utilizada como último recurso, os grandes navios de superfície que baseavam o seu poder em mísseis nucleares, tornara-se gigantescos elefantes brancos e uma realidade nova veio demonstrar as enormes deficiências da marinha da Russia.
Utilizada em grande medida como meio de demonstração de prestigio - com grandes unidades navais inúteis para a guerra moderna – a marinha da Russia é secundária em todos os cenários em que está presente.
No Mar Negro as forças convencionais russas teriam dificuldade em defrontar a marinha da Turquia que além disso tem capacidade para encerrar os russos naquele mar. No Mar Báltico, o mesmo problema se levanta, pois os países da NATO podem encerrar a frota russa com grande facilidade. A Polónia por exemplo está a investir fortemente em mísseis anti-navio com base em terra, que permitem atingir qualquer navio que navegue entre a Polónia e a Suécia.

A frota do Mar do Norte enfrenta o poder das marinhas dos Estados Unidos, Grã Bretanha e Noruega, todas elas possuidoras de navios de guerra tecnologicamente muito mais avançados que qualquer navio russo.
No oriente, ainda que com o mar aberto, a Rússia encontra-se na presença da muito mais sofisticada (e claramente mais numerosa) marinha japonesa e perante o poder crescente da marinha chinesa. Presentemente, a frota russa do Pacífico está atrás até da frota da própria Coreia do Sul.

Força de segunda linha em todo o lado

Porque não consegue concentrar todos os seus navios, a marinha russa encontra-se perante o seu dilema de sempre, que é o de se ver forçada a uma posição secundária em todos os cenários onde opera. As dificuldades financeiras crescentes, tornam impossível à marinha russa conseguir dispor de uma força equilibrada em qualquer dos cenários.
O resultado, é que os custos de possuir uma força naval poderosa são de tal forma elevados que os políticos acabam por dar menos importância à marinha.

BRIC e a comparação com o Brasil

A situação futura das forças navais russas, pode ser comparada com o país mais próximo entre os parceiros «BRIC»[1].
O Brasil tem uma população de 200 milhões contra 140 milhões da Rússia. O Brasil tem um PIB de 1,574 bilhões contra um PIB russo de 1,232 bilhões [2].
A economia brasileira é portanto 27,8% maior que a economia russa.
Os custos da mão de obra na Rússia são mais caros que no Brasil, embora a percentagem de pessoas com formação superior seja bastante superior.

O Brasil, tem por isso bastante mais dinheiro para gastar que a Russia, sendo que os planos militares brasileiros são muito mais modestos que os russos.
Os analistas mais conservadores apontam a análise das diferenças entre a economia russa e a economia brasileira, como forma de estabelecer uma linha de separação entre a realidade económica e os planos baseados em desejos dos militares russos.

Em Abril de 2008, a imprensa internacional noticiou que a marinha russa pretendia construir cinco ou seis porta-aviões.

Perante esta situação, ganha mais credibilidade a tese de que a actual administração russa pretende criar uma marinha de dimensão muito menor, reduzindo a sua presença em alguns cenários.
Uma ligação entre a Rússia e os países europeus da Aliança Atlântica, permitiria aos russos dispor de uma força mais poderosa no Pacífico.
Fonte: Area Militar

[1] – Brazil – Russia – India – China : Designação dada a algumas das economias emergentes de maiores dimensões.
[2] – Preços reais considerando a taxa de câmbio, normalmente mais adequado para comparar aquisições militares. O PIB segundo o método PPP, resuylta em valores superiores, mas estes valores são condicionados pelos preços de produtos de primeira necessidade. Este tipo de análise não faz sentido quando se comparam compras militares.
"

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Colombo Judeu?

Dica do colega Hélio Lombardo


Bem, é uma possibilidade...

A assinatura cabalística do judeu sefaradi Cristóvão Colombo

Posted by Jorge Magalhães


10/14/2007

A assinatura cabalística do
judeu sefaradi Cristóvão Colombo Jane Bichmacher de Glasman, escritora,
doutora em Língua Hebraica, Literaturas e Cultura Judaica.
Foi uma das fundadoras e coordenou o Setor de Hebraico
da UERJ e o Programa de Estudos Judaicos da UERJ Em
12 de outubro de 1492 a América foi descoberta pelo genovês Cristóvão
Colombo. A frase, ponta da língua desde a nossa infância, pode ser uma
sucessão de erros. Pesquisas recentes revelam que o continente americano
já havia recebido visitantes (de fenícios a chineses), que Colombo não
era italiano... e que sequer seu nome era esse! O ano de 1492 é divisor
de águas na história em geral e na judaica, em particular. A ida às
Américas "coincide" com a expulsão dos judeus da Espanha. A polêmica
começa na proximidade das datas destes dois eventos muito relevantes
(sua frota zarpou dois dias após o prazo estabelecido pelos monarcas
para os judeus abandonarem o reino). A discussão esquenta com o
historiador Mascarenhas Barreto, em "O Português Cristóvão Colombo,
Agente Secreto do Rei Dom João II", afirmando que o descobridor era
português e judeu. Colombo conhecia as línguas clássicas (mantinha um
diário em latim e outro em grego) e o hebraico; não escrevia italiano,
mas um "portunhol". Dominava o Antigo Testamento, além de escrever em um
estilo bíblico. Um cristão
da sua época, não teria este conhecimento específico. Em uma de suas
cartas ele ainda escrevia as iniciais de Baruch Hashem, B''H (como eu
mesma faço em todos os meus escritos, devido à minha formação
religiosa). Colombo conhecia o hebraico; dominava o Antigo Testamento,
além de escrever em um estilo bíblico. Em uma de suas
cartas ele ainda escrevia as iniciais de Baruch Hashem, B''H Vivia
em meios judaicos, tinha muitos amigos e mestres judeus. A navegação
era ensinada em academias judaicas, e os primeiros navegadores foram
judeus e árabes. A viagem de Colombo foi patrocinada por judeus - e não
pelo ouro dos monarcas, como se diz. Sabe-se que com Colombo viajaram
muitos cristãos novos. Segundo Oscar Villar Serrano no livro "Cristóbal
Colón: el secreto mejor guardado" na correspondência que mantiveram
Colombo e seu filho Fernando há muitas provas de sua origem. As cartas
eram fechadas com letras em hebraico e as despedidas, uma benção
judaica. Recomendava ao filho que diante das pessoas se comportasse como
mandava a lei canônica, "mas entre nós, temos que conservar nossos
costumes" (sic).
O irmão de Cristóvão Colombo foi queimado em
Valência em 1493 por ser judeu e, curiosamente, foi a própria Igreja que
propôs canonizar o descobridor pelo fato de ter cristianizado os
indígenas de América, mas desistiu ao saber que ele era judeu. Cristóvão
Colombo seria Salvador Fernandes Zarco, que existiu de fato, nobre
ilegítimo natural da vila alentejana de Cuba em Portugal, neto de João
Gonçalves Zarco, navegador português de ascendência judaica - o que
justifica os nomes com que ele batizou ilhas (São Salvador e Cuba).
Decifrando
a misteriosa assinatura críptica de 27 sinais com que Colombo sempre
escreveu seu nome, Barreto acredita ter desvendado a cabala judaica do
nome e da identidade do navegador. Para isso, o pesquisador utilizou o
método da leitura espelhada, na qual o ponto e a vírgula podem
significar, em espanhol antigo, Colon, e em hebraico, Zarco.
Cristóvão Colombo seria Salvador Fernandes Zarco,
neto de João Gonçalves Zarco, navegador português
de ascendência judaica. O irmão de Cristóvão Colombo
foi queimado em Valência em 1493 por ser judeu Colombo
é uma forma latinizada do seu apelido. Na sua assinatura hierática
lê-se Xpo ferens além de siglas que originaram interpretações variadas,
mais convencionais ou mais esotéricas. Colombo seria até um nome errado,
pois nas suas assinaturas aparece o símbolo ":" ("colon" em muitas
línguas, como o castelhano e o inglês), que justifica o seu nome em
castelhano: "Colón". Ele nunca assinou Colombo... Para Mascarenhas
Barreto a decifração em latim é: Fernandus, ensifer copiae Pacis Juliae,
illaqueatus cum Isabella Sciarra Camarae, mea soboles Cubae sunt que
significa: Fernando, duque de Beja e Isabel Sciarra da Câmara são os
meus pais de Cuba. A assinatura dele era contraditória, isto é, possuía
mensagens católicas, em latim e mensagens em hebraico, comenta José
Rodrigues dos Santos, autor de Codex 632.
Lemos S S A S X M Y e Cristóferens, Cristóvão em grego.
Podemos
ler como Sanctus Sanctus Sanctissimus Sanctus, e do meio para cima: XS =
Cristo; MAS= Messias; YS = Jesus. O que seria uma assinatura bem
católica normal. Podemos, todavia, ler uma assinatura hebraica
"escondida" na mesma: Shaday, Shaday, Adonay, Shaday Shemah (nome
/atributos de D'us e profissão da fé judaica). Também podemos ler XMY
como shemi= meu nome, em hebraico. Lendo-se da esquerda para direita,
como em hebraico, YMX = Ymax (lê-se imár) = seja apagado. YMX XMY= Ymach
Shemi= que meu nome seja apagado? Que nome? Lê-se na linha de baixo:
Xpoferens, que vem de Cristo e nenhum judeu se chama Cristo. Então ele
estaria renegando seu nome! E mais: usando o sistema de inversão XMY
torna-se XWY formando YXW = Yeshu, forma como os judeus chamavam Jesus
(para diferenciar do nome próprio Yeshua), Ymah Shmo Wezichró (que seja
apagado seu nome e sua memória). Desta forma, através de sua assinatura,
Colombo renega sua origem católica e revela sua origem judaica...
Publicado na Visão Judaica e Jornal Virtual Alef (Rio de
Janeiro-Brasil)

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Magal

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Intérprete de Libras surgiu nas igrejas cristãs

Revista "Leituras da História". Editora Scalla.
Desde os anos 1980, as Igrejas protestantes são o principal reduto de formação de intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). É de lá que também surgem os primeiros pesquisadores sobre o assunto e, principalmente, a consciência da importância da comunicação com surdos por meio de sinais. É o que constata César Augusto de Assis Silva, cientista social e autor da tese de doutorado Entre a deficiência e a cultura: Análise etnográfica de atividades missionárias com surdos, defendida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

Segundo o pesquisador, a igreja foi a primeira instituição a promover esse tipo de educação, já que instituições laicas não abrangiam atividades para pessoas com deficiência auditiva. "Os protestantes (luteranos e batistas) foram os que tiveram atuação mais forte no trabalho missionário utilizando a LIBRAS porque trataram os sinais como uma linguagem que devia ser levada a sério. A igreja católica, que foi a primeira a promover a educação de surdos, historicamente prezou mais o ensino da oralidade, apesar de atualmente também utilizar sinais", explica Assis Silva.

A partir desse pioneirismo das igrejas protestantes, surgiram os primeiros intérpretes e intelectuais dispostos a estudar a língua de sinais, que começaram a ocupar uma posição de grande relevância na relação entre surdos e não surdos, no movimento social, em instituições universitárias e no mercado. "Se uma pessoa com surdez quisesse reivindicar algo, falava com o intérprete, que fazia a tradução do que era dito. Essa foi uma das características que estimulou a atuação do intérprete como um profissional do mercado de trabalho", diz o cientista social.

Atividade missionária
Analisando documentos históricos, dicionários e matérias de evangelismo, visitando ambientes com pessoas cristãs (igrejas, congressos e acampamentos) e entrevistando fiéis, pastores, padres, ativistas políticos, linguistas, pedagogos e intérpretes, Assis Silva notou que as atividades de evangelização com surdos desempenhavam um papel missionário muito semelhante às atividades de missões que são realizadas quando membros da igreja viajam para outros locais, a fim de levar o evangelho a outras culturas e outros contextos. "É possível entender essa atitude como uma tentativa de inserção no mundo das pessoas com surdez também, adaptando-se ao contexto delas. Isso foi realizado, sobretudo, pelos batistas", conta o pesquisador.

Há uma terceira igreja cristã que também foi analisada pelo cientista social: as Testemunhas de Jeová. "Essa igreja fundou congregações específicas para surdos, onde todas as pessoas usam língua de sinais. Como a pregação também é feita dessa forma, não é necessária a atuação do intérprete, diferentemente de igrejas protestantes e da igreja católica", diz Assis Silva.

A partir dessas congregações, o pesquisador também notou que há sinais específicos, adaptados para cada instituição. "Entre as testemunhas de Jeová, por exemplo, não há sinais como alma ou inferno, porque isso não faz parte das crenças dessa instituição. Para essas palavras, são feitos os sinais que representam carne e sepultura, respectivamente". O cientista social diz que a palavra "cristão", nas três instituições estudadas, são feitas de forma diferente, retratando o católico, a testemunha de Jeová e o crente (forma como se autodenomina o protestante).

Português para surdos
Assis Silva diz que as reivindicações políticas, desde os anos 1990, são pela promoção da educação bilíngue para pessoas com surdez. "De acordo com esse modelo de educação, a primeira língua que os surdos aprendem é a LIBRAS. O português deve ser aprendido como segunda língua", explica.

O pesquisador conta que a mobilização pelo ensino e aprendizado da Língua Brasileira de Sinais está crescendo em todo o País. "Hoje há a cursos de graduação que formam tradutores e intérpretes em LIBRAS/português, bem como cursos de Letras LIBRAS. A conquista desse espaço é muito importante para a disseminação dessa língua e inclusão social de pessoas surdas", diz.

Segundo Assis Silva, essas transformações vêm no bojo do reconhecimento legal da LIBRAS, por meio da Lei Federal 10.436, de 24/04/2002, regulamentada pelo Decreto Federal 5626, de 22/12/2005. Como o pesquisador demonstra em sua tese, agentes religiosos foram fundamentais para a consolidação dessa normatização jurídica da surdez.